Por Francisco Vianna
No domingo de ontem, enquanto os colombianos elegiam democraticamente seu próximo presidente, milhões de seus vizinhos morriam de inveja. E com razão.
Inveja, por exemplo, de um país onde um presidente, com enorme apoio popular e evidente vontade de continuar governando, aceita tranquilamente deixar o poder e ir para casa ao final do seu mandato porque assim o decidiu a justiça eleitoral da Colômbia. É algo inimaginável em vários países da América latina, principalmente aqueles que estão infectados pela “doença socialista”, onde os juízes são uma espécie de propriedade do presidente e do partido governante.
Também inveja por uma disputa eleitoral na qual todos os candidatos têm credenciais sérias, reputações ilibadas, ampla experiência, e propostas válidas, além da declarada vontade de não cair na esparrela de imitar o populismo demagógico tão em voga na região.
A Colômbia causa inveja não apenas pela qualidade de sua democracia, mas também pelos seus milagres. E, nos últimos anos a Colômbia tem vivido vários milagres. Talvez o menos reconhecido internacionalmente seja o seu progresso econômico. Em 2002, quando Álvaro Uribe começou seu mandato presidencial, a Colômbia só exportava 6,6 bilhões de dólares em produtos que não são tradicionais, como petróleo e café. No ano passado, as exportações desses e de outros produtos alcançaram os 15 bilhões de dólares, apesar da recessão mundial e do bloqueio comercial imposto pela Venezuela. Durante a presidência de Uribe, a economia colombiana se expandiu todos os anos. O investimento privado, tanto nacional como estrangeiro, aumentou substancialmente e a inflação caiu de 7%/ano em 2002 para um insignificante 2%/ano em 2009.
Para situar tais cifras no contexto regional, bastam compará-las com o que aconteceu com a Venezuela nesse mesmo período. A diferença é tão odiosa quanto reveladora: o desabastecimento e a carestia são habituais e crescentes no vizinho do norte; a destruição de empregos no setor privado venezuelano tem sido maciça; a inflação é atualmente a mais alta do mundo; a economia se contraiu em mais de 3,3% em 2009 e em mais de 5,8% no ano em curso, e é, de longe, o pior desempenho de toda a América, depois do advento do famigerado “socialismo do século XXI” do demagogo e populista Hugo Chávez Frías. E tudo isso apesar de, durante a década governada (?) por Hugo Chávez, ter a Venezuela desfrutado as maiores rendas provenientes do petróleo de sua historia; rendas às quais, ademais, se somaram empréstimos internacionais e que, agora, lhe impõem uma dívida externa quatro vezes maior do que a arcada pelo país em 1999.
TRANFORMAÇÕES
Ainda que fosse só por isso, a inveja dos venezuelanos em relação à Colômbia estaria mais do que justificada. Mas não se trata apenas da economia. A Colômbia também tem experimentado milagrosas transformações quanto à segurança de seus cidadãos. Bogotá, Medellín, ou Cali eram sinônimos de assassinatos, sequestros e crime generalizado. Hoje em dia, esse trágico reconhecimento foi transferido para Caracas e para algumas cidades do México e da América Central.
E logo nos vêm à mente as FARC (“Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia”), esses sanguinários mercenários que, disfarçados de ‘lutadores sociais’, sobrevivem graças ao narcotráfico e o sequestro. Esta guerrilha cruel e impiedosa aterrorizou durante décadas os colombianos, sobretudo os mais pobres e vulneráveis. Durante muito tempo, professores, políticos e jornalistas nos explicaram que o dinheiro da droga, a inóspita selva colombiana, a debilidade do exército e da polícia, a venalidade dos políticos e a pobreza do país faziam das FARC uma maldição com a qual os colombianos teriam que conviver para sempre. Todos se equivocaram redondamente.
Na imprensa internacional hoje lemos títulos como este: "A guerrilha já não é o grande problema da Colômbia". Mais ainda, a mídia informa que as FARC estão diminuídas, desmoralizadas, isoladas, agonizantes e sem a influência que tinham no início. As FARC já não aterrorizam os colombianos, e caso isto não seja um milagre, pelo menos se parece muito com um.
Obviamente, a Colômbia está ainda longe de ser um paraíso. Quase a metade dos colombianos continua imensamente pobre, e as diferenças de situação econômica entre seus habitantes, as injustiças sociais que ainda são vistas, a violência, a corrupção e o narcotráfico continuam sendo pragas ainda longe de extinção e continuam como realidades quotidianas. Mas, tudo já é muito menos do que antes. Não é pouca coisa, não, num subcontinente onde o progresso é tão pouco freqüente que, quando ocorre, parece um milagre.
Os avanços conseguidos pela Colômbia durante a presidência de Álvaro Uribe são inegáveis, para o desespero da esquerda socialista latino-americana. E que, por trás desse progresso está o apoio norte-americano. Seus êxitos não apenas causam a inveja de seus vizinhos, mas também servem de exemplo, de modelo, e de esperança para outros países que seguem atolados no autoritarismo, no populismo demagógico socialista e nos maus governos. Mesmo o Brasil, que vem tendo resultados econômicos e sociais melhores, continua sendo um gigante moroso que parece impedido por suas elites dirigentes de, finalmente, emergir como a primeira grande potência latino-americana da América.
Os colombianos demonstraram ao mundo que os povos podem reverter maléficas tendências e evitar destinos tão inaceitáveis como os que atrasaram e vitimaram os países que caíram na esparrela socialista, seja ela de que nuance for, comunista, nazista, fascista, ou qualquer outra. Por isso eles podem se sentir orgulhosos e admirados.
E até invejados.
E nós aqui, podemos?
Saudações,
Francisco Vianna
segunda-feira, 21 de junho de 2010
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