15/04 - Pojeto Orvil AC/SP - ALN Complementando à reportagem publicada no Correio Braziliense "Centro de Treinamento (CT) de Marighella no Entorno" As idéias de Marighela - revolucionário desde 1934, filiado ao PC do B -, encontraram na agitação do meio estudantil de 1967/68 o ambiente favorável para se propagarem. Em pouco tempo, a "Ala Marighela", como era mais conhecido o AC/SP, ganhou adeptos e cresceu. Várias lideranças surgiram durante as agitações.que sacudiram o movimento estudantil em 1968. Em março, visando a ampliar sua área de influência, o AC/SP, estabeleceu contato com o grupo Corrente, de Minas Gerais, também dissidente do PCB, que era liderado pelo estudante Mário Roberto Galhardo Zanconato, o "Xuxu". Em Brasília, em torno de Luís Werneck de Castro Filho agruparam-se vários estudantes que pretendiam derrubar o Governo através da luta armada. Outro grupo, formado em sua maioria por estudantes da Universidade de Brasília e com a mesma motivação do grupo de Werneck, era liderado por José Carlos Vidal, o "Juca". Durante as escaramuças do Movimento Estudantil na Universidade de Brasília, os dois grupos uniram-se ao perceberem a identidade de seus propósitos. José Carlos Vidal retomou, então, contato com seu velho conhecido, o jornalista Flávio Tavares, que fora solto para responder em liberdade o inquérito da "Guerrilha do Triângulo Mineiro". Flávio Tavares, que já possuia contatos com Marighela no Rio de Janeiro, apresentou"Juca" a George Michel Sobrinho, que seria o contato do AC/SP com os grupos de Brasília. A partir desse encontro, o grupo passou a orientar-se pelas diretrizes de Marighela. Complementando o trabalho de levantamento realizado pelos dominicanos de São Paulo, o grupo de Brasília realizou reconhecimento nas localidades de Formosa, Posse, Niquelândia e Unaí- locais estratégicos para a organização e própícios, pois já existiam conflitos de terra. Ainda em 1968, o grupo realizou treinamento de guerrilha , exercícios de tiro com metralhadora INA e revólver .38 e ainda experiências com explosivos à base de clorato, nas proximidades do Rio Bartolomeu . Em Ribeirão Preto, Irineu Luis de Moraes conseguiu aliciar para a "Ala Marighela" o militante do PCB Paulo Eduardo Pereira, o "Chiquinho", no início de 1968. Paulo Eduardo conseguiu arregimentar algumas pessoas e formou um grupo que se integrou ao AC/SP. O grupo, mais tarde, passou a receber a assistência de Virgílio Gomes da Silva, que transmitia as orientações da organização emanadas de São Paulo. ALN no Planalto Central Desde 1967, o Comitê Metropolitano do PCB de Brasilia (CM/ PCB/Bsb) preparava-se para a luta armada. Sob a supervisão do Comitê Central, seus membros realizaram em Paracatu/MG exercicios de guerrilha, com treinamentos de tiro, execução de marcha e confecção de bombas com explosivos. Sob a liderança dos advogados Thomas Miguel Pressburger e Raimundo Nonato dos Santos, o CM/PCB/Bsb, por ser partidário da luta armada, afastou-se do partido, apos o VI Congresso, e aproximou-se do Grupo de Marighela. No segundo semestre de 1968, chegou a Brasilia o militante do.AC/SP Edmur Péricles de Camargo, que seria o responsável pelo levantamento de áreas para implantação da | Edmur Péricles de Camargo | guerrilha rural nos Estados de Goiás e Minas Gerais, junto com o pessoal do antigo CM/PCB/Bsb. No início de 1969, os levantamentos no campo já haviam sido realizados e Edmur aguardava uma definição da direção da ALN sobre o prosseguimento das atividades ligadas à guerrilha rural. Edmur Péricles de Camargo era um dos homens de confiança de Marighela .Após se exilar no Uruguai, em 1964, retornou e voltou a militar no PCB, sendo setorizado no Comitê Estadual de São Paulo (CE/SP), ficando responsável pela impressão dos órgãos comunistas "Tema" e "Combate". Com o afastamento de Marighela do PCB e a criação do Agrupamento Comunista de São Paulo (AC/SP), Edmur o acompanhou, desligando-se, também, do partido. Em agosto de 1968, Edmur foi enviado a Brasília para fazer um levantamento da região e verificar a possibilidade de instalação de uma área de treinamento de guerrilhas nos arredores das cidades de Formosa, Posse, São Romão, Pirapora e São Domingos. Realizado o levantamento, Edmur recebeu ordem de aguardar em Brasília novas instruções da organização. Ali permaneceu por dois meses, até ,que foi orientado para se encontrar com Marighela em Formosa, no Estado de Goiás. No encontro, Edmur concluiu pela inviabilidade do projeto de implantação de uma área estratégica,tendo em vista as condições fisiográficas desfavoráveis e a falta de motivação dos habitantes locais. Na mesma ocasião, Edmur apresentou um plano de ocupação da cidade de Unai, em Minas Gerais, que Marighela ficou de apreciar junto com a Coordenação. Na verdade, o projeto foi descartado desde o início pela sua inviabilidade prática. Edmur queria dar um passo maior do que as pernas - não possuía meios suficientes para realizar a ação. Em fevereiro de 1969, o militante José Gomes da Silva " Ricardo" fez contato com Edmur em Brasília e informou que o plano foi rejeitado. Desgastado, por considerar-se o comandante da área de Goiás, Edmur dirigiu-se a São Paulo para pedir explicações a Marighela.Em São Paulo no primeiro encontro com Marighela,não foi possível tocar no assunto considerado secreto, pela presença de dois estudantes na reunião. Edmur ficou aguardando um novo encontro com o chefe da ALN ,durante dois meses, mantendo contatos semanais com "Toledo". Contrariado com o que considerava pouco caso de Marighela, Edmur entregou a "Toledo" uma carta pedindo desligamento da ALN ALN continua atuação em Brasília Na terça-feira de carnaval de 1969, foi realizado um assalto ao posto de identificação da Asa Norte, de onde foram roubadas mais de cem cédulas de identidade, uma máquina de escrever e carimbos . Participaram da ação : Fabiani Cunha, Francisco William de Montenegro Medeiros, Maurício Anísio de Araújo, Adolfo Sales de Carvalho, Gilberto Thelmo Sidney Marques e Ronaldo Dutra Machado. Foi a primeira ação da organização em Brasilia, a qual, em seguida, provocaria as primeiras "quedas" da ALN na capital federal. Desencadeada uma operação, foram presos quatorze subversivos, a maioria oriunda do antigo CM/PCB/Bsb. Foram presos nessa operação, entre outros : Raimundo Nonato dos Santos, Clóvis Bezerra de Almeida , Amilcar Coelho Chaves, José Ribamar Lopes, João Guedes da Silva, Francisco Gonçalves Vieira, Luis Werneck de Castro Filho e Thomas Miguel Pressburger. Sofrido este primeiro abalo , o grupo recompôs-se sob a liderança de José Carlos Vidal, Jorge Alberto Bittar e Jaime Hélio Dick. Foi estabelecido o contato com Michel Sobrinho e com Flávio Tavares, por intermédio de Roberto Pericris Vitoriano Gomes. Rearticulado, o grupo assaltou, no dia 7 de maio, o Cine Karin ern Brasília e, passado algum. tempo, um posto de gasolina. Participaram das ações: Jaime Hélio Dick --, o "joca", Guilherme Modesto Gonzaga, o "Gustavo", Gastão Estelita Lins de Salvo Coimbra, o "Lucas", George Michel Sobrinho e o soldado do Exército Paulo Lopes da Silva Rodrigues, o "Caju". A integração do soldado do Exército Paulo Cesar Lopes da Silva Rodrigues no grupo rendeu dividendos preciosos para a ALN. Como integrante do grupo, foi orientado para agir em proveito do movimento subversivo. Dias antes de desligar-se do Batalhão de Policia do Exército de Brasília (BPEB), Paulo Cesar retirou 2 metralhàdoras INA da reserva de armamento da 3ª Companhia e as entregou a José Carlos | Traduzido em vários idiomas e usado por terroristas de várias do mundo | Vidal. Anteriormente, passara urna relacão contendo nome, endereço e telefone dos oficiais do BPEB e um croqui da unidade. Furtou, ainda, um documento sigiloso, que mais tarde foi encontrado no escritório do ex-coronel, comunista, cassado, Nicolau José de Seixas, o mesmo que havia· cedido a Flávio Tavares as metralhadoras para as ações do Movimento Armado Revolucionário - MAR, que libertou 9 presos do Presídio Lemos de Brito, no Rio de Janeiro. Em agosto de 1969, Jeová Assis Gomes, enviado de São Paulo por "Toledo", fez contato com José Carlos Vidal para estabelecer as diretrizes do trabalho no campo. Nas reuniões, realizadas .em Taguatinga, ficou decidido o deslocamento de pessoal para a área de Goiânia e Anápolis. Vários elementos foram deslocados para Goiânia. A idéia inicial era formar uma rede de apoio para a futura guerrilha rural . Jeová recebeu dinheiro de Marighela e arrendou a Fazenda Embira, no município de Goiânia, na rodovia Goiânia-Nerópolis. Fazia freqüentes contatos com José Carlos Vidal em Brasília e recebia recursos para manter o grupo em Goiânia. Na Fazenda Embira, o grupo realizava treinamentos de tiro e de guerrilhas. Jeová recebeu de José Carlos 2 metralhadoras INA e uma pistola e de São Paulo 2 FAL com munição, enviados por "Toledol" para o treinamento . Em setembro e outubro,em função das investigações sobre o desaparecimento do estudante menor Carlos. Gustavo do Nascimento, em Brasília, ficou configurada a trama subversiva que provocou o desmantelamento da ALN em Brasília e em Goiânia. Na ocasião, ficou constatado que na casa do diplomata Marco Antonio de Salvo Coimbra que estava servindo na embaixada do Brasil na Romênia -, funcionava um "aparelho" da ALN. Lá foram presos Marcos Estelita Lins de Salvo .Coimbra, Gastão Estelita Lins de Salvo Coimbra, o menor 'desaparecido" Carlos Gustavo do Nascimento, Benedito José Cabral e Ricardo Moreira Pena. O grupo preso tinha em seu poder uma metralhadora INA e dez revólveres de diversos calibres, que eram utilizados nos treinamentos. As "quedas" prosseguiram, inclusive com a prisão de José Carlos Vidal, e foi constatado que grande maioria de estudantes presos era de secundaristas do Centro Integrado de Ensino Médio e do Colégio Elefante Branco, que haviam sido cooptados por experientes comunistas.. No final de outubro, em conseqüência das prisões em Brasilia, iniciou-se o·desmantelamento da organização em Goiânia,com a prisão de diversos universitários egressos da UnB e de um repórter do Correio Braziliense, José Anibas de Moraes. Foi apreendido farto armamento, inclusive os dois FAL que haviam sido remetidos de São Paulo. Nessa ocasião foram presos Márcio José dos Santos, Jorge Alberto Bittar, Aldir Silva de Almeida Nunes, Artur Carvalho Neto, José Anibas de Moraes e Aristeu Romão dos Santos. A excessão dos dois últimos, que eram , respectivamente, jornalista e pedreiro, todos os demais eram estudantes universitários. Culminando a operação dos órgãos de segurança, foi preso, em 12 de novembro, Jeová Assis Gomes, o coordenador da implantação da área estratégica em Goiás . O plano do grupo, de acordo com orientação recebida de Marighela em São Paulo, era desencadear ações de guerrilha no norte de Goiás, enquanto São Paulo era mantida como área prioritária para ações de guerrilha urbana. Fonte de consulta : Projeto Orvil |
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