A UPEC se propõe a ser uma voz firme e forte em defesa da ética na política e na vida nacional e em defesa da cidadania. Pretendemos levar a consciência de cidadania além dos limites do virtual, através de ações decisivas e responsáveis.


terça-feira, 31 de março de 2015

Acordai ó brasileiros...
O Brasil está sob o quase pleno domínio de um ABSOLUTISMO cleptocrata-comunista e governado por um Covil de Bandidos, com um Poder Judiciário entregue a uma relação espúria, corrupta e desonesta com o Poder Executivo Fascista nos seus métodos.
Um dos poucos magistrados dignos desse desta função - Juiz Sérgio Moro - vive sendo perseguido pelos adoradores do Brasil como está, entre esses, outros togados e afins, além de jornalistas levianos, mentirosos e hipócritas, que usam sua vasta inteligência, não para defender o país de ser transformado em uma Cuba Continental, mas para manipular as opiniões e os posicionamentos de quem quer mudar seguindo um outro caminho.
São os "valentes" defensores de um Estado de Direito que, de fato, não existe na forma nem na essência, e que somente aceitam as críticas até a fronteira de seus interesses políticos adquiridos, não admitindo o direito da sociedade buscar outro caminho a não ser o que eles defendem. Democratas de merda.
Em que base racional essa gente que organiza as manifestações acha que um impeachment ou uma renúncia vai acabar com tudo isso?
Gente estúpida ou conivente com a covardia e omissão dos que querem mudar, mas não tem coragem para lutar nas ruas pelas mudanças necessárias, mas sim com paliativos de manifestações políticas para dizer que o Brasil saiu às ruas.
Para não dar em nada no seu resultado final.
O incômodo dos poderes constituídos é pontual e superado com certa facilidade pelas negociações de bandidos com bandidos e traidores do país.
Pobre e podre sociedade que não consegue enxergar que o próximo passo, como alternativa de uma Intervenção Necessária, será a tomada definitiva do poder pelo projeto comunista de Lula - Foro de São Paulo, ou uma guerra civil.

sábado, 21 de março de 2015

Deputado desmascara engodo contido no ‘pacote anticorrupção’ de Dilma e ...

Blogs e Colunistas
21/02/2015
 às 11:52 \ BrasilCultura

Que se feche o PT: revelações de empreiteiro demolem Lula, Dilma, Dirceu, Cardozo, Wagner, Delúbio, Gabrielli…

Capa Veja PessoaO engenheiro baiano Ricardo Pessoa, dono da construtora UTC e coordenador do cartel de empreiteiras no esquema de corrupção da Petrobras, fez chegar à VEJA um resumo do que está pronto a revelar à Justiça caso seu pedido de delação premiada seja aceito:
1) O esquema organizado de cobrança de propina na Petrobras foi montado em 2003, no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, então amigo do empreiteiro. O operador era o tesoureiro do PT Delúbio Soares, réu do mensalão.
2) A UTC financiou clandestinamente as campanhas do hoje ministro da Defesa, Jaques Wagner, ao governo da Bahia em 2006 e 2010. A campanha de Rui Costa, em 2014, também foi financiada com dinheiro desviado da Petrobras.
3) A empreiteira ajudou o ex-ministro e mensaleiro petista José Dirceu a pagar despesas pessoais a partir de simulação de contratos de consultoria. Dirceu recebeu 2,3 milhões de reais da UTC somente porque o PT mandou.
4) O presidente petista da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, sempre soube de tudo.
5) Em 2014, a campanha de Dilma Rousseff e o PT receberam da empreiteira 30 milhões de reais desviados da Petrobras.
Ricardo Pessoa pode demonstrar que esse dinheiro saiu ilegalmente da estatal, através de contratos superfaturados, e testemunhar que o partido conhecia a origem ilícita. Também pode contar que o esquema de propinas foi montado pelo PT com o objetivo declarado de financiar suas campanhas eleitorais.
O presidente do BNDES (mantido no cargo), Luciano Coutinho, avisou Pessoa que o tesoureiro de Dilma, Edinho Silva, o procuraria para pedir dinheiro, conforme VEJA revelou três semanas atrás. Pessoa confirma que deu mais 3,5 milhões de reais à campanha presidencial petista após ser procurado por Edinho e a revista acrescenta agora que a conversa entre eles teve duas testemunhas.
6) O suposto ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, ciente de que Pessoa estava prestes a denunciar Lula, Dilma e Dirceu, procurou os advogados do empreiteiro, e o acordo de delação premiada que ele negociava com os procuradores da Operação Lava Jato foi suspenso.
Ao contrário do que pregam OAB, Kennedy Alencar, Ricardo Noblat e o próprio ministro, as reuniões secretas não partiram dos advogados, mas sim de Cardozo, disposto a cometer qualquer tipo de abuso para obstruir o inquérito.
Não duvido que o pacote de acenos do governo tenha incluído ainda a possibilidade de remodelar a pena do dono da UTC nos tribunais superiores para colocá-lo em prisão domiciliar o mais cedo possível.
Em suma: se Ricardo Pessoa, em vez de ceder à pressão petista, denunciar à Lava Jato toda essa máfia infiltrada na máquina pública, e se os investigadores conseguirem demonstrar item por item, então o impeachment de Dilma na base legal do artigo 85, inciso 5, ou a cassação de seu mandato na da lei federal nº 9.504 são muito pouco para o bem do Brasil: o PT tem de ser extinto e os mandantes do esquema têm de apodrecer atrás das grades.
Lula-tchau
Tchau, hein!

1975 - PRESIDENTE GEISEL EM PRONUNCIAMENTO NA TV - DITADURA MILITAR

sexta-feira, 20 de março de 2015

AUTÊNTICO PRODUÇÕES! - MOVIMENTO NEGRO E O POLITICAMENTE CORRETO

AUTÊNTICO PRODUÇÕES! - MOVIMENTO NEGRO E O POLITICAMENTE CORRETO

The Noite (19/03/15) - Monólogo: Sobre os entrevistados do Gugu

ESCRITO POR EDITORIA MSM | 24 JUNHO 2005 
por  José Carlos Graça Wagner
Os contatos entre o Foro de São Paulo e o Diálogo Interamericano ajudariam a entender a enorme falta de ação da oposição aos desmandos do governo petista?
8 de setembro de 2001
Senhor congressista:
Trata-se aqui de mensagem de cidadão. Por isso, este documento, pela via de E.Mail, está sendo enviado, hoje, para todos os senadores e deputados, sem quaisquer restrições, inclusive os do PT, que poderão se considerar atingidos pelas denúncias, mas tem o dever de esclarecê-las, para o que coloco, à disposição, toda a documentação que tenho em meu poder e o compromisso de indicar as testemunhas que confirmarão o que abaixo está descrito. Pela matéria envolvida, desejo dar ao presente documento o caráter de requerimento dirigido ã Mesa do Congresso, para que, pela gravidade dos fatos, tome as providências que achar adequadas ou assuma a responsabilidade de nada fazer, por motivos de conveniência.
Permita-me, assim, tomar o seu tempo, se houver disposição de sua parte, mas, como tal, me sinto na obrigação de transmitir o que me chegou ao conhecimento, por pesquisa e por informação de terceiros que chegaram a viver os fatos, para que, cada um, em sua consciência, faça o que julgar do seu dever.
Não pretendo fazer nenhum tipo de carnaval político sobre a matéria, até porque vai longe o tempo de minha militância política. Por outro lado, a minha avaliação sobre tais documentos, ainda que impossível evitar algum tipo de conclusões mais pessoais, não se baseiam em meras hipóteses.
Estou em Miami, por razões de saúde, pelo menos por um período de 40 dias. Tive um problema, bastante comum entre as pessoas, de qualquer idade, que, todavia, exige a prudência de exames cardiológicos ou talvez uma intervenção, sem, antes disso, assumir o risco de uma viagem de avião mais longa, segundo as opiniões médicas. Por isso adoto a presente via de comunicação, sem qualquer anonimato.
Mas quero deixar claro porque o faço e na base de que convicções, para que não se julgue que estou procurando ser autor de novelas ou historietas. Deixo também claro que, com 14 anos, me posicionei contra a ditadura do Estado Novo, tendo participado da manifestação do Largo de São Francisco, contra a ditadura, embora secundarista, quando houve a reação armada da chamada Polícia Especial ou boinas vermelhas, com mortos e feridos, em 1943. Por isso, quando a ditadura caiu, me filiei a UDN, só deixando a política em virtude do fechamento dos partidos, pelo AI-2, quando foram criados os arremedos de partido da Arena e MDB. Minha posição sempre foi de centro, de tal modo que, o que vem a seguir, não é movido por nenhuma intenção de qualquer anti-isso ou anti-aquilo para impressionar a gregos e troianos.
Meu anti-marxismo, mais do que anti-comunismo, decorre de minha condição de católico, que procurou conhecer a essência do pensamento de Marx, que não era, como se julga, provocada pela questão social, mas religiosa.
Entendia que o homem, ao colocar Deus como autor de sua existência, abria mão de sua natureza materialista, que, para ele, era materialista, como tudo que existe no mundo. Ao atribuir o seu ser, e o seu fim último, a Deus, estava renunciando a si mesmo. O marxismo, antes de tudo, é uma negação radical de Deus e, portanto, dos valores da moral natural inerente ao homem. O marxismo vai além do ateísmo, pois considera que negar a Deus é insuficiente. Negar, para Marx, ainda é uma forma de afirmar, porque exige a defesa da Sua não existência e, para isso, é necessário pensar nela, para rebatê-la.
Para Marx, o homem novo, concebido em sua filosofia, sequer cogitaria da existência ou não de Deus. Simplesmente, nesse mundo de Marx, nem sequer existiria a idéia de Deus. O Comunismo, como instrumento do marxismo, ainda teria, para construir o mundo novo, de conseguir o desaparecimento da idéia de Deus.
Para mim, desde jovem, formado pelos irmãos maristas de Santos, na mesma classe que Mário Covas, o meu anti-comunismo não era para defesa de privilégios de natureza econômica ou social, ainda que eles existam longe do conceito de justiça inerente ao catolicismo, mas, pelo contrário, decorria da própria necessidade de defender a doutrina católica, na qual Deus é o Criador e Redentor de todos os homens, sem qualquer distinção, inclusive do terrorista que se arrepende sinceramente e busca reparar o dano feito, e, portanto, sem quaisquer exclusões. Todos estão salvos, pela espontânea crucificação de Jesus Cristo, mas o homem tem a triste liberdade de se excluir da salvação. Tal como Judas, por aqueles que crêem na Revelação contida nos Evangelhos.
Esta colocação, apesar de parecer impertinente, é necessária para evitar a acusação costumeira de que, quem pensa assim, é porque defende a exploração do homem pelo homem, quando não há maior exploração dessa natureza do que pelos regimes totalitários, que exploram a vontade humana, pela exclusão da liberdade de pensar e de fazer. Para esses, os católicos deveriam também Fazer o Grito dos Excluídos, como também de fazer o Grito dos Excluídos, da vida, pelo aborto.
Sempre imaginei, permita-me dizê-lo, que o ser humano é como uma mesa de quatro pés, no sentido comum da vida, sem levar em conta as distorções, queridas ou não ( por isso, entendo que são quatro pés e não quatro patas). O primeiro pé se refere à família, que é onde surge a pessoa que somos, desde o momento da concepção, na qual já recebemos a alma que Deus nos dá, com a vocação que lhe é inerente. É, na família, onde, com o nascimento, tomamos consciência, pouco a pouco, de nossa existência e dos que foram responsáveis diretos por ela e pelos valores que ela comporta, queiramos ou não aceitá-los.
O segundo pé, diretamente vinculado ao dom da liberdade, que é a razão de ser da dignidade e da responsabilidade de cada ser humano, e que vem logo a seguir ao dom da vida, que podem ou não, ser bem ou mau usados, com as naturais conseqüências do caminho que se segue, com eventual desequilíbrio da vida e de seu fim último. É a religião. No meu caso, sou católico, apostólico, romano e papista. Para mim, a atual atuação de certos círculos que se denominam católicos, advindos da Teologia da Libertação, que nada mais é do que a tentativa de levar o marxismo para dentro da doutrina de sempre da Igreja, com maior ou menor consciência disso, tende a configurar tais grupos, independente das funções que exercem na hierarquia, mais como um partido político ou um apê ;ndice de um determinado movimento.
É um direito de qualquer um, atuar politicamente, mas, em certos casos, deve, para fazê-lo, deixar atividades que lhe são incompatíveis, como a de ministro da doutrina cristã, quando, como agora, passa a ter um caráter partidarista, sob a capa do social, ainda que o problema social exista, decorrente do pecado original, que gera o egoísmo, além da inveja e ódio.
Como de hábito, em qualquer setor da vida brasileira, os audaciosos fazem o que querem e os outros, sob a alegação de evitar conflitos, acostumados ao jogo das influências no poder de qualquer natureza, optam pela omissão.
O terceiro pé, é a tomada de consciência de que não somos isolados dentro de uma família, mas vivemos junto com muitos outros seres humanos, ou seja, com a sociedade, e, por isso, somos, também, cidadãos. Nessa sociedade, devemos encontrar o ambiente destinado, ainda que não consumado, em que devemos encontrar os momentos e as circunstâncias para realizar os talentos recebidos e ser útil ao Bem Comum. É também elemento fundamental da liberdade humana.
O quarto pé é a profissão, ou seja, o trabalho humano, que é necessário para formar e sustentar uma família e ser útil a si, à família e à sociedade. Ser, afinal, útil `concretização do Plano de Deus a respeito a cada um de nós, sem exceção de ninguém, nem dos que tem a enorme tarefa de conduzir o povo de Deus para o seu fim último.
Permita-me dizer, senhor Congressista, sobre os comentários acima, que, desde cedo, com cerca de oito anos, com a guerra mundial e com a ditadura do Estado Novo, senti-me engajado, por dentro e por fora, na importância de cada ser humano, a assumir a responsabilidade de pré-cidadão, de quem vê, na sociedade, o ambiente natural da busca da Justiça. Talvez por isso vim a ser advogado. Por isso, este foi o quarto pé para mim, ou seja, a minha profissão, onde somos, qualquer que ela seja, úteis a nós, à família e à sociedade, conforme a encararmos com pleno sentido de responsabilidade, e sem a qual somos marginalizados, por nossa culpa, ou pela má estruturação da sociedade, da própria razão humana de viver, pois o homem foi feito para trabalhar como a ave para voar.
Como desejo, como cidadão que se preza, antes de tudo, a verdade, porque ela é o caminho e a vida, não posso deixar de registrar que, depois de 50 anos de profissão, o quarto pé da vida humana, por razões que serão expostas num capítulo próprio (sei que lhe estou sugerindo muito trabalho de leitura, mas um parlamentar, que tem a noção claro do momento que vive o país e o mundo, às vésperas de uma terceira guerra mundial, com a característica de terrorismo infiltrado em todas as nações), sofri e venho sofrendo de empresas estrangeiras, uma delas ligada a um laboratório nacional que vem sendo apontado como fraudador, inclusive do período de validade de seus produtos, revelando um precário quadro da advocacia e da Justiça, mesmo depois de CPIs, que não chegaram ao fundo da questão.
Mas não quero esconder nada que sirva para que os que participam desses movimentos estratégicos, a que me refiro no título do presente trabalho, à revelia do conhecimento do povo, reservados os fatos apenas a alguns dirigentes da oposição e do governo, pois ambos fazem parte dos referidos movimentos, de tal modo serão detalhados em capítulo próprio, tornando-se claro que não são poucos os advogados que estão sendo submetidos a esse tratamento desmoralizante de um grupo de empresas, sem maior vínculo com a vida e o futuro do país, senão na busca do lucro que pretendem, sem que a OAB defenda os advogados, mais preocupada em ser uma OAB de passeatas...e de ocupação de posições em clubes esportivos...
Desde bem cedo, desculpe-me a afirmativa, vivo essas quatro realidades, e as considero, todas, essenciais, ao equilíbrio da vida e da sociedade onde se vive, com ou sem globalização, que não é necessariamente econômica, mas que decorre do fato de sermos, no conjunto de todos os homens, a humanidade. De um modo ou de outro, sempre somos globalizados, porque não há nada que alguém faça que não se transmita, como uma pedra no lago, até o final das suas margens, delimitada pela humanidade.
Daí, entender que devo tecer as considerações abaixo, às quais se seguirão os capítulos concernentes a cada episódio, para que cada um avalie como queira e faça o que queira.
O COMEÇO
O passado tem a natureza de ensinamento; o presente, serve de base de lançamento do futuro e, este, ainda que desconhecido em cada momento da vida, se destina a construir a vida e a sociedade, a partir das circunstâncias que encontramos e dos talentos que possuímos. Somos atores e autores da nossa vida. Parte do “script” é de nossa autoria e parte de autoria dos demais. Depois dessas considerações, de tintura filosófica de uso comum, a descrição sintética dos fatos, no que diz respeito ao tema, com algumas das razões que me levou a transmitir o que chegou ao meu conhecimento, ou pela via da pesquisa ou porque foi enviado por aqueles que tomaram conhecimento da minhas pesquisas.
A DESCRIÇÃO
Em agosto de 93 estava, posto em sossego, em Miami, aguardando a recuperação de um pequeno acidente sofrido por minha esposa. Para aproveitar o tempo, visitei a firma de um amigo cearense, já falecido, que tinha lá, um estabelecimento complementar de sua fábrica de roupas. Não estava. Seu gerente, um cubano, cuja família apoiara Castro, a ponto do avô, médico, ter arriscado a sua vida e a de toda a família, por ter organizado um hospital clandestino, em sua fazenda, para os “revolucionários” de Fidel.
Tinha tido, depois da vitória de Castro, de sair de Cuba, com toda a família, por ordem de Fidel, porque sua mãe, uma líder política comunitária, tinha procurado a Comissão Militar encarregada do julgamento de militares acusados de apoiarem Batista, e protestado contra a condenação dos mesmos ao “paredón”, pois conhecia, a grande maioria, como militares profissionais, sem envolvimento político.
Como tudo que Castro faz, até hoje, o silêncio dos políticos, da América Latina e do Brasil, com exceção recente do presidente de El Salvador, que enfrentou Fidel na Cúpula das Américas, de igual para igual, e continua a estar à disposição para enfrentá-lo, para o que der e vier, sempre foi e é revelador do grave pecado da omissão, dos governantes mundiais e latinos. Essa atitude foi e é geral, apesar dos pruridos que revelam em relação a qualquer violação aos direitos humanos, inclusive a ponto de até receberem medalhas...
Castro, num repente de gratidão, contrário ao seu estilo, apenas expul sou toda a família do gerente do meu cliente, ao invés de mandá-la para a cadeia ou para o próprio “paredón”, mas não sem antes exigir que todos, sem exceção, mesmo menores de idade, pertencentes à família, assinassem a doação, de todos os seus bens, ao Estado cubano (ainda não haviam começado os confiscos generalizados).
Casado, depois, com uma brasileira e falando português, pois esteve no Brasil por algum tempo, esse gerente me afirmou, sem ter qualquer prova, mas apenas por ouvir dizer, que Lula tinha estado em Havana, na semana anterior, onde fizera um Pacto de Ação Continental com Fidel Castro. Isto teria ocorrido na última semana de julho de 93. Na época, tudo indicava que Lula ganharia as eleições de 94 (e eu não tinha conhecimento, ainda, do compromisso de FHC de apoiá-lo para presidente, assumido em Princeton, em inícios de 93).
Para mim, embora não fosse do meu agrado, aceitava a regra do jogo, que representaria a eleição de Lula, ainda que tivéssemos, a meu ver, de passar por muitos problemas, tendo em vista o pensamento político dos que formavam o PT. A informação do gerente, porém, mexeu com o pé da mesa relativa à cidadania, e com a veia de cidadão.
Uma coisa, para mim, era Lula presidente, pelo jogo político interno; outra, era ser eleito e atuar, na presidência, em Pacto político com Fidel, que, quando advogado, ainda recentemente formado, havia simpatizado por achar que, de fato, desejava, com sua “revolução”, a liberdade dos cubanos, mas, logo depois, também me insurgi contra o “paredón”, especialmente quando, a ele, também foi condenado, apesar de ter apoiado Castro, o presidente da FEU, correspondente à entidade brasileira UNE, onde eu havia militado, e da qual havíamos afastado o controle então exercido pelos comunistas, e seus aliados.
Na época, fiz uma publicação, em “O Estado de S. Paulo”, pelo fato de Frei Josaphat não ter aceito publicar a minha carta, na qual, como acionista do “Brasil Urgente”, da ainda incipiente esquerda católica, ligada ao PDC, mas que havia conseguido induzir as equipes de casais de Nossa Senhora, a subscrever o capital desse jornal interno, eu tinha direito, assegurado pelos estatutos. Nele, eu exigia um pronunciamento, daquele órgão, contra o fuzilamento do presidente da FEU, tendo, como resposta, apenas em carta, que também não foi publicada na revista, como também era o compromisso que havia sido assumido, pelos seus empreendedores, com os acionistas.
A carta, que estava assinada pelo diretor Ruy do Espírito Santo, então do PDC, sustentava que, “o fuzilamento, por motivos políticos, algumas vezes, era necessário.” Publiquei esta resposta no jornal “O Estado”, pois o Frei Josaphat, alter-ego de Frei Beto, que escreveu o Paraíso Perdido, Nos Bastidores do Socialismo”, (e que acabou sendo utilizado na armadilha contra Marighella), onde defende o regime de Fidel, e todos os outros que se instalaram na AL, sob a alegação de “Teologia da Libertação”, que de estudo de Deus (Teologia significa “estudo de Deus”) nada tem, mas, na realidade, como constata quem o ler, é pura defesa de uma ditadura coletivista, distributivista para “inglês ver”, pois os que dão suporte ao regime, enquanto o são, até pelo medo da conseqüências, tem todas as regalias.
Como disse, o Frei Josaphat, não havia concordado na publicação, no jornaleco desse grupo, do qual fui acionista, chamado “Brasil Urgente”, apesar de ter tentado, antes, que eu ingressasse na Ação Popular, ainda em esboço, a partir da JEC e da JUC, integradas , na época, ao PDC, e, depois, à Ação Popular.
Resolvi pesquisar se a informação dada pelo gerente do meu cliente cearense, sobre a estada de Lula em Havana, tinha fundamento. Procurei, por indicação desse gerente, o Bispo Auxiliar de Miami, Monsenhor Agustin Roman, cubano, narrando e ele a razão pela qual desejava ter certeza do fato que me havia sido narrado pela pessoa atrás mencionada, sustentando que, se verdadeira, a eleição de Lula representaria um imenso reforço para Fidel, que adiaria bastante a época de concretização do desejo dos exilados de retornar a seu país, já livre da ditadura.
Por apresentação dele, fui, no mesmo dia falar com Jorge Mas Canosa, que dependia, todavia, para a pesquisa, que eu pretendia, de “Pepe” Hernández, vice-presidente, que estava em Washington. O certo é que a Fundação Nacional Cubano-Americana, surpreendentemente, não sabia nada sobre a fundação do Foro de São Paulo.
Na saída do encontro com o Bispo, ele me indicou o Prof. Juan Clark, como o maior estudioso dessas questões e que, talvez, pudesse ser útil. Um primo de minha esposa, que estava conosco, Orlando Lovecchio, que havia perdido a perna num ataque terrorista ao Consulado Americano em São Paulo, no início da luta armada no Brasil, encontrou, em uma livraria, o livro de Juan Clark, sob o título de “Cuba, Mito y Realidad”.
Procurei o autor, que me deu indicação do Centro Norte–Sul da Universidade de Miami, onde tive toda a colaboração de Guillermina Carrandi, também cubana, e que, tinha, no Departamento dela, exatamente o que eu procurava: as coleções do jornal “Granma”, edição interna de Cuba, onde, quase certamente, haveria alguma notícia sobre essa visita.
De fato, tinha estado duas semanas a procura do local onde poderia encontrar a coleção desse jornal, órgão do Comité Central do Partido Comunista de Cuba, ( o primeiro Partido Comunista foi arquivado e substituído pelo novo partido comunista, organizado por Fidel, por ordem da URSS, depois que Castro declarou o regime de Cuba comunista, pois o partido pré-existente ao formado por ele, sempre tinha apoiado Batista e sempre tinha sido contra Castro. Esta posição continua sendo a do filho do Secretário Geral do PC da época, já falecido, Blas Rocca. Tudo indica que o filho está preso ou esteve até há pouco. Enfim, esta também era a atitude de Luiz Carlos Prestes, que não morria de amores por Fidel, cujo comunismo achava que era fruto de mero oportunismo, ou seja, da necessidade de se contrapor aos Estados Unidos, para o que nada melhor do que, em plena “guerra fria”, com a ameaça atômica, se “unir” a URSS, ou seja, em português claro, se submeter a ela, na época de Kruschov.
O meu faro de advogado me sugeria que, se Lula tivesse estado em Havana na época referida, teria havido algum tipo de registro no referido jornal, porque interessava ao regime mostrar, ao povo cubano, as dimensões internacionais do prestígio de Fidel. O departamento Norte-Sul da Universidade possuía, de fato, a coleção do jornal, e ajudado pela minha esposa e pelo seu primo, acima citado, iniciei a pesquisa, começando pelos jornais da última semana de Julho de 93, que tinha sido a indicada como a da visita de Lula a Fidel.
Para surpresa minha, não era uma reunião de Lula e Fidel. Mas de uma organização da qual não se tinha qualquer idéia, denominada “Foro de São Paulo”, que não era secreta mas não era para conhecimento de gregos e troianos. Só era publicado o noticiário a ele referente, internamente, em Cuba. Havia uma edição internacional, do “Granma”, em várias línguas, que, entretanto, não publicavam os assuntos relativos à estratégia da esquerda latino-americana, patrocinada pelo Foro, depois de fundado, sob as “benções” e inspiração de Fidel Castro. Mais tarde, o Foro passou a ter algum tipo de noticiário restrito em alguns jornais de alguns países, e, até, uma revista, quase de circulação interna, chamada “América Libre”, dirigida por Frei Beto, editada na Argentina.
Estavam presentes, nessa reunião, 112 organizações de esquerda de toda a AL, além de observadores convidados de organizações de esquerda de outros continentes. Era o seu IV Encontro Internacional. A primeira, tinha sido quando da fundação em São Paulo, no Hotel Danúbio, nos inícios de 90, logo após a vitória de Collor sobre Lula, como estava previsto que deveria ser feito, se isso acontecesse, desde uma reunião em 8 de janeiro de 89, em Havana, também publicada no “Paraíso Perdido”, com a presença de Fidel, de Lula, Frei Beto, (atual assessor de Lula, residindo no Palácio do Planalto), de José Genoino, (atual presidente do PT), e do jornalista Kroscho, (atual assessor de imprensa do presidente Lula.)
A finalidade, nessa ocasião, era fixar as estratégias para as eleições nos países do continente, que iriam se realizar desde dos fins de 93, no México, até as eleições de inícios de 95, na Argentina, num total de 14. Estavam presentes, nesse IV Congresso, as organizações guerrilheiras e toda a cúpula do PC cubano, inclusive, logicamente, Castro, bem como toda a cúpula internacional do PT, com Lula à frente e, naturalmente, Frei Beto, que é o único que fala, praticamente de igual para igual, com Castro.
Eu não sabia, ainda, do Pacto estabelecido na Universidade de Princeton, em inícios do mesmo ano, no qual, um dos compromissos assumido pelo Foro de São Paulo, com o Diálogo Interamericano, fundado em 1982, sendo vice-presidente e principal representante da entidade na América Latina, Fernando Henrique Cardoso, então senador. (atualmente FHC é co-presidente do Diálogo, juntamente com Peter Hankim). O Pacto de Princeton era abrangente, mas, para a esquerda orientada por Fidel, era uma mera forma de obter apoios adicionais, sem afetar a estratégia básica do Foro, embora este se utilizasse do Pacto com o Diálogo, em tudo quanto lhe era favorável, e cumprisse os diversos pontos, enquanto eram do seu interesse ou da estratégia estabelecida pelo Foro de São Paulo, que poderiam influenciar o Diálogo, dando-lhe a impressão de uma efetiva disposição de cumprimento da estratégia comum.
Não vale a pena maior referência, agora, ao documento do Departamento de Estado, assinado por Kissinger, em fins de 74, inicialmente sigiloso, mas tornado público por Reagan e constando da Biblioteca do Congresso Americano, porquanto, em grande parte, está superado. O ponto de partida era considerar a questão da imigração latina como um caso de segurança nacional, pelo potencial de alteração da cultura americana.
A idéia era reduzir a referida imigração ao mínimo. Na verdade, hoje, a imigração latina é praticamente incontrolável, e até fundamental para o futuro dos Estados Unidos. A política do Diálogo, fundado em 82, com Fernando Henrique na vice-presidência, como principal participe da AL, que visava cumprir a estratégia do documento de 74, do Departamento do Estado, acabou por atingir objetivo inteiramente contrário, como será possível verificar mais adiante, inclusive no Brasil e, na Colômbia, nem se fala, acrescentando-se a Venezuela e, de certo modo, o Equador.
Mas, muitas vezes, essas evidências não são fáceis de serem alcançadas pela mente daqueles que as conceberam, aferrados que ficam às suas verdades dogmáticas, caiam tantos Muros quantos caírem. Até que, nisso, têm uma certa razão, porque os muros não carregam, nem o de Berlim, na sua queda, as utopias, ainda que derrube governos, ou nem acabam com as idiossincrasias daqueles que não aceitam os que não são frutos da mesma árvore ou do mesmo solo, pois os considerarem “inimigos de classe”.
Mas há que voltar ao Foro de São Paulo, que nasceu em julho de 90, mas foi concebido, tendo Fidel por pai e Lula por mãe, em janeiro de 89, em reunião de cúpula do PC de Cuba e PT do Brasil. José Genuíno estava presente, conforme descrição do livro de Frei Beto (irmão terceiro dominicano, que não é sacerdote), com o título de “O Paraíso Perdido” - Nos Bastidores do Socialismo”.
Nela, ficou estabelecido que, se Lula não ganhasse as eleições em novembro de 89, deveria ser formada uma organização para coordenar toda a esquerda continental e que a liderança do processo caberia a Lula.
Collor não tinha surgido. O receio, na ocasião, era de uma reviravolta a favor de Brízola, não confiável para o projeto que estava delineado para que “fosse conquistado, na AL, uma espécie de contrapartida, do que já se antevia, nessa reunião, ou seja, que a URSS iria perder o leste europeu”. Para Fidel, o Muro já estava balançando, com o que estava ocorrendo na Polônia, depois da eleição do Papa João Paulo II.
Com a vitória de Collor, a esquerda continental, mesmo a de características guerrilheiras, foram, em número de 48 entidades , para a reunião de fundação do Foro, em julho de 90, no Hotel Danúbio, com algumas reuniões secretas, anteriores, em Itaici.
Este dado foi obtido quase por acaso, pois ao se localizar a reunião realizada em 93, em Havana, do IV Encontro do Foro, lia-se que Balaguer, do Comité Central do PC Cubano, iniciava o discurso de saudação com elogio a Lula, dizendo que, quando, há três anos, tinha sido fundado o Foro, para o qual o Frei Beto deu imensa contribuição (ficou sendo diretor continental de revista do Foro “América Libre”, impressa na Argentina), não se podia imaginar que, em tão pouco tempo, teria obtido tal desenvolvimento, como provava aquela reunião de Havana, com 112 organizações (afora os convidados de outros continentes) e já com candidatos a presidente na maioria dos países onde haveriam eleições nos seguintes 20 meses.
Com a coleção de Granma à disposição, a pesquisa recuou em três anos, que tinham sido mencionados por Balaguer, e lá estava toda a hist&oa cute;ria da formação do Foro, inclusive de certas visitas estratégicas feitas na ocasião, articuladas por Frei Beto, levando à cúpula do partido comunista cubano, vinda à fundação do Foro, em São Paulo, a uma reunião ao Cardeal Arns, da qual veio a ser enviada carta de simpatia ao ditador Fidel Castro. E, assim, seguiu a pesquisa por diante. Numa reunião se falava da próxima e, de tal sorte, foi possível ir pesquisando o que foi feito pelo Foro nos anos que se seguiram, com reuniões sempre onde, de algum modo, entidades do Foro tinham presença forte, como México, Nicarágua, Montevidéu, Porto Alegre, El Salvador, etc. A próxima, novamente, será em Havana. Há informações substanciais sobre reuniões em Manágua, na ocasião da derrubada dos aviões dos “Hermanos en Resgate” perto de Cuba, de vez que considerei tarefa minha a pesquisa referente a 94, embora tenha também tomado conhecimento das reuniões de 95, no Uruguai, e 97, em Porto Alegre, nas quais o MST foi apontado como a ponta de lança da revolução socialista na AL, devendo ter a cooperação dos zapatistas e das Farc. (havia a possibilidade de colaboração do Comando Vermelho, fundado sob a inspiração de documento da guerrilha urbana no Vietnã, mas para uso de criminosos comuns)
Mas, sem dúvida, o VI Encontro, em 93, foi o mais importante, feito depois do Pacto com o Diálogo Interamericano, realizado na Universidade de Princeton, com o beneplácito de Warren Christhofer, secretário de Estado de Clinton, no início do mesmo ano, em que algumas estratégias para toda a AL tinha sido ajustadas entre as partes.
O ponto de partida, para o Diálogo, era a certeza de que, com o desmanche da URSS, a esquerda da AL teria necessidade um novo ponto de apoio, principalmente de natureza política, enquanto, para o Diálogo, fazia falta, uma força com capacidade mobilizadora, que a chamada social democracia agnóstica não tinha para dar suporte ao pontos essenciais de seu projeto continental, inclusive porque alguns dependiam diretamente da concordância entre a teoria e a capacidade de mobilização do povo, que FH não tinha.
Para o Diálogo, a eliminação das causas da imigração menos desejada, de latinos, impunha conseguir que as forças guerrilheiras, ligada ao Foro, se transformassem em partidos políticos e passassem a disputar o poder pelo voto, imaginando que assim eles, ganhando algumas eleições, apoiados pelo Diálogo para tomarem posse e se manterem no poder, se convenceriam da vantagem do jogo democrático, e se tornariam civilizados, mesmo depois de conquistar o poder.
Isto, apesar de diversos exemplos históricos, inclusive o de Hitler, em que as eleições serviram para chegar ao poder, sendo, posteriormente, transformados em sistemas totalitários ou similares, com a ingenuidade dos ocidentais, sempre dispostos a imaginar que os ideais democráticos, com sua base de sustentação no voto popular, acabem por conquistar os que só estão dispostos a governar pela força. O Diálogo, todavia, acreditava na sua força de manter o voto como um fator de democracia e, portanto, sem provocar o êxodo das populações atingidas por regimes de força, da esquerda ou da direita.
A tolerância inglesa com Hitler eleito, que vem se repetindo com a tolerância, dos Estados Unidos e outros países, com Chávez, pelo fato de ter sido eleito na Venezuela, mas na qual se prepara claramente um sistema ditatorial, baseado na “revolução” bolivariana, numa nova e bastante repetida demonstração da ingenuidade anglo-americana, que, depois, é obrigada a pagar o preço de uma guerra absurda, como já admitiu Kissinger, em relação a um segundo Vietnã na Colômbia, com o fracasso, que ele entende inevitável, do Plano Colômbia. Sem esquecer que foi ele quem assinou o documento de 74...
Na realidade, o voto é apenas um meio de exercer a democracia, mas não é ele que define a sua essência, mas, fundamentalmente, o respeito, pelos detentores do poder, da dignidade e da liberdade do homem.
E, agora, com o covarde ataque que os Estados Unidos vêm de sofrer, em Nova York e Washington, que só não atingiu a Casa Branca porque, por força de ligações de celulares, pelos passageiros, já se sabia que o avião em que estavam seria utilizado pelos terroristas, que já tinham dominado a tripulação desse quarto avião, para um alvo importante, e que todos seriam mortos, de tal modo que os tripulantes e passageiros entraram em luta contra os que dominaram a direção do avião e este acabou se estatelando no chão em Pittsburg, sem cumprir a missão dos loucos que planejaram a operação. Todos morreram, mas evitaram morrer no alvo dos terroristas...
Volto ao assunto: voto é forma; democracia é conteúdo. E conteúdo representativo, que ainda não foi alcançado, com a plenitude e suficiência necessárias, na AL. Mas, enfim, foi o que propôs o Diálogo: que a esquerda, mesmo radical e guerrilheira, revolucionária e marxista, abandonasse a forma atual de tomar o poder, pela revolução e optasse pela participação em eleições, tendo como contrapartida o apoio o Diálogo para nele permanecer, pensando que, assim, evitariam as imigrações, pois não haveria repressão interna de caráter totalitária. Será que vão apreender com Chavez? E também, agora, com o Haiti?
Com isso, também em contrapartida, haveria reação do Diálogo e de suas imensas influências nos Estados Unidos, a qualquer tipo de repressão militar ou policial à esquerda, que também resultava em imigração indesejada, forçada. A tudo, se acrescia um esforço para que os governos fizessem acordos de paz com os que atuavam revolucionariamente, colaborando por todas as formas, para que a paz fosse obtida, de modo a permitir a formação dos partidos políticos de esquerda revolucionária, como aconteceu com o M-19 e outros movimentos, até quando não se sabe. Esta aí a causa do acordo de paz com a Farc, entregando-lhe um território à sua administração, sem conseguir o objetivo.
De qualquer forma, também o auto-golpe de Fujimori, eleito, já gerou certas desconfianças, mostrando que a estabilidade pode ser atingida, tanto de fora para dentro como ao contrário, e de forma a se tornar difícil uma ação coletiva eficaz. Além disso, não se pode esquecer que o auto-golpe foi, em suas conseqüências, muito menores do que a luta armada levada a cabo pelos Senderos, com milhares de mortos e que agora volta a ameaçar o Peru.
A outra questão para o Pacto de Princeton, onde também FHC foi professor, durante seu exílio voluntário, durante o regime de 64/68, era o controle populacional, mas através, agora de parte também do Diálogo, por formas radicais, mas em uso em alguns Estados americanos, ou seja, pela legal ização, na América Latina, do aborto, da esterilização e da união de homossexuais. Nos EE.UU. existem 600 mil lares constituídos por homossexuais, mesmo que ainda não oficializados por leis civis ou atos oficiais, que, todavia, já vem acontecendo em certas regiões.
As forças de esquerda, no compromisso com o Diálogo, dariam a sua colaboração para atingir a legislação necessária a oficializar essas questões, que, evidentemente, teriam, previsivelmente, a oposição da Igreja Católica, que precisaria ser enfraquecida com a noção de um misticismo individualista, que seria o determinante nas relações de cada um com Deus, sem necessidade de Igreja, sacramentos ou sacerdotes, ou, pelo menos, minimizando a presença desses elementos na população. Frei Beto e Frei Boff escreveram um livro defendendo esta tese.
De outra parte, as questões levantadas, impunham também o enfraquecimento das elites, ou seja, dos partidos que sempre deram sustentação às elites dos países, responsáveis pela pobreza, que, no caso do Brasil, por conclusão não declarada, eram o PFL, PPB, e seus líderes, como ACM, Maluf, etc., além de empresários e suas bases de sustentação na estrutura de governo.
Não podia se deixar de ter presente que, nos quinhentos anos de civilização no continente, os pretendidos suportes dessas elites, nessa visão de Princeton, eram as Forças Armadas e, especialmente a Igreja Católica, com a exceção da Teologia de Libertação, que só se diz católica por necessidade de permanecer atuando dentro dela. Há exceções de praxe, daqueles que se preocupam com a questão social, sem se recordar da doutrina social da Igreja e da sua atuação através dos séculos, na defesa da vida, da liberdade e da dignidade do homem, muito acima do que hoje se entende por direitos humanos. As Santas Casas e as escolas espalhadas por todo o país, fizeram mais pelo país do que as estruturas governamentais.
Isto implicava noutro ponto do Pacto, que era o enfraquecimento das Forças Armadas, pela sua redução, de um lado, e por nova destinação, de outro, e pela redução da capacidade de decisão das referidas Forças, por elementos a elas pertencentes, além de reduzir seus quadros e usá-las nas Forças de Paz da ONU. As Forças Armadas tem sua origem na necessidade, em certos momentos, de dar suporte para a diplomacia ou para ataques, como o que acaba de sofrer os Estados Unidos. Há também situações internas, que dizem respeito a manutenção da ordem e da lei, que ultrapassam as condições das policias, que obrigam a presença das Forças Armadas.
Quem é o ingênuo que sustentará que qualquer outro país da AL não poderá passar por situações semelhantes, como já sofreu na luta armada desencadeada por Castro no Brasil e outros países da América Latina? Inclusive na Bolívia, onde morreu o argentino-cubano Che Guevara.
Como afirmar que, dentro dessa missão, não tenham de influenciar a política interna em razão de uma política de defesa, que exige debates internos, entre civis e militares? Como afirmar que a tradição da AL não exija, especialmente como mostra a história do Brasil, a necessidade de se fazer ouvir em certas ocasiões, especialmente em face da qualidade sofrível da classe política brasileira.? Ninguém quer regimes militares, mas ninguém quer regimes civis que deixem o brasileiro sem esperanças de construir um futuro adequado para seus filhos. A classe civil que ponha a mão na consciência antes de criticar os pronunciamentos militares em prol de um país que é de todos e em que todos são cidadãos. A AL não é os EE.UU. e, por isso, os EE.UU não deve querer impor a sua visão sobre o assunto, na AL, sob pena de desestabilizá-la.
De parte do Foro, na reunião de Princeton, foi colocada a questão do Haiti, onde Aristide, eleito, tinha sido retirado do poder pelas Forças Aramadas, devendo retornar a ele, o que redundou num fracasso, que agora se tenta corrigir, inclusive com envio de contingentes das FFAA brasileiras, dentro da nova destinação...
Também, foi assumido, na reunião de Princeton, o compromisso de contribuir para a abertura de Cuba, em aspetos comerciais, inclusive turismo, em maior escala, desde que essa “abertura” ficasse dentro dos limites que assegurassem que o regime fosse mantido, sem riscos, apesar de não ter sido eleito, há já 42 anos, como agora afirmou Fox, presidente do México, além do presidente de El Salvador, que só admite restabelecer relações diplomáticas com Cuba, após a adoção do regime democrático. O certo é que, depois disso, a ONU aprovou a intervenção no Haiti. Não fez o mesmo em relação a Cuba, apesar de Fidel não ter sido eleito.
O Diálogo, mais recentemente, formou uma Comissão Parlamentar, do qual José Genoíno e dois outros parlamentares brasileiros, inclusive um do PSDB, fazem parte, certamente com vistas à alteração da legalização do aborto, esterilização e união civil de homossexuais. O programa do PT não incluiu estes pontos, mas permitiu aos parlamentares agirem como entendessem, no Encontro Nacional que se seguiu ao Pacto com o Diálogo.
Dentro desse contexto, realizou-se a reunião de Havana, de Julho de 93. As decisões foram, fundamentalmente três, afora o habitual dos manifestos da esquerda continental. Primeiro, decisão incondicional de todas as forças ali reunidas, no sentido de dar todo o apoio à Cuba, durante o período especial, decorrente da cessação do auxílio soviético e do leste europeu, inclusive com a compra de remédios e estímulo ao turismo. Itamar, visitado por Lula, adquiriu 300 milhões em remédios de Cuba, para entrega parcelada. Convênios de assistência médica familiar com Municípios, etc. Agora se pretende que os médicos formados em Cuba não tenham que passar por cursos de adaptação, a que são obrigados os formados em outros países.
Segundo, concentração de esforços de todas as forças do Foro para eleger Lula, tendo em vista a necessidade de uma base territorial e de um governo de expressão, para dar suporte ao que viria a ser uma espécie de União ou Federação (nome dado por Chávez), das Repúblicas Socialistas da AL, (URSAL no lugar da URSS...) facilitada pela quase unidade lingüística. No âmbito da imprensa atuaria, como atuou, escrevendo a favor de Lula, inclusive, em Clarin, de Buenos Aires, Jorge Castañeda, atual ministro de Relações Exteriores de FOX, mas assessor, na época, de Cárdenas, um dos líderes do Foro e ligado aos zapatistas.
O terceiro objetivo definido na reunião do Foro, em Havana,, seria impedir o desenvolvimento da Nafta , que iria entrar em vigor no dia primeiro de janeiro de 94, no México, com provável expansão para outros países, colocando-se a luta dentro do tema do combate ao neo-liberalismo, por todas as formas possíveis. Nesse mesmo dia, houve o levante zapatista...
Não houve, na reunião de Havana, qualquer referência, pelo menos pública, ao acordo com o Diálogo Interamericano, nem aos compromissos assumidos, inclusive sobre a transformação das guerrilhas em partidos ou a cessação de levantes ou luta armada, tanto que, logo a seguir, houve o levante de Chiapas (1/1/94), sem que, naquela época, os zapatistas, de caso pensado, não participassem do Foro, o que só veio a ocorrer mais tarde.
Se algumas forças do Foro se tornaram partidos, outras, como a FARC e o ELN fazem “cenas” de participação em negociações de paz, que nunca chegarão ao um final, a não ser com a tomada do poder por eles. O MST também faz parte do Foro e da estratégia deste para toda a AL. Tudo indica que os Senderos estão de volta, bem como os Montoneros, enquanto a Frente Ampla e o Movimento Sandinista se preparam para ganhar as eleições. em seus países, e a Frepaso rompe com o governo de la Rua, que acabou na rua.... Todos integram o Foro.
Por final, Lula aceitou, em 93, convite de Fernando Henrique para entrar no Diálogo, de que faz parte, com restrições, enquanto o seu introdutor não consumou a expectativa de apoiar Lula em 94, que estava no bojo deste Pacto continental, com repercussões na vida dos países do continente, embora não implicasse em união forçada dos seus participantes. Na verdade. Com sua nomeação para o Ministério da Fazenda e o Plano Real, FHC anteviu a possibilidade de se candidatar, deixando Lula a ver navios, mas só decidiu faze-lo, em fevereiro de 94, quando teve certeza do apoio de ACM e do PFL.
O Pacto continua de pé, embora fragilizado, inclusive porque, com a eleição de Chávez, e a atuação da Farc, o Diálogo se sente falando sozinho, embora, em suas análises, sustenta que agora Lula é confiável e até democrata, como se não continuasse o seu compromisso fundamental com Fidel Castro, o maior ditador totalitário já visto na AL. Ao mesmo tempo, os principais representantes de ambas, FHC e LULA, para a AL, não estão rezando pela mesma cartilha, pelo menos por enquanto. Desde que mantenham certos princípios do Diálogo, podem brigar, um com o outro, à vontade, sem causar maiores danos aos objetivos estratégicos do Diálogo.
De outro lado, o instrumento fundamental do chamado neo-liberalismo, ou seja, a globalização, oferece dificuldades que sequer exige muito empenho da esquerda para pô-lo em cheque. Tudo indica que, neste início do Milênio, a América Latina vai ter um papel de grande relevância para o mundo futuro e quem mais parece saber disso é a China.
Já agora, com os novos acontecimentos nos Estados Unidos, que mudaram o mundo, que vai obrigar à tomada de posição de parte de gregos e de troianos, como na 2ª Guerra Mundial, creio que cumpri meu dever, em época oportuna, de transmitir a análise que fiz em pesquisas documentadas e, evidentemente, algumas conclusões de minha autoria. Em 94, quando escrevi a “Estratégia da Utopia”, antes da pesquisa, e, depois um relato de parte dos fatos acima, enviei, por dever de consciência, para todos os Bispos Brasileiros, para os principais jornais, dentro os quais ‘O ESTADO”, “A FOLHA, ‘O GLOBO”, este entregue ao advogado, na época, de Roberto Marinho, para a ABRIL, e “ISTO É”, tendo alguns jornais enviado jornalistas em casa, para aprofundar a matéria.
Os únicos que publicaram algo, foram “A TRIBUNA”, de Santos, que provocou processo eleitoral do PT contra mim, inadmitido pelo Juiz, e o “CORREIO BRASILIENSE”, que, inclusive pesquisou na Argentina e no Uruguai e entrevistou Lula, que não rejeitou a sua ação de coordenação da esquerda latino-americana, publicando duas páginas inteira sobre o assunto, na época e que, certamente, continua à disposição de quem tenha interesse pela matéria,
Cumpro a minha tarefa de cidadão, ficando o resto por conta de V.Sas., sem que eu faça distinção de qualquer natureza entre os destinatários.
E, para ficar claro a quem ler este documento, ele foi atualizado, da data original em que foi escrito, para o ano de 2004, em alguns de seus tópicos.


domingo, 1 de junho de 2014

O Diálogo Interamericano e as Forças Armadas dos Países


“Se tudo isso falhar, abolir as Forças Armadas”. (Samuel Huntington)

Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Carlos I. S. Azambuja

Desde algum tempo, referências vêm sendo feitas por publicações diversas, nacionais e internacionais, ao Diálogo Interamericano. Todavia, somente poucas pessoas têm conhecimento pleno do que venha a ser isso.

Sem a pretensão de querer esgotar o assunto, é interessante conhecer um breve resumo do que se convencionou denominar Diálogo Interamericano.
Aproveitando o aparente caos político e institucional na América Latina em seguida à guerra das Malvinas e à crise da dívida externa, ambas em 1982, interesses internacionais moveram-se rapidamente buscando manter seu domínio político e econômico na região. Desse esforço surgiu o que se convencionou chamar Diálogo Interamericano.

Em junho, julho e agosto de 1982 foram organizados três seminários para debater as repercussões da guerra das Malvinas nas relações interamericanas, sob os auspícios do Centro Woodrow Wilson, uma espécie de banco de cérebros, com sede em Washington. O Centro Woodrow Wilson foi criado em 1968 pelo Congresso dos EUA, como “um centro privado de investigação e documentação política”. 

O Centro é dirigido por uma junta composta por 8 funcionários oficiais, dentre os quais o Secretário de Estado, e outras 11 personalidades do setor privado, porém nomeadas pelo governo. Entre essas personalidades figuram luminares das finanças, como John Reed, presidente do Citibank, Max Kampelman, presidente honorário daLiga Antidifamação B’nai B’rith, e Dwayne O. Andreas, presidente do gigantesco cartel graneleiro Archer Daniels Midland.

No primeiro dos três seminários realizados após o término da guerra das Malvinas, Heraldo Muñoz, então professor da Universidade do Chile, argumentou que o intento de recuperar a soberania sobre as ilhas Malvinas “só foi possível porque não havia um governo democrático na Argentina”. Muñoz, posteriormente, foi nomeado embaixador do Chile perante a OEA (Organização dos Estados Americanos).

No segundo seminário, Viron Varky, ex-funcionário do Departamento de Estado dos EUA, e Nicolas Ardito Barleta, arquiteto do sistema financeiro do Panamá e então vice-presidente do Banco Mundial, chegaram à conclusão que a crise oferecia a oportunidade de se criar “um sistema de governo hemisférico mais forte”.
No terceiro seminário, o ex-embaixador norte-americano William Luers opinou ser necessária uma maior comunicação entre os EUA e a América Latina.

Desses seminários surgiu a idéia do Diálogo Intermaricano e, de outubro de 1982 a março de 1983, o Centro Woodrow Wilson patrocinou uma série de reuniões já dentro dessa idéia, nas quais 48 delegados da América Latina e dos EUA, a título pessoal, debateram um longo temário. Todavia, é certo que o apoio oficial do governo norte-americano a esse esforço foi mais além dos auspícios do Centro Woodrow Wilson, considerando-se que a reunião de fundação do Diálogo, em 15 de outubro de 1982, contou com a presença do então Secretário de Estado George Shultz e do Subsecretário de Estado para Assuntos Interamericanos, Thomas Enders.

A fundação do Diálogo Interamericano reuniu a nata do establishment norte-americano. Membros da Comissão Trilateral eram maioria no grupo que fundou o Diálogo (a Comissão Trilateral é uma entidade fundada em 1973 por David Rockefeller, Zbigniew Brzezinski e cerca de 200 personalidades do setor econômico, principalmente banqueiros, dos EUA, Europa Ocidental e Japão, intitulada “uma iniciativa provada da América do Norte, Europa e Japão para assuntos de interesse comum”).

A partir de 1973 e até a queda do Muro de Berlim, em novembro de 1989, e o desaparecimento da União Soviética, em dezembro de 1991, viu-se um Primeiro Mundo unido em torno daComissão Trilateral, um Segundo Mundo agrupado em torno da falida ideologia socialista e umTerceiro Mundo subdesenvolvido, praticamente à mercê dos ditames dos outros dois mundos no que diz respeito à proliferação da energia nuclear, terrorismo, direitos humanos, desmatamento e venda de armas convencionais.

Abraham Lowental, do Centro Woodrow Wilson, é uma espécie de diretor-executivo do Diálogo Interamericano. Desde sua fundação, o Diálogo passou a propor a criação de estruturas supranacionais para monitorar as atividades militares no hemisfério. Em um de seus primeiros documentos, “As Américas na Encruzilhada”, foi apresentada a proposta de encarregar a OEA da vigilância de ditas atividades militares, e que os direitos humanos servissem de pretexto para a intervenção da Organização dos Estados Americanos, adiantando-se ao que viria a se transformar em uma campanha que vem sendo desenvolvida nos bastidores da ONU.

O documento “As Américas na Encruzilhada” afirmava que a “a ação multilateral cuidadosamente considerada, para proteger direitos humanos fundamentais, não é uma intervenção e sim uma obrigação internacional”. O documento instava também a um diálogo dos governos de El Salvador, Nicarágua e Guatemala com os respectivos “movimentos de oposição” (expressão usada para denominar a guerrilha e a luta armada nesses países) para encontrar uma forma de resolver as “controvérsias” sobre uma base que reconhecesse “os interesses vitais de cada parte”, ou seja, dos governos e da guerrilha, definindo a luta armada como “uma controvérsia”.

Em abril de 1986 o Diálogo emitiu um novo documento, descrevendo os três temas principais possíveis de controlar os acontecimentos políticos no hemisfério:

- que se formalizasse o “direito” da União Soviética - já em estado terminal - de expressar-se nos assuntos do hemisfério;

- que as drogas estupefacientes fossem legalizadas;

- que se construísse uma “rede democrática” com poderes suficientes para opor-se “aos comunistas e aos militares”, colocados, assim, em pé de igualdade.
Para lograr este último objetivo, o documento do Diálogo considerou ser urgente reduzir a participação militar em “assuntos civis”.

Em fins desse ano de 1986, o Diálogo pôs em marcha um projeto que culminou com a publicação, em 1990, do chamado “Manual Bush”, uma obra anti-militar editada em espanhol com o título “Los Militares y la Democracia: El Futuro de las Relaciones Cívico-Militares en América Latina”, que sugeria o desencadeamento de uma guerra econômica contra os militares latino-americanos, assinalando que “o nível de recursos a ser destinado aos militares”  deveria ser questionado e mudado, como uma das formas mais efetivas de “conter a influência das Forças Armadas dos países ao sul do Rio Bravo”. O flanco econômico transformar-se-ia, assim, rapidamente, no ponto forte da guerra contra os militares da América Latina.

Em 17 de junho de 1990, o “Jornal de Brasília” publicou matéria segundo a qual, em Washington, a Comissão Trilateral, em uma reunião, defendera a substituição das Forças Armadas dos países subdesenvolvidos, notadamente da América Latina, por forças regionais de defesa, uma Força Interamericana de Defesa. Na mesma reunião, o expert espanhol Julio Feo condenou o excessivo crescimento populacional nos países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos, pois “o excesso populacional agride a natureza e provoca o aquecimento da Terra”. Foram também recomendados pactos mundiais para forçar as nações atrasadas ao cumprimento de rigorosas medidas protecionistas do meio ambiente, em troca da promessa de redução de suas dívidas externas.

Ao propor a criação de forças regionais de defesa, foi assinalado que a Guerra Fria acabara e que não havia mais riscos de comunismo na América Latina. Sobre a eliminação das Forças Armadas nacionais, a conclusão da Trilateral é a de que em muitos países da América Latina elas tendem a “ser promotoras institucionais vigorosas de comportamentos nacionalistas”.

Por fim, a reunião da Comissão Trilateral apontou outra vantagem para a substituição das Forças Armadas tradicionais por uma Força Regional de Defesa: os militares da América Latina teriam uma ocupação “mais útil, reduzindo-se sua propensão histórica ao envolvimento nos assuntos políticos de seus países”.

Em dezembro de 1990, durante uma visita ao Cone Sul, o então presidente George Bush batizou esse projeto global da era pós-Guerra Fria (o Muro de Berlim já havia caído, em 9 de novembro do ano anterior) com o pomposo nome de “Nova Ordem Mundial”, projeto que deveria ser imposto através da democracia. Aduziu, todavia, que esse “novo amanhecer” não surgiria sem uma quota de sofrimento: “A mudança não será fácil. As economias que agora dependem da proteção e da regulamentação do Estado deverão abrir-se à competitividade. Por um tempo a transição será penosa (...) Tais mudanças ajudarão a eliminar as falsas distinções entre o Primeiro Mundo e o Terceiro Mundo, que por demasiado tempo já limitaram as relações políticas e econômicas nas Américas”.

Recorde-se que nesse mesmo mês, em 4 de dezembro, um dia após a revolta militar na Argentina comandada pelo coronel Mohamed Ali Seineldin, o embaixador da Argentina no Brasil, José Manoel de La Sota, propôs a formação de “uma aliança no Cone Sul em defesa da democracia”, a qual utilizaria sanções econômicas e, inclusive, intervenções armadas contra qualquer país-membro que não mantenha “um sistema democrático”. 

Essa proposta foi formulada em um almoço onde se encontravam o então presidente Collor e 21 embaixadores latino-americanos, durante uma visita do presidente Bush ao Brasil. O “Financial Times”, de Londres, de 11 de janeiro de 1991, referindo-se a esse fato, expressou que o Ministro da Fazenda argentino Domingo Cavallo, “está tratando de interessar seus vizinhos em um pacto de segurança regional que manterá os generais fora da política e ocupados com deveres não ameaçadores, como proteger o meio ambiente e erradicar o narcotráfico”.

Prosseguindo, em 15 de abril de 1991, Luigi Einaudi, então homem-chave do Departamento de Estado no projeto anti-militar denominado “Manual Bush”, e na época também embaixador dos EUA junto à OEA, disse, em um seminário sobre “O Futuro da OEA e a Segurança Hemisférica”, realizado no Centro Woodrow Wilson, que as atuais estruturas da OEA e da Junta Interamericana de Defesa (JID) “são inadequadas para garantir a segurança hemisférica”. Expressou sua “grande frustração pela incapacidade de reunir a OEA e a JID - a autoridade política e a autoridade militar institucional -. Está claro que é hora de que traduzamos a solidariedade democrática que temos logrado no hemisfério em uma definição e papel para os militares”.

Posteriormente, ainda em abril de 1991, um dos membros fundadores do Diálogo Interamericano, o ex-Secretártio de Defesa dos EUA, Robert McNamara, em discurso durante a reunião anual do Banco Mundial, entidade da qual foi presidente, exigiu que as instituições financeiras internacionais condicionassem suas ajudas a drásticas reduções dos orçamentos militares das nações que recebiam ditos benefícios. Essas reduções, segundo McNamara, acelerariam o processo de substituição das instituições militares nacionais por forças supranacionais da ONU. 

A doutrina de segurança da Nova Ordem Mundial deveria ser a “ação coletiva” de conformidade com a intervenção da ONU no Iraque. McNamara instou que a OEA também se transformasse: “Um acordo do Conselho de Segurança da ONU de que os conflitos regionais que coloquem em perigo a integridade territorial sejam enfrentados com a aplicação de sanções econômicas e, se necessário, ações militares impostas por decisões coletivas e utilizando forças multinacionais (...) Um mundo assim necessitaria de um líder e não vejo alternativa a que o papel de liderança seja cumprido pelos EUA (...) Organizações como a OEA e a Organização de Unidade Africana (OUA) devem funcionar como braços regionais do Conselho de Segurança”.

Em fins de novembro de 1991, Guillermo Kenning Voss, importante empresário boliviano, na época presidente da Corte Eleitoral de Santa Cruz de la Sierra, definiu que a Bolívia já não precisava de Forças Armadas. Logo em seguida, em 1 de dezembro, o jornal boliviano “Última Hora”, analisando essa declaração, transcreveu trechos do “Manual Bush”.

Quando ficou claro que os militares e civis bolivianos levavam a sério a existência desse Manual, a embaixada dos EUA em La Paz difundiu, em 7 de dezembro, um comunicado à imprensa esclarecendo que o chamado “Manual Bush” é o livro “Os Militares e a Democracia”, mas que ele, todavia, “não tem qualquer relação com o governo norte-americano”, o que não é verdade, pois o prefácio do livro assinala que o governo dos EUA custeou o projeto e que o Exército, o Departamento de Defesa e o Departamento de Estado deram assessoria e apoio logístico para realizá-lo.

Em maio de 1992, os uruguaios Juan Rial e Carina Perelli, membros de uma sociedade de análise política uruguaia, denominada “PEITHO”, considerada o braço latino-americano do Diálogo, entrevistados no programa de rádio “En Perspectiva”, entrevista posteriormente publicada na revista “Círculo Militar”, do Uruguai, argumentaram que as mudanças nas Forças Armadas são necessárias; disseram que as nações necessitam de Forças Armadas, mas elas devem ser“reestruturadas” segundo as normas fixadas pela “Nova Ordem Mundial”: cortes orçamentários, redução de efetivos, abandono da missão histórica de defender o Estado Nacional, participação em forças multinacionais, etc. “As Forças Armadas terão que aceitar que as coisas não podem continuar como até agora; que certas mudanças terão que ser feitas, porque há uma mudança muito forte em nível mundial que indica que as grandes organizações de tipo estatal estão em crise (...) As Forças Armadas, como uma instituição estatal, sofrem o mesmo destino que todos os demais organismos do Estado: perdem poder, perdem dinheiro e perdem lugar”. Perguntados sobre qual o papel das Forças Armadas latino-americanas, hoje, Juan Rial e Carina Perelli responderam: “Fundamentalmente, sobreviver”.

Posteriormente, em um simpósio de três dias realizado no Centro Woodrow Wilson, em Washington, no período de 19 a 21 de outubro de 1992, sob o título “Ensinamentos da Experiência Venezuelana”, dedicado a analisar as conseqüências, tanto na Venezuela como em toda a região, do levante militar ocorrido naquele país em 4 de fevereiro de 1992 contra o então presidente Carlos Andrés Perez, os participantes foram mais francos do que de costume e apontaram os militares como um dos grandes fatores que mantêm viva na América Latina “a cultura do nacionalismo econômico” e, com isso, as possibilidades de rebelião.

Registre-se que, nesse seminário, o analista militar brasileiro Alexandre Barros - foi assessor do comando da Escola Superior de Guerra em 1973 e 1974 e posteriormente passou a preparar análises de risco para investidores estrangeiros no Brasil -. Em 30 de outubro de 1988, em uma dessas análises de risco, declarou ao jornal “O Estado de São Paulo” que o Brasil “está caminhando para um golpe de Estado”, pois o governo Sarney “é fraco, hesitante e indeciso, portanto perigoso para o capital estrangeiro”. 

Encabeçou os ataques contra os militares, jactando-se, com arrogância, de que o desmoronamento de seus salários e do seu prestígio criaram uma “profunda crise de identidade entre os militares no continente”, assegurou que “está crescendo a brecha entre gerações novas e velhas” na instituição militar, e que “a geração mais jovem está imbuída do ponto de vista da sociedade civil (..) Ao ir-se ajustando as novas democracias ao neoliberalismo, os militares tendem a uma visão retrospectiva de buscar o nacionalismo e de regressar à política antiga. Porém, isso mudará, pois a profissão de militar está a ponto de converter-se em uma profissão como qualquer outra”.

Em 14 de dezembro de 1992, o boletim do FMI, “IMF Survey”, referiu-se a um Foro realizado na sede do órgão, em Washington, para discutir o tema de se as instituições financeiras internacionais “têm responsabilidade e recursos para pressionar os países (...) a reduzir o nível de seus gastos militares”.

Nesse Foro, Russel Kincaid, então chefe da Divisão de Facilidades e Emissões Especiais do FMI, fazendo eco da tese central do discurso de McNamara, em 1991, argumentou que o objetivo a ser buscado é “a segurança coletiva (...) que suplante os mecanismos de segurança individual”, acrescentando que alguém ainda terá que “fazer o papel de gendarme mundial”.

O projeto anti-militar busca, sem dúvida, implementar mudanças na Carta da OEA, como já foi exposto. Foram propostas duas mudanças principais: a primeira, objetivando estabelecer mecanismos para suspender ou expulsar da OEA qualquer país cujo governo seja considerado“não-democrático”; a segunda, colocar a Junta Interamericana de Defesa sob a autoridade direta da OEA. Atualmente as atividades da JID limitam-se às de um corpo consultivo dos representantes dos Estados-membros. Caso a Carta da OEA venha a ser emendada, a JID poderia ser transformada em uma força militar supranacional dirigida pela OEA, da mesma forma que são os capacetes azuis da ONU.

Em 27 de outubro de 1992, em uma teleconferência sobre o tema “Relações Cívico-Militares”,organizada pelo Serviço de Informações dos EUA (USIA), o general John Galvin, ex-comandante do Comando Sul dos EUA, explicou que uma aliança como a OTAN, neste hemisfério, poderia levar à redução do tamanho das forças militares: “Poderíamos evitar a necessidade de pensar em uma Força Aérea, Naval e Exército tão grandes para proteger-nos de países vizinhos”.

Robert Pastor Jr., assessor para assuntos de América Latina do Conselho de Segurança Nacional do ex-presidente Jimmy Carter e assessor da equipe de transição do presidente Bill Clinton, escreveu um artigo na influente revista trimestral “Foreign Policy”, da Fundação Carnegie para a Paz Internacional, no outono de 1992, apontando quatro motivos para a criação de uma força militar regional: a necessidade de “uma força da OEA contra o narcotráfico; uma força para supervisionar as tréguas; uma força de paz internacional para restaurar a democracia; e o emprego de “uma pequena força interamericana” para defender o Canal do Panamá, agora que o Panamá já não tem Forças Armadas. 

Pastor propôs ainda que se estabelecesse na região “um centro independente com autoridade para reunir informação detalhada sobre todas as vendas de armas, dando-se o prazo de um ano aos governos para planejar reduções de 50% em suas compras de armas e gastos de defesa, com exceção dos EUA, que tem responsabilidades globais”. Observou que haveria resistência das lideranças militares, “mas isso poderia ser contido, porque a melhor forma de incentivá-los na nova ordem democrática é empregá-los, em forma moderna e legítima, como guardiões da paz internacional”, ou seja, integrando Forças de Paz da ONU. Segundo Pastor, as disputas fronteiriças deveriam também ser submetidas a um controle supranacional, enumerando as disputas territoriais entre El Salvador e Honduras, Peru e Equador, Bolívia e seus vizinhos do Pacífico, e Venezuela e Colômbia, entre outras.

Outro perigoso movimento destinado a fragmentar as nações latino-americanas é o chamado “Movimento pelos Direitos Indígenas”, grupos que operam em quase todos os países do continente. Onde não há indígenas nativos, missionários e antropólogos estrangeiros os constituem ou reconstituem. Esse movimento é financiado, dirigido e promovido desde o exterior como uma força dirigida explicitamente contra o Estado Nacional. Observe-se que em fevereiro de 1993, o Diálogo Interamericano constituiu um grupo de trabalho encarregado de“Divisões Étnicas e a Consolidação da Democracia nas Américas”, com o objetivo expresso de “estimular o debate entre os povos do hemisfério sobre a relação entre os governos e os povos indígenas” e se propôs emitir aos governos da região “recomendações programáticas práticas” sobre a matéria.

Finalmente, nos dias 24, 25 e 26 de julho de 1995, em Williamsburg, Virgínia, EUA, foi realizada uma conferência com a presença dos Ministros da Defesa dos países da América, à exceção de Cuba. A agenda dessa conferência foi a seguinte: transparência e medidas de confiança mútua; cooperação defensiva pós-Guerra Fria; Forças Armadas nas democracias do século XXI. O jornal “Gazeta Mercantil” de 25 de julho, comentando a conferência, escreveu que “os Exércitos das Américas receberão uma lição coletiva e interativa sobre os direitos humanos na primeira reunião da história dos ministros da Defesa da região (...) uma disciplina que o Pentágono introduziu recentemente na controvertida Escola das Américas, em Fort Benning, Geórgia”.

Essas foram, em resumo, as proposições de personalidades, organizações governamentais e não-governamentais dos países do chamado Primeiro Mundo, após o fim da Guerra Fria e do socialismo real, para a estruturação de uma Nova Ordem Mundial que preencha o vazio deixado pelo fim das preocupações estratégicas de lideranças de todo o mundo, das contradições Leste-Oeste, e anteponha-se a antigos problemas que, embora dados como sepultados, ressurgem, como o racismo, o nacionalismo extremado e a religião como fatores aglutinadores de povos, redefinindo unilateralmente conceitos de segurança, estabilidade, ordem e democracia, invadindo áreas da exclusiva competência dos Estados nacionais, notadamente na América Latina, como o tamanho e a finalidade das Forças Armadas, definidas pelas constituições de cada Estado Nacional soberano.

Finalmente, observamos, então, que a Comissão Trilateral e o Diálogo Interamericano buscam os seguintes objetivos:

- manter a hegemonia econômica, militar, política e social dos EUA no mundo;

- evitar o desgaste dos chamados países centrais, seja pela concorrência entre si, seja por intromissão em áreas de influência alheias;

- impor aos países em desenvolvimento e ao chamado Terceiro Mundo um sistema de divisão de trabalho, onde lhes caiba fornecer produtos agrícolas, matérias-primas e mão-de-obra de baixo custo;

- garantir o fluxo de matérias-primas e insumos energéticos - especialmente petróleo - para ospaíses centrais;

- agir no sentido de que, no futuro, as fontes de energia do planeta estejam sobre o controle exclusivo dos países centrais;

- impedir que os países periféricos consigam dominar o ciclo completo de geração de energia nuclear, utilizando para isso o argumento da não-proliferação de armas nucleares;

- manter algumas áreas, ricas em matérias-primas e minerais, sob controle internacional, para uma futura exploração, em benefício próprio;

- estrangular economicamente os países periféricos que se recusarem a aceitar a divisão de trabalho estabelecida;

- intervir militarmente nas áreas onde houver o que for considerado uma grave ameaça aos interesses dos países centrais, rateando entre si os ônus financeiros dessas atividades.

As Forças Armadas e os Órgãos de Inteligência dos países-alvo são encarados, como revelam os dados aqui transcritos, “os maiores inimigos dessas atividades” e, portanto, devem ser desmantelados, desmoralizados, oprimidos economicamente, transformados em órgãos policialescos e, se necessário, eliminados. Recordamos a intensa campanha desenvolvida em passado recente por determinados órgãos da mídia visando ridicularizar os membros dos Órgãos de Inteligência - “arapongas” - , minimizar a importância das Forças Armadas e desmantelar a indústria bélica “numa era em que a ameaça comunista deixou de existir”.

Esta matéria é concluída com um trecho do livro “A Terceira Onda - A Democracia no Final do Século XX”, de Samuel Huntington, considerado o ideólogo da Comissão Trilateral, professor da Universidade de Harvard, especialista em assuntos de segurança e governo desde 1957:

“Deve-se reduzir drasticamente o número de tropas sediadas na capital e arredores. Elas devem ser deslocadas para as fronteiras e outros lugares despovoados e relativamente remotos.

Deve-se dar-lhes brinquedos. Isto é, proporcionar-lhes tanques novos e bonitos, aviões, veículos blindados, artilharia e equipamentos eletrônicos sofisticados. O equipamento novo os manterá contentes e ocupados, tratando de aprender a manejá-lo (...) Os militares devem ser advertidos de que só continuarão recebendo seus brinquedos se tiverem bom comportamento, porque os legisladores norte-americanos não vêem com bons olhos a intervenção dos militares na política.
Já que aos militares lhes encanta o reconhecimento (...) assistir às cerimônias militares, outorgando-lhes medalhas (...) Alcançar e manter um grau de organização política capaz de mobilizar apoio nas ruas da capital, em caso de tentativa de golpe militar.

“Se tudo isso falhar, abolir as Forças Armadas”.

Dados Bibliográficos: 
- “El Complot para Aniquilar a las Fuerzas Armadas y a las Naciones de Iberoamérica”, de autoria de Executive Intelligence Review, Washington, 1993
- noticiário da imprensa nacional e internacional.

Carlos I. S. Azambuja é Historiador.