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terça-feira, 5 de abril de 2011

Domingo, Abril 03, 2011

A morte do ex-senador e ex-vice-presidente José Alencar está servindo de mote propagandístico ao PT e ao governo de Dilma Roussef. Não desmereçamos o sofrimento ou a morte de um homem. Alencar passou vários anos lutando contra o câncer e teve profunda determinação em viver. Não se pode tirar dele esse mérito. No entanto, não há cadáver que o PT não goste. Seja para chamar a atenção do público ou comovê-lo. Não foi assim com o caso dos 19 sem-terras assassinados em Eldorado dos Carajás? Não foi assim com o caso Celso Daniel, que foi assassinado por gente ligada ao próprio PT? O mais grotesco de tudo é que os petistas transformam a morte num ensaio de apelação às emoções do público, em vista de publicidade ou popularidade. Isso não passa de uma farsa.


Do ponto de vista estritamente político, José Alencar foi uma completa nulidade, um político que não cheirou, nem fedeu no governo de Lula. Pelo contrário, ele me lembra, com algumas adaptações, a figura de Hindemburg, com o agravante de não ter o menor cabedal do marechal alemão na sua época. Como se sabe, Hindemburg foi aliado de Hitler no Reichstag, quando este se tornou chanceler da Alemanha. Como presidente da república de Weimar, o marechal foi uma figura insignificante em vida. Os nazistas alardeavam suas virtudes de “herói” da primeira guerra mundial, ao mesmo tempo em que por baixo dos panos, chantageavam sua família, em particular seu filho, homem envolvido em tramóias e acusado de corrupção. Mesmo como “patriota”, o marechal era um homem relapso. Ele acatou alegremente a idéia comum, disseminada pelas elites militares alemãs, do mito da “punhalada pelas costas”, a de que a Alemanha não tinha perdido a guerra. A culpa pela derrota alemã se devia aos sociais-democratas e também, conforme diziam os nazistas, aos judeus. Quando Hindemburg morreu, Hitler prestou-lhe a mais completa reverência, explorando o significado do seu cadáver para as massas alemãs. Depois disso, foi completamente esquecido.


José Alencar, com certeza, não participou de uma guerra, não era marechal e não encarnaria jamais os sentimentos patrióticos e militaristas do povo alemão da primeira guerra mundial. Contudo, tampouco encarna os sentimentos ou aspirações dos brasileiros, embora personifique um dado real de nossa época e da psicologia dominante: a mediocridade, o lugar comum, a vulgaridade, o nonsense, exaltados como valores supremos. O ex-senador era uma figura morta politicamente antes de morrer. Por vaidade, por mania de grandeza ou para colocar seu nome na história, tornou-se o vice de Lula. A sua semelhança com Hindemburg não está na sua falsa aspiração de grandeza, mas justamente pela incipiência, pela sua completa falta de importância no cenário político nacional. Se há algo que José Alencar será lembrado na história do país (isto, se os professores e historiadores não adulterarem a história) é do papel de um vice apagado, no governo do mensalão, do aparelhamento do Estado-partido, da violação de sigilo bancário e fiscal alheio, da propaganda sistemática de mentiras, das tentativas de censura da imprensa, da chantagem generalizada contra a oposição e das suas ligações ideológicas com o terrorismo, o narcotráfico e os nascentes regimes totalitários na América Latina e no mundo islâmico. Na verdade, a choradeira em torno das cinzas de José Alencar é pura lágrima de crocodilo. A comoção fabricada pela imprensa, sob o dedo do governo, é puro charlatanismo, pura desinformação. A morte do “Hindemburg” brasileiro não comove quase ninguém, nem mesmo o PT.

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