A UPEC se propõe a ser uma voz firme e forte em defesa da ética na política e na vida nacional e em defesa da cidadania. Pretendemos levar a consciência de cidadania além dos limites do virtual, através de ações decisivas e responsáveis.


segunda-feira, 30 de março de 2009

COLIFORMES MENTAIS

Maria Lucia Victor Barbosa

28/03/2009
Dia 26 deste, durante entrevista coletiva que encerrou o encontro oficial de Lula da Silva com o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, o presidente brasileiro mais uma vez contaminou a platéia com seus coliformes mentais. Deitando falatório pelos cotovelos como se estivesse num daqueles comícios em que leva a mãe do PAC a tiracolo, ele sapecou diante da delegação inglesa a seguinte “preciosidade”, referindo-se à crise mundial: “É uma crise causada por comportamentos irracionais de gente branca de olhos azuis que antes da crise parecia que sabia tudo e agora demonstra não saber nada”.

Deixemos de condescendências. Não foi uma gafe, como se costuma dizer para atenuar os desastrados gracejos do presidente da República. Foi uma estupidez. Pior. Foi crime de racismo, coroado pela gabação xenófoba de que aquela gente branca, irracional, de olhos azuis são uns ignorantes que não sabem nada. Lula da Silva deve achar que só ele entende das coisas, como seu alter ego, Hugo Chávez, igualmente populista e chibante.

Questionado por um repórter britânico se sua declaração tinha viés ideológico, o presidente titubeou, engasgou e se saiu como mais uma idiotice: disse não conhecer nenhum banqueiro negro ou índio.

Acontece que existem banqueiros negros, como Stan O’Neil, ex-presidente do Merryll Lynch, um dos bancos norte-americanos que teve que ser vendido por causa das perdas bilionárias com as hipotecas subprime. E o negro Frank Raines, ex-presidente da Fannie Mae,instituição financeira que ajudou a desencadear o colapso de Wall Street.

Mas Lula da Silva sabe que ao associar raça e classe, como se todos os brancos de olhos azuis fossem capitalistas exploradores de negros e índios, joga bonito para platéia brasileira e mesmo latino-americana. Afinal, não somos todos de esquerda nessas plagas? Se formos temos que levar adiante a luta de classes como fiéis seguidores de Karl Marx. Mas nem esse chegou a tanto, pois teorizou sobre burguesia e proletariado e não sobre brancos de olhos azuis e negros de olhos escuros.

Vai assim Lula da Silva como porta-voz das garbosas esquerdas brasileiras fomentando ódio e preconceito. Em nome do PT ele veio para desagregar e não para agregar a nação. Como um Chacrinha de auditório propositalmente confunde a mente dos incautos que enxergam nele odefensor dos pobres e oprimidos, quer dizer, dos índios e negros, vítimas dos brancos irracionais de olhos azuis.

Diante desse despautério a impressão que se tem é que o presidente da República quer se portar como um Hitler subdesenvolvido ás avessas. Ele não gosta de gente branca de olhos azuis, como se existisse pureza racial. E se quis referir aos países desenvolvidos, especialmente aos Estados Unidos, esqueceu que no Brasil existe gente branca de olhos azuis. São descendentes dos europeus que para aqui vindo deram uma substancial colaboração para o progresso que o país hoje desfruta.

Além do mais, alguém conte para o presidente que brancos de olhos azuis, aqui, na Europa ou nos Estados Unidos, não são intrinsecamente maus ou ignorantes e nem sempre são ricos. No Brasil muitos se casaram com negras, com índias, e seus descendentes compõem nossa sociedade multirracial. Como resultado dessa miscigenação não temos um tipo racial específico.

O bestialógico de Lula da Silva deve ter soado no mínimo inusitado aos ouvidos dos ingleses. Mas o presidente deu mais vexame. Segundo o Estado de S. Paulo (27/03/2009) , ele “se expressou com pouca familiaridade sobre questões que estarão em debate no encontro decúpula do G-20, em Londres, no próximo dia 2”.

Naturalmente, nesse encontro, o presidente da República defenderá os pobres e oprimidos e clamará contra o protecionismo daquela gente branca de olhos azuis. Curiosamente, matéria do jornal citado dá conta de que o Brasil dobrou barreiras em 2008. Yes, nós somos fortemente protecionistas e nossos principais alvos foram a China, a Europa e os Estados Unidos.

Outra incoerência que se observa em nossa política externa diz respeito à generosidade de um presidente que, se por um lado defende negros e índios, por outro permite que seu governo, do qual é o principal responsável, se recuse no Conselho de Direitos Humanos daONU a aprovar resolução que condena duramente as “graves violações de direitos humanos na Coréia do Norte. As atrocidades cometidas na tirania comunista norte-coreana incluem a fome, a tortura e a perseguição política. Horrores que existem em Cuba, também vigorosamente apoiada por Lula da Silva e seu governo. O Itamaraty tampouco condena regimes acusados de violações graves como os do Sudão e do Congo. Mas endossa fortes críticas contra Israel.

Os coliformes mentais de Lula da Silva foram lançados para inglês ver, sendo que nesta enorme Sucupira em que vai se transformando o Brasil são tidos como lampejos de genialidade. Em todo caso, nossos brancos irracionais de olhos azuis que se cuidem. E se Lula cismar de mandá-los para aqueles chuveiros de onde não se volta?

Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.

domingo, 29 de março de 2009

O SENHOR ME OFENDEU!

“O Brasil idolatra algumas pessoas
porque não as conhece de perto.”

Marlene Mattos

Waldo Luís Viana*

O senhor, presidente, me ofendeu! Desculpe-me, mas tenho uma filha branca, loura e de olhos azuis. Eu, que sou filho de baiano com francesa, misto de Castro Alves com Catherine Deneuve (não necessariamente nesta ordem), sinto-me triste e magoado com a última metáfora do maior presidente da história deste país!

O senhor me ofendeu, presidente! Inteirado pela dupla caipira “Amorim e Garcia” de que pela extrema decadência que começa a aparecer no quadro interno, o seu governo só poderia se salvar pelo quadro externo, o senhor me vem com essa frase bombástica, típica de governantes totalitários, culpando um grupo de pessoas pelo tom da pele, a cor dos cabelos e beleza dos olhos, como se fosse proprietário e dilapidador da riqueza do planeta!

Presidente, como o senhor é primário, linear e complexado!

Os amantes das ditaduras, mesmo os eleitos diretamente, têm que encontrar culpados para os seus fracassos, especialmente desenhando um inimigo artificial no horizonte. São incansáveis os exemplos na história que nem vale a pena rever.

O senhor quer “um bode respiratório” para o desencanto, que lenta e suavemente, vem se apossando do povo brasileiro, enganado tantas vezes, mas que achava que do presidente-operá rio merecia melhor tratamento. E como os coelhos não saem mais com facilidade da cartola, não há bolsa-esmola, PAC de mentira e casinhas populares em véspera de eleição que deem jeito nos desconfiados que se avolumam – o senhor me sai com mais um de seus aparvalhados “pensamentos”...

O senhor já deu o que tinha que dar! Já encantou as “zelites”, em que hoje cospe, é malandro adivinhado, cujo arsenal de espertezas está no fim, porque o que existe pela frente é desemprego e recessão pelo caminho. O senhor preferiu a popularidade fácil às reformas estruturais e deu no que deu. Perdeu o bonde da história! Agora não tem mais dinheiro para nada e os plutocratas que o senhor ofendeu hão de lhe dar o troco, rapidamente.

Muitos outros, por outro lado, irão cobrar-lhe o jogo de palavras, em si. Mas isso é irrelevante, dado o enorme cipoal de batatadas com que Vossa Excelência já nos brindou, ao longo da sortuda vida de governante. No entanto, a sorte acabou e o que importa é o que se demonstra por baixo do palavrório chulo e insensato, produzido de propósito, como aduziram os jornais britânicos, para o despreparado público doméstico.

Aqui dentro, o senhor quer achar um culpado para a nossa crise! Não são os índios, os negros, os homossexuais, os portadores de necessidades especiais, os quilombolas, os estudantes, os adeptos de movimentos sociais; não são as ONGs, os idosos, os aposentados, os cotistas das universidades, os meninos de rua, os mendigos, os analfabetos funcionais ou os semi-mortos nas emergências dos hospitais – não!, são os brancos, os louros de olhos azuis que desestabilizam a Pátria-mãe multirracial!

Não é a tresloucada política econômica que o senhor nos impingiu, que agora explode por todos os diques, não é a “cumpanheirada” aboletada nos cargos e fundos de pensão, nem os banqueiros amigos, que agora estão sofrendo, coitados!, porque veem os lucros diminuindo, não são as empresas a despejar empregados na rua da amargura – não, os culpados são os outros, os de fora, aqueles em que o senhor não pode mandar, porque seus capitais especulativos não virão mais para cá e nossa elite está externalizando os próprios haveres, porque sabe muito bem o que vem por aí...

O senhor me ofendeu e ofendeu minha meiga menina! Ela não tem culpa de viver num país governado por um despreparado, que no final do governo sabe que não haverá retorno, que o estoque de mágicas terminou e o palhaço ficou só, no picadeiro. Resta chorar, porque o senhor provoca pena, o personagem alquebrado já encheu, como novela repetida e não adianta dividir para reinar, colocando branco contra negro, índio contra não-índio, empregado contra desempregado, proprietário contra sem-terra, militares contra anistiados – que esse jogo não pega mais, não esconde a falência dos gestos e a vacuidade do governante que não tem para onde ir, a não ser que, constrangido, efetue um golpe de força contra o arremedo de estado de direito e a falsa democracia, que ainda nos une.

O senhor não maneja a crise, é completamente manejado por ela! Não antecipou a constrição dos seus tentáculos e por conta do próprio orgulho e de imaginar que estava fazendo o melhor dos governos demorou demais a acordar! Agora Inês é morta e só faltava dizer que os assassinos eram brancos, louros e de olhos azuis. Um péssimo detetive nesses tempos exitosos de Polícia Federal!

No entanto, o senhor escolheu mal a acusação! Ofendeu-me e a milhares de brasileiros, descendentes de europeus, que misturaram o próprio sangue e as esperanças na epopéia de construir uma nação multiétnica e multirracial. Só o senhor discrimina, do alto de seus preconceitos arraigados e encardidos de homem complexado, que jamais se livrou de si mesmo!

O pior, presidente, é como o senhor fica, exibido em todas as esquinas! É tema de deboche nos bares! É diplomado na bazófia, no menoscabo, no que de pior pode haver num homem que veio de baixo: o senhor provoca vergonha nos pobres. E agora quer provocar raiva nos aparentemente ricos! Nunca neste país!

Sinto-me ofendido e acho que este povo, em clamor nacional, deveria enquadrá-lo no crime de racismo! O que o senhor disse é muito pior, para minha filha, do que chamá-la de loura burra ou branca azeda. Esses codinomes os brancos desse país já estão acostumados a ouvir.

O que não aguentamos é ver o chefe da Nação, solerte, do alto da própria ignorância triunfante, personalizar a culpa de uma crise que o senhor não quer sobre os ombros, como aliás nenhum dos mastodônticos crimes de corrupção que se refletiram sobre o seu governo!

O senhor ofende porque está em desespero! Ofende porque está no fim da estrada e a sorte sumiu! Mas não se esqueceu das próprias origens, do ressentimento e de encarnar o ato obsceno daquele personagem da piada, que já não se pode mais contar neste país: o senhor nos ofendeu e ainda está fazendo das suas, na saída...

____________
* Waldo Luís Viana é escritor, economista e poeta e pede desculpas aos seus pouquíssimos leitores por ter sido tão gentil...

Teresópolis, 27 de março de 2009.

CARTA AO STJ

EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO,

Vimos, com muito orgulho e entusiasmo, que ainda restam cidadãos que buscam a verdade e a justiça.

Temos acompanhado, com preocupação, o desenrolar dessa polêmica sobre a criação ou não de mais um campo de concentração para os índios a que dão o nome de “reserva indígena”. Esta, especialmente, porque, além de tudo, põe em risco a segurança nacional uma reserva contínua na fronteira, numa área em que as riquezas do subsolo despertam a ganância de outras nações.

Nossos índios, segregados em guetos gigantescos, ficam impedidos de se desenvolverem e de participarem da vida da nação. Por que negamos aos índios o direito à civilização? Esta é uma segregação odiosa. Por que não ouvimos o que diz Jonas Marcolino, da nação Macuxi? Ele provou que o índio é tão competente quanto qualquer outra pessoa e que quer participar da vida da nação, como cidadão igual a qualquer um.

Se a nossa Constituição assegura a igualdade de direitos e de deveres para todos os brasileiros, porque esta distinção entre índio e brasileiro? O Ministro Jobim disse que não existe índio brasileiro, existe brasileiro índio. Eu preferia que tivesse dito: existem apenas brasileiros. Todos são iguais perante a lei. Devemos dar aos índios o direito de se aculturarem, sem barreiras e sem guetos. Sem essas reservas ridículas que não passam de campos de concentração, que os mantém na Idade da Pedra, para o gáudio de alguns milhares de ONGs que exploram a região.

Parabéns, Ministro Marco Aurélio. Enfim um brasileiro de verdade fala em defesa deste país.

Que Deus o ilumine sempre.

Ester Jaqueline Azoubel

UMA OFENSA À NOSSA SOBERANIA

ANEXO D (DIRETRIZES DO CONSELHO MUNDIAL
DAS IGREJAS CRISTÃS ) AO ESTUDO N.º 001/1ª SC/89

WALTER HEINRICH RUDOLPH FRANK TRADUTOR PÚBLICO
JURAMENTADO E INTÉRPRETE COMERCIAL PORTUGUÊS - ALEMÃO
Rua Senador Feijó, n.º 20 - 1º andar conj. 002 telefone 124 5754
Tradução n.º 4.039 Livro XVI Fls. 01 Data 22.7.1987

CERTIFICO e dou fé, para os devidos fins, que me foi apresentado um documento em idioma ALEMÃO, que identifiquei como Exposição, cuja tradução para o vernáculo, é do seguinte teor:

CHRISTIAN CHURCH WORLD COUNCIL
Genebra, julho de 1.981 Exposição 03/81


DIRETRIZES BRASIL N.º 4 - ANO “0”

PARA: Organizações Sociais Missionárias no Brasil

1 - Como resultado dos congressos realizados neste e no ano passado, englobando 12 organismos científicos dedicados aos estudos das populações minoritárias do mundo, emitimos estas diretrizes, por delegação de poderes, com total unanimidade de votos menos um dos presentes ao "I Simposium Mundial sobre Divergências Interétnicas na América do Sul".

2 - São líderes deste movimento: a) Le Comité International de La Defense de l`Amazonie; b) Inter-American Indian Institute c) The International Ethnical Survival; d) The International Cultural Survival; e) Workgroup for Indinenous Affairs; f) The Berna-Geneve Ethnical Institute e este Conselho Coordenador.

3 - Foram contemplados com diretrizes específicas os seguintes países: Venezuela n.º 1, Colômbia n.º 2; Perú n.º 3; Brasil n.º 4, cabendo a Diretriz n.º 5 aos demais países da América do Sul.

DIRETRIZES

A - A AMAZÔNIA TOTAL, CUJA MAIOR ÁREA FICA NO BRASIL, MAS COMPREENDENDO TAMBÉM PARTE DOS TERRITÓRIOS VENEZUELANO, COLOMBIANO E PERUANO, É CONSIDERADA POR NÓS COMO UM PATRIMÔNIO DA HUMANIDADE. A POSSE DESSA IMENSA ÁREA PELOS PAÍSES MENCIONADOS É MERAMENTE CIRCUNSTANCIAL, NÃO SÓ DECISÃO DE TODOS OS ORGANISMOS PRESENTES AO SIMPÓSIO COMO TAMBÉM POR DECISÃO FILOSÓFICA DOS MAIS DE MIL MEMBROS QUE COMPÕEM OS DIVERSOS CONSELHOS DE DEFESA DOS ÍNDIOS E DO MEIO AMBIENTE.

B - É NOSSO DEVER: PREVENIR, IMPEDIR, LUTAR, INSISTIR, CONVENCER, ENFIM ESGOTAR TODOS OS RECURSOS QUE, DEVIDA OU INDEVIDAMENTE, POSSAM REDUNDAR NA DEFESA, NA SEGURANÇA, NA PRESERVAÇÃO DESSE IMENSO TERRITÓRIO E DOS SERES HUMANOS QUE O HABITAM E QUE SÃO PATRIMÔNIO DA HUMANIDADE E NÃO PATRIMÔNIO DOS PAÍSES CUJOS TERRITÓRIOS, PRETENSAMENTE, DIZEM LHES PERTENCER.

C - É nosso dever: impedir em qualquer caso a agressão contra toda a área amazônica, quando essa se caracterizar pela construção de estradas, campos de pouso, principalmente quando destinados a atividades de garimpo, barragens de qualquer tipo ou tamanho, obras de fronteiras civis ou militares, tais como quartéis, estradas, limpeza de faixas, campos de pouso militares e outros que signifiquem a tentativa ou do que a civilização chama de progresso.

D - É NOSSO DEVER MANTER A FLORESTA AMAZÔNICA E OS SERES QUE NELA VIVEM, COMO OS ÍNDIOS, OS ANIMAIS SILVESTRES E OS ELEMENTOS ECOLÓGICOS, NO ESTADO EM QUE A NATUREZA OS DEIXOU ANTES DA CHEGADA DOS EUROPEUS. PARA TANTO É NOSSO DEVER EVITAR A FORMAÇÃO DE PASTAGENS, FAZENDAS, PLANTAÇÕES E CULTURAS DE QUALQUER TIPO QUE POSSAM SER CONSIDERADAS COMO AGRESSÃO AO MEIO.

E - É NOSSO PRINCIPAL DEVER, PRESERVAR A UNIDADE DAS VÁRIAS NAÇÕES INDÍGENAS QUE VIVEM NO TERRITÓRIO AMAZÔNICO, PROVAVELMENTE HÁ MILÊNIOS. É NOSSO DEVER EVITAR O FRACIONAMENTO DO TERRITÓRIO DESSAS NAÇÕES, PRINCIPALMENTE POR MEIO DE OBRAS DE QUALQUER NATUREZA, TAIS COMO ESTRADAS PÚBLICAS OU PRIVADAS, OU AINDA ALARGAMENTO, POR LIMPEZA OU DESMATAMENTO, DE FAIXAS DE FRONTEIRA, CONSTRUÇÃO DE CAMPOS DE POUSO EM SEUS TERRITÓRIOS. É NOSSO DEVER CONSIDERAR COMO MEIO NATURAL DE LOCOMOÇÃO EM TAIS ÁREAS, APENAS OS CURSOS D`ÁGUA EM GERAL, DESDE QUE NAVEGÁVEIS. É NOSSO DEVER PERMITIR APENAS O TRÁFEGO COM ANIMAIS DE CARGA, POR TRILHAS NA FLORESTA, DE PREFERÊNCIA AS FORMADAS POR SILVÍCOLAS.

F - É NOSSO DEVER DEFINIR, MARCAR, MEDIR, UNIR, EXPANDIR, CONSOLIDAR, INDEPENDER POR RESTRIÇÃO DE SOBERANIA, AS ÁREAS OCUPADAS PELOS INDÍGENAS, CONSIDERANDO-AS SUAS NAÇÕES. É NOSSO DEVER PROMOVER A REUNIÃO DAS NAÇÕES INDÍGENAS EM UNIÕES DE NAÇÕES, DANDO-LHES FORMA JURÍDICA DEFINIDA. A FORMA JURÍDICA A SER DADA A TAIS NAÇÕES INCLUIRÁ A PROPRIEDADE DA TERRA, QUE DEVERÁ COMPREENDER O SOLO, O SUBSOLO E TUDO QUE NELES EXISTIR, TANTO EM FORMA DE RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS COMO NÃO RENOVÁVEIS. É NOSSO DEVER PRESERVAR E EVITAR, EM CARÁTER DE URGÊNCIA, ATÉ QUE NOVAS NAÇÕES ESTEJAM ESTRUTURADAS, QUALQUER AÇÃO DE MINERAÇÃO, GARIMPAGEM, CONSTRUÇÃO DE ESTRADAS, FORMAÇÃO DE VILAS, FAZENDAS, PLANTAÇÕES DE QUALQUER NATUREZA, ENFIM QUALQUER AÇÃO DOS GOVERNOS DAS NAÇÕES COMPREENDIDAS NO ITEM 3 DESTA.

G - É NOSSO DEVER: A PESQUISA, A IDENTIFICAÇÃO E A FORMAÇÃO DE LÍDERES QUE SE UNAM À NOSSA CAUSA, QUE É A SUA CAUSA. É NOSSO DEVER PRINCIPAL TRANSFORMAR TAIS LÍDERES EM LÍDERES NACIONAIS DESSAS NAÇÕES. É NOSSO DEVER IDENTIFICAR PERSONALIDADES PODEROSAS, APTAS A DEFENDER OS SEUS DIREITOS A QUALQUER PREÇO E QUE POSSAM AO MESMO TEMPO LIDERAR OS SEUS COMANDADOS, SEM RESTRIÇÕES.

H - É NOSSO DEVER EXERCER FORTE PRESSÃO JUNTO ÀS AUTORIDADES LOCAIS DESSE PAÍS, PARA QUE NÃO SÓ RESPEITEM O NOSSO OBJETIVO, MAS O COMPREENDA, APOIANDO-NOS EM TODAS AS NOSSAS DIRETRIZES. É NOSSO DEVER CONSEGUIR O MAIS RÁPIDO POSSÍVEL EMENDAS CONSTITUCIONAIS NO BRASIL, VENEZUELA E COLÔMBIA, PARA QUE OS OBJETIVOS DESTAS DIRETRIZES SEJAM GARANTIDAS POR PRECEITOS CONSTITUCIONAIS.

I - É NOSSO DEVER GARANTIR A PRESERVAÇÃO DO TERRITÓRIO DA AMAZÔNIA E DE SEUS HABITANTES ABORÍGENES, PARA O SEU DESFRUTE PELAS GRANDES CIVILIZAÇÕES EUROPÉIAS, CUJAS ÁREAS NATURAIS ESTEJAM REDUZIDAS A UM LIMITE CRÍTICO.

PARA QUE AS DIRETRIZES AQUI ESTABELECIDAS SEJAM CONCRETIZADAS E CUMPRIDAS, COM BASE NO ACORDO GERAL DE JULHO PASSADO, É PRECISO TER SEMPRE EM MENTE O SEGUINTE:

a) ANGARIAR O MAIOR NÚMERO POSSÍVEL DE SIMPATIZANTES, PRINCIPALMENTE ENTRE PESSOAS ILUSTRES, COMO É O CASO DE GILBERTO FREIRE NO BRASIL, BEM COMO E PRINCIPALMENTE ENTRE POLÍTICOS, SOCIÓLOGOS, ANTROPÓLOGOS, GEÓLOGOS, AUTORIDADES GOVERNAMENTAIS, INDIGENISTAS E OUTROS DE IMPORTANTE INFLUÊNCIA, COMO É O CASO DE JORNALISTAS E SEUS VEÍCULOS DE IMPRENSA. CADA SIMPATIZANTE DEVE SER INSTRUÍDO PARA QUE CONSIGA MAIS 10, ESSES 10 E CADA UM DELES MAIS 10 E ASSIM SUCESSIVAMENTE, ATÉ FORMARMOS UM CORPO DE SIMPATIZANTES DE GRANDE VALOR.

b) MAXIMIZAR NA MEDIDA DO POSSÍVEL, A CARGA DE INFORMAÇÕES, APERFEIÇOAR O CENTRO ECUMÊNICO DE DOCUMENTAÇÃO E, A PARTIR DELE, ALIMENTAR OS PAÍSES E SEUS VEÍCULOS DE DIVULGAÇÃO COM TODA SORTE DE INFORMAÇÕES.

c) ENFATIZAR O LADO HUMANO, SENSÍVEL DAS COMUNICAÇÕES PERMITINDO QUE O OBJETIVO BÁSICO PERMANEÇA EMBUTIDO NO BOJO DA COMUNICAÇÃO, EVITANDO DISCUSSÕES EM TORNO DO TEMA. NO CASO DOS PAÍSES ABRANGIDOS POR ESTAS DIRETRIZES, É PRECISO LEVAR EM CONSIDERAÇÃO A POUCA CULTURA DE SEUS POVOS, A POUCA PERSPICÁCIA DE SEUS POLÍTICOS ÁVIDOS POR VOTOS QUE A IGREJA PROMETERÁ EM ABUNDÂNCIA.

d) CRITICAR TODOS OS ATOS GOVERNAMENTAIS E DE AUTORIDADES EM GERAL, DE TAL MODO QUE NOSSO IDEAL CONTINUE PRESENTE EM TODOS OS VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO DOS PAÍSES AMAZÔNICOS, PRINCIPALMENTE DO BRASIL, SEMPRE QUE OCORRA UMA AGRESSÃO À AMAZÔNIA E ÀS SUAS POPULAÇÕES INDÍGENAS.

e) EDUCAR E ENSINAR A LER OS POVOS INDÍGENAS, EM SUAS LÍNGUAS MATERNAS, INCUTINDO-LHES CORAGEM, DETERMINAÇÃO, AUDÁCIA, VALENTIA E ATÉ UM POUCO DE ESPÍRITO AGRESSIVO, PARA QUE APRENDAM A DEFENDER OS SEUS DIREITOS. É PRECISO LEVAR EM CONSIDERAÇÃO QUE OS INDÍGENAS DESSES PAÍSES SÃO APÁTICOS SUBNUTRIDOS E PREGUIÇOSOS. É PRECISO QUE ELES VEJAM O HOMEM BRANCO COMO UM INIMIGO PERMANENTE, NÃO SOMENTE DELE, ÍNDIO, MAS TAMBÉM DO SISTEMA ECOLÓGICO DA AMAZÔNIA. É PRECISO DESPERTAR ALGUM ORGULHO QUE O ÍNDIO TENHA DENTRO DE SI. É PRECISO QUE O ÍNDIO VEJA E TENHA CONSCIÊNCIA DE QUE O MISSIONÁRIO É A ÚNICA SALVAÇÃO.

f) É PRECISO INFILTRAR MISSIONÁRIOS E CONTRATADOS, INCLUSIVE NÃO A RELIGIOSOS, EM TODAS AS NAÇÕES INDÍGENAS. APLICAR O PLANO DE BASE DAS MISSÕES, QUE SE COADUNA COM A PRESENTE DIRETRIZ E, DENTRO DO MESMO, A APOSIÇÃO DOS NOSSOS HOMENS EM TODOS OS SETORES DA ATIVIDADE PÚBLICA, É MUITO IMPORTANTE PARA VIABILIZAR ESTAS DIRETRIZES.

g) É PRECISO REUNIR AS ASSOCIAÇÕES DE ANTROPOLOGIA, SOCIOLOGIA E OUTRAS EM TORNO DO PROBLEMA, DE TAL MANEIRA QUE SEMPRE QUE NECESSITEMOS DE ASSESSORIA, TENHAMOS ESSAS ASSOCIAÇÕES AO NOSSO LADO.

h) É PRECISO INSISTIR NO CONCEITO DE ETNIA, PARA QUE DESSE MODO SEJA DESPERTADO O INSTINTO NATURAL DA SEGREGAÇÃO, DO ORGULHO DE PERTENCER A UMA NOBREZA ÉTNICA, DA CONSCIÊNCIA DE SER MELHOR DO QUE O HOMEM BRANCO.

i) É PRECISO CONFECCIONAR MAPAS, PARA DELIMITAR AS NAÇÕES DOS INDÍGENAS, SEMPRE MAXIMIZANDO AS ÁREAS, SEMPRE PEDINDO TRÊS OU QUATRO VEZES MAIS, SEMPRE REIVINDICANDO A DEVOLUÇÃO DA TERRA DO ÍNDIO, POIS TUDO PERTENCIA A ELE. DENTRO DOS TERRITÓRIOS DOS ÍNDIOS DEVERÃO PERMANECER TODOS OS RECURSOS QUE PROVOQUEM O DESMATAMENTO, BURACOS, A PRESENÇA DE MÁQUINAS PERTENCENTES AO HOMEM BRANCO. DENTRE ESSES RECURSOS, OS MAIS IMPORTANTES SÃO AS RIQUEZAS MINERAIS, QUE DEVEM SER CONSIDERADAS COMO RESERVAS ESTRATÉGICAS DAS NAÇÕES A SEREM EXPLORADAS OPORTUNAMENTE.

j) É PRECISO LUTAR CM TODAS AS FORÇAS PELO RETORNO DA JUSTIÇA. O QUE PERTENCEU AO ÍNDIO DEVE SER DEVOLVIDO AO ÍNDIO PARA QUE O ESBULHO SEJA COMPENSADO COM PESADAS INDENIZAÇÕES. UMA ESTRADA DESATIVADA JÁ OCASIONOU PREJUÍZOS COM DESMATAMENTO E MORTE DE ANIMAIS. UMA MINA JÁ CAUSOU PREJUÍZOS COM BURACOS E POLUIÇÃO, PORÉM O PREJUÍZO MAIOR FOI COM O MINERAL QUE FOI FURTADO DO ÍNDIO. OS ÍNDIOS NÃO DEVEM ACEITAR CONSTRUÇÕES CIVIS FEITAS PELO HOMEM BRANCO, ELES DEVEM PRESERVAR A SUA CULTURA, TRADIÇÃO E SEUS COSTUMES A QUALQUER PREÇO.

k) É PRECISO DEFENDER OS ÍNDIOS DOS ÓRGÃO PÚBLICOS OU PRIVADOS, CRIADOS PARA DEFENDÊ-LOS OU ADMINISTRAR AS SUAS VIDAS TAIS ÓRGÃOS, TANTO OS EXISTENTES NO BRASIL - SERVIÇO DE PROTEÇÃO AO ÍNDIO - COMO EM OUTROS PAÍSES, NÁO DEFENDEM OS INTERESSES DOS ÍNDIOS.

l) É PRECISO MANTER AS AUTORIDADES EM GERAL SOB PRESSÃO CRÍTICA, PARA FINALMENTE EVITAR QUE OS SEUS ATOS, APARENTEMENTE SIMPLES, NÃO SE TRANSFORMEM EM DESGRAÇA PARA OS ÍNDIOS. NUNCA SE DEVE DEIXAR DE PROTESTAR CONTRA QUALQUER ATO QUE CONTRARIE AS DIRETRIZES AQUI COMPREENDIDAS.

SUPORTE E EXPLICAÇÕES

I - As verbas para o início do cumprimento desta etapa já se acham depositadas, cabendo a distribuição ao Conselho de Curadores definir e avaliar a distribuição. Da verba AS 4-81, 60% serão destinadas ao Brasil, 25% À Venezuela e 15% à Colômbia. Ficarão sem verbas até 1983 o Peru e os demais países da América do Sul.

II - Os contratados serão de inteira responsabilidade dos organismos encarregados da operação.

III - Os relatórios serão enviados mensalmente e o sistema de arquivo não deverá ser liberado para a normativo do arquivo ecumênico, pelo fato de existirem etapas que não integram o convênio com a Igreja Católica desses países.

IV - É vedado e proibido aos Conselhos regionais instalados em tais países dirigir-se diretamente aos nossos provedores, para fins de requisição de verba, sob qualquer pretexto que seja. Todas as doações serão centralizadas em Berna.

V - Será permitido estipular pequenas verbas, distintas da verba principal, para fins de dar suporte a operações paralelas, não compreendidas nestes diretrizes. As quantias representativas dessas pequenas verbas devem ser devidamente especificadas, tanto quanto à sua origem como em relação à sua destinação.

VI - No que concerne à transmissão e tramitação de documentos e informações, são válidas de modo geral as seguintes instruções: para verbas, o Gen. 79-3; para assuntos políticos, o Gen. 80-12; para assuntos de sigilo máximo, o Gen. 79-7 em toda a sua gama e em todos os seus aspectos, sem exceção. O expediente do acordo sobre a presente diretriz deverá chegar aqui ao mais tardar dentro de 30 dias da data do recebimento desta e estará sujeito à Norma 79-7.

VII - O endereço continuará sendo mantido sob a senha "GOTLIEB", principalmente por causa dos colombianos.

É o que foi decidido. (Ass. Ileg.) H.V Hoberg
( Ass. Ileg) S.B. Samuelson
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NADA MAIS constava do documento acima, que devolvo junto com esta tradução, que conferi, achei conforme e assino. DOU FÉ.

São Paulo, 22 de julho de 1.987

Walter H. R Frank
Tradutor Público





EU, MARIA IRACEMA PEDROSA,______________________ Vice Presidente do CENTRO DE DESENV0LVIMENTO DE EMPRESÁRIOS E ADMINISTRADORES LÍDERES - CDEAL,
trasladei em 1.º de dezembro de 1.999.

RESERVA INDÍGENA É GUETO

Excelentíssimos Senhores Congressistas brasileiros

Partindo do entendimento de que reserva indígena é gueto, por mais disfarçado que esteja, e em defesa da dignidade de nossos índios, pois que já era tempo de alcançarem o direito inalienável de sair da Idade da Pedra, dirijo-me a Vossas Excelências e espero que, pelo menos desta vez, levem em conta e também respondam a esta mensagem.

Como cidadã brasileira, eleitora e pagadora de impostos, tenho, sim, o direito de me dirigir aos congressistas que, supostamente, estão aí me representando e representando a todos os cidadãos deste país.

Diz a Constituição Brasileira, em seu Artigo 5º, Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade...........


Mas o Brasil insiste em dividir a nossa sociedade em castas vergonhosas. Uma delas, a mais segregada e impedida de se desenvolver e de crescer é a dos índios, com uma falsa política de proteção. Protejam-se os cidadãos e todos os brasileiros de qualquer cor ou credo, e todos os residentes neste país, venham de onde vierem, todos estarão protegidos.

Quem assistiu a participação do Índio Jonas Marcolino, da Nação Macuxi, em recente evento no Rio de Janeiro, pode ver que o índio tem tanta competência, como qualquer outro cidadão, de ser educado e culto e participar, em igualdade de condições, da vida social, cultural e de trabalho de uma sociedade. Por que então serem mantidos em condições de inferioridade, em jaulas gigantescas, apelidadas de reservas, vivendo como animais, sem reais oportunidades de crescimento. Por que mantê-los como animaizinhos de estimação de antropólogos inconscientes e de políticos irresponsáveis?

Vamos dar aos nossos índios a dignidade que merecem. Vamos aculturá-los. Sua cultura e suas tradições? Podem muito bem ser preservadas de geração em geração, mesmo morando em apartamentos na cidade, tomando ônibus para se dirigirem às faculdade, aos empregos, vestidos como GENTE e não com aqueles arremedos fajutos de calções feitos com retalhos de pano.

Nossos índios são tratados como indivíduos de terceira classe, vestidos de molambos, pintados para servirem de diversão para um bando de aproveitadores, fechados em guetos que os impedem de participar da vida do país e de serem tratados como sujeitos de direitos e obrigações, como qualquer cidadão.

Está na hora de pensarmos em nossos índios como cidadãos do Brasil.

Atenciosamente
Ester J. Azoubel