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terça-feira, 5 de abril de 2011

Carta Aberta ao Menino
Por Arlindo Alexandre

Caro menino Kennedy Alencar, colunista da Folha de S. Paulo. Tenho 70 anos e estou agora apreciando a desinformação massiva que confunde este sofrido e trabalhador povo brasileiro.

Desejo que lhe sobre tempo para refletir um pouco sobre a história como um todo, diferente de apreciar detalhes e concluir com a visão de um espaço limitado.

O que você identifica como mentalidade golpista tem um passado histórico rico, na defesa de princípios e valores contrários ao impedimento das liberdades humanas, conquistadas com trabalho e reflexão, com o conhecimento que nos conduziu através da relação científica às tecnologias que hoje permitem melhor qualidade de vida para a humanidade, incluindo a internet, televisão, satélites... muito recentes neste ambiente humano.

Você escreveu:

A nota do Alto Comando do Exército sobre o livro `Direito à Memória e à Verdade´ é uma triste notícia para o país.

Aprendi que país é território. Se você queria referir a gente, o termo a utilizar seria NAÇÃO. E se queria referir a nação, deveria limitar a tristeza para a parte da nação que pensa à esquerda, a parte da nação que preserva a ideologia comunista não obstante a queda do muro de Berlim, não obstante as torturas e privações impingidas às populações encurraladas pelas ditaduras proletárias, auto denominadas “democracias” populares, surgidas com a partilha de territórios de influência negociados depois da II Guerra Mundial.

Contra o nazismo, os integrantes desta instituição a que você atribui “mentalidade golpista” derramaram o sangue na Itália... Os males atribuídos apropriadamente ao nazismo, ao fascismo, foram multiplicados e aperfeiçoados pelos comunistas, cujos crimes contra a humanidade apenas recentemente começaram a ser revelados. Os documentos ainda não parecem ter chegado ao Brasil e se chegaram devem ser mantidos a sete chaves, não interessa aos poderosos do dia a sua divulgação.

Vc escreveu:

Divulgada na sexta-feira (31/08), a nota mostra que continuam firmes e fortes nas Forças Armadas a mentalidade golpista, certa resistência ao poder civil e uma dose de indisciplina incompatível com a vida militar.

Contra o nazismo, os integrantes desta instituição a que você atribui “mentalidade golpista” derramaram o sangue na Itália... Os males atribuídos apropriadamente ao nazismo, ao fascismo, repito, foram multiplicados e aperfeiçoados pelos comunistas, cujos crimes contra a humanidade apenas recentemente começaram a ser revelados.

Vc escreveu:

O livro conta uma verdade histórica. Pela primeira vez, um documento do governo federal relata em detalhes atos cruéis da ditadura militar (1964-1985).

Menino, o que você chama verdade histórica, versão final, pronta e acabada, incontestável é um descalabro! Principalmente quando está eivada de preconceitos ideológicos e construída, resgatada por um único lado dos antagonistas. Uma verdade histórica exige cenários mais amplos, documentação farta, generosidade humana. Material que em parte está nos arquivos que ainda são desconhecidos e nas mentalidades que intentam há quase um século dominar o Brasil e os brasileiros constituindo uma ditadura totalitária, permanente, diferente daquela que em 20 anos reformou a infra estrutura deste país, avançou em todos os sentidos sem a necessidade de comprar votos, sem a necessidade de corromper e corromper-se entregando as finanças e grande parte do território ao controle internacional, sem amealhar fortunas pes soais num passe de mágica. Fundou 12 campus universitários, repatriou cientistas, modernizou as comunicações e restaurou a dignidade da nação em todos os sentidos.

Vc escreveu:

A reação do Alto Comando deveria ter sido de vergonha. Uma autocrítica e um pedido de desculpas soariam muito bem.

Considere por um momento o contrário: se os autores da obra que você chama de verdade histórica declarassem reconhecer como legítimas e positivas as realizações dos militares na época em que - transitoriamente - administraram e reorganizaram o país, se estes personagens, por uns instantes abandonassem a cegueira ideológica e por um instante refletissem sobre valores tradicionais da nossa cultura, presentes no inconsciente coletivo, como a anistia, o perdão, para compartilhar o trabalho e a defesa dos interesses de todos e não apenas de uma parte...

Será que os militares que decretaram a anistia e voltaram aos quartéis sentir-se-iam feridos na sua dignidade pela fala de um Ministro que confessou ter alterado o texto constitucional indevidamente, por uma pessoa arrogante e autoritária? Num cenário em que o réu confessa o crime contra a nação e às costas dos seus representantes constitucionalistas e tudo bem... todos da imprensa inclusive, calam... fica por isto mesmo...

É pensar que os militares são diferentes de gente de carne e osso, com emoções, com informação privilegiada. Menino, tome um tempinho para ler história e aprender sobre verdades históricas. Os militares, devido à sua formação - a maioria - ainda conserva a dignidade inquebrantável e o juramento à bandeira (símbolo representativo da nação e do território) como credo inegociável.

Os administradores militares, após pacificar a nação, ofereceram a anistia aprovada por representantes eleitos livremente. Mas você ainda não votava naquele tempo, não é?

"Não há Exércitos distintos. Ao longo da história, temos sido o mesmo Exército de Caxias, referência em termos de ética e de moral, alinhado com os legítimos anseios da sociedade brasileira"

Há uma diferença que foge à sua consideração ao julgar o Exército. A instituição é a mesma, sim. E a maioria absoluta de seus integrantes, exceto os rebeldes, os filiados e admiradores do comunismo, como o Lamarca, a maioria é diferente, é comprometida e praticante de princípios éticos e morais alinhados aos anseios mais legítimos da nação, que defendeu: apoiando Vargas para modernizar o país contra a política feudal do “café com leite” na Revolução de 30, que defendeu contra várias tentativas dos ideólogos locais (e estrangeiros importados para comandar e financiar) para implantar o comunismo no Brasil, culminando com a queda de João Goulart e anos depois atuou contra a agressão armada dos que hoje se atribuem a defesa da democracia.

Mentira rapaz! Quem mobilizou população pela diretas já foi o Ulisses Guimarães, foi o Tancredo Neves, cuja credibilidade e respeito foi aproveitada por uma minoria barulhenta.

Vc escreveu:

Lamentável constatar que os atuais generais consideram integrar o mesmo Exército daqueles que executaram presos que já não podiam reagir. Torturaram intensamente militantes de esquerda. Abusaram sexualmente de homens e mulheres. Estupraram. Decapitaram. Esquartejaram. Ocultaram cadáveres. Enganaram famílias, exigindo dinheiro em troca de informações que se comprovaram falsas. Deram versões falsas ao público.

Lamentável constatar meninos como você, que, atuando na imprensa, parecem não ter lido as atas do Foro São Paulo fundado pelo atual presidente... que não leram as atas do Cominform, que não lêem o que se publica muito atualmente na Europa e nos EUA sobre os arquivos abertos pela Rússia, Checoslováquia, Bulgária, Hungria, Polônia e todos os países que tiveram oportunidade de restaurar a liberdade depois da queda do muro de Berlim. Parecem nem mesmo ter lido os documentos da esquerda brasileira, atribuindo seus crimes históricos e verdadeiros ao Exército Brasileiro e seus integrantes.

É lamentável que as táticas da esquerda fascinem de tal maneira as mentes que são responsáveis pela informação, desenvolvimento intelectual e espiritual desta nação... que reage a meias verdades ou cai em estado de anomia, impotente para responder à enxurrada de acusações e declarações de intolerância radical...

Afinal o que a nação viveu no tempo daquela ditadura a que vocês atribuem tantos e tão nefandos crimes, < strong>foi trabalho, progresso, modernização de Leis e do espaço de aprendizagem e convivência, com riso, esperança e auto estima.

São inegáveis os exageros de um estado beligerante que envolvia uma pequena parte dos nacionais e estrangeiros convidados... Pequena parte sim, fração. As Forças Armadas e policiais cumpriam suas tarefas constitucionais. Algumas unidades das Forças Armadas e policiais foram designadas p ara combater a agressão armada de iniciativa dos guerrilheiros treinados em Cuba, na China, na Argélia e que atuavam na quase totalidade dos países das Américas do Sul e Central...

Mas você estava engatinhando, não é, caro menino? E nos anos de formação superior conviveu apenas com a visão local, restrita, deformada, viciada pela ideologia mágica, ligeira e nefanda, pela ideologia menos humana e mais oportunista que a sede de poder construiu.

Desejo-lhe uma vida plena e feliz. O aprendizado da verdade é uma tarefa para a vida inteira.

Vocês devem a esta nação uma informação ampla, clara, despida de ligeireza e cacoetes, livre de limitações. Por favor, lembre que a inteligência está enclausurada, mas não morreu ainda.

Não obstante as práticas orwelianas correntes.


Arlindo Alexandre é Apicultor.

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