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domingo, 20 de junho de 2010

Tel-Aviv mudou e tornou-se um dos grandes polos empreendedores do mundo.

Do Blog De David Bor

David Brooks - 13/1/2010 -

Os judeus formam um grupo admiravelmente capacitado. Eles significam apenas 0,2% da população mundial, mas têm 54% dos campeões mundiais de xadrez, 27% dos ganhadores do Nobel de Física e 31% dos de Medicina.

Os judeus representam 2% da população dos EUA, mas são 21% dos alunos da Ivy League, 26% dos homenageados pelo Kennedy Center, 37% dos diretores ganhadores de Oscar, 38% de uma lista recente da Business Week com os principais filantropos, 51% do vencedores do Prêmio Pullitzer na categoria de não-ficção.

Em seu livro The Golden Age of Jewish Achievement (em português, A Era Dourada das Realizações Judaicas), Steven L. Pease apresenta um lista de explicações dadas para esse recorde de realizações.

A fé judaica encoraja a crença no progresso e na responsabilidade pessoal. Ela é baseada no aprendizado, não no ritual. A maioria dos judeus desistiu ou foi forçada a desistir da agricultura na Idade Média; desde então, seus descendentes têm vivido de suas habilidades. Migraram frequentemente, com ambição e perseverança de emigrantes.

Eles se agruparam em centros importantes no mundo todo e se beneficiaram da endêmica tensão criativa de tais lugares.

Só uma explicação não consegue justificar o recorde de realizações dos judeus. O curioso é que Israel não tem sido geralmente mais forte em áreas nas quais, durante a Diáspora, os judeus eram os mais fortes.

Em vez de pesquisa e comércio, os israelenses se viram forçados a dedicar suas energias para a guerra e para a política.

Milton Friedman costumava dizer, brincando, que Israel desmentiu todos os estereótipos do judeu. As pessoas pensavam, por exemplo, que os judeus eram bons cozinheiros, bons administradores e péssimos soldados. Israel provou que elas estavam erradas.

Mas isso mudou.

As reformas econômicas de Benjamin Netanyahu, a chegada de um milhão de imigrantes russos e a estagnação do processo de paz provocaram uma grande mudança histórica. Os israelenses mais capazes estão indo para a tecnologia, não para a política. Isso teve um efeito prejudicial na vida pública do país, mas foi um tonificante para a economia.

Tel-Aviv se tornou um dos principais polos empreendedores do mundo. Israel tem, per capita, bem mais, lançamentos de empresas de tecnologia de ponta do que qualquer outro país. É campeão em gastos com pesquisas e desenvolvimento civís. Está em segundo lugar, atrás dos EUA, em número de empresas listadas na Nasdaq. Israel, com 7 milhões de habitantes, atrai tanto capital de risco quanto a França e a Alemanha juntas.

Como Dan Senor e Saul Singer escreveram em Start-Up Nation:

The Story of Israel's Economic Miracle (em português, Um País de Lançamentos de Empresas: A História do Milagre Econômico de Israel), o país agora possui um cluster de inovação clássico, um local onde obsecados por tecnologia trabalham bem próximos e se alimentam das ideias uns dos outros.

Por causa da força da economia, Israel aguentou a recessão global razoavelmente bem. O governo não teve de ajudar seus bancos ou desencadear um explosão de gastos a curto prazo. Em vez disso, usou a crise para solidificar o futuro da economia a longo prazo, ao investir em pesquisa e desenvolvimento e em infraestrutura, aumentou alguns impostos de consumo e promete cortar outros a médio e longo prazos. Analistas da Barclay's escreveram que Israel é"o caso de recuperação mais forte" na Europa, Oriente Médio e África.

O sucesso tecnológico de Israel é fruto do sonho sionista.

O país não foi fundado para que colonos errantes pudessem ficar entre milhares de palestinos zangados em Hebron. Ele foi fundado para que os judeus pudessem ter um local seguro para ficar juntos e criar coisas para o mundo. Essa mudança na identidade israelense tem implicações duradouras. Netanyahu prega a visão otimista: a de que Israel vai se tornar o Hong Kong do Oriente Médio, com benefícios econômicos transbordando para o mundo árabe. De fato, há várias evidências apoiando essa visão, em locais como Cisjordânia e Jordânia.

Mas é mais provável que o salto econômico de Israel vá ampliar a diferença entre ele e seus vizinhos. Todos os países da região falam em promover a inovação. Alguns países ricos em petróleo gastam milhões de dólares tentando montar centros de ciência. Contudo, locais como o Vale do Silício e Tel-Aviv são criados por uma confluência de forças culturais, e não por dinheiro. Os países vizinhos não têm a tradição de troca intelectual livre nem de criatividade técnica. Por exemplo, entre 1980 e 2000, os egípcios registraram 77 patentes nos EUA; os sauditas, 171; e os israelenses, 7.652.

O boom tecnológico também cria uma nova vulnerabilidade. Como Jeffrey Goldberg, do The Atlantic, argumentou, esses inovadores são as pessoas mais móveis do planeta. Para destruir a economia de Israel, o Irã não precisa mesmo jogar uma bomba nuclear no país. Ele só precisa provocar instabilidade suficiente para que os empresários decidam que é melhor se transferirem para Palo Alto, onde muitos deles já tem contatos e casas.

Os judeus norte-americanos costumavam manter um pé em Israel caso as coisas ficassem ruins por aqui. Agora os israelenses estão mantendo um pé nos EUA. Durante uma década de pressentimentos cinzas, Israel se tornou um sucesso impressionante, mas também um sucesso altamente móvel.

David Brooks é jornalista, colunista do New York Times e autor de A Sociedade na Era da Informação e Bubos No Paraíso - Burgueses Boêmios Tradução: Rodrigo Garcia


Postado por David às 18:15 0

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