Maria Lucia Victor Barbosa
13/06/2010
O PT aprendeu depois de muitas derrotas como chegar ao poder mais alto da República e nele se manter. Trocou o discurso revolucionário pelo discurso pragmático, utilizou em grande escala a propaganda que engana incautos e aquece emoções, fez acordos com forças políticas e econômicas inimagináveis nos tempos dos petistas éticos, mas não esqueceu o aprendizado anterior de fazer oposição de forma violenta, ameaçadora, implacável, diante da qual nenhum partido ousou o enfretamento adequado, nem mesmo quando estouraram os escândalos que teriam derrubado qualquer presidente da República fosse ele de outro partido.
Uma vez enquistado no poder foi trabalhado o projeto de permanência do PT, estipulado por José Dirceu em pelo menos 20 anos, enquanto Lula da Silva sempre se referia a quatro anos e depois a oito anos como períodos muito curtos para realizações pretendidas.
Sem dúvida, a meta de se manter no mais alto domínio do país foi planejado com esmero. A figura presidencial foi trabalhada com requintes de culto da personalidade, próprios de governantes ególatras. Estimularam as performances circenses de um Lula, que por vezes lembram as de um animador de auditório. E ele cultivou o palavreado chulo, o comportamento inadequado, os atropelos da linguagem na busca de identificação com as massas.
Mas isso não bastava. Além de circo o povo quer pão. O governo petista seguiu à risca a “herança maldita” e até agora tem se dado bem com o importante respaldo do Banco Central sob o comando de Henrique Meirelles, ex- tucano, ex-liberal, hoje PMDB.
Ao mesmo tempo, deu certo a fórmula: bolsas esmola no melhor estilo do voto de cabresto para pobres agradecidos; lucros astronômicos para os ricos, principalmente banqueiros, empreiteiros, grandes empresários. Quanto aos intelectuais, artistas, clérigos, mantiveram o encantamento pelo “proletário de esquerda”.
O Congresso foi anexado ao Executivo através de “mensalões”. O Judiciário sempre pronto para exercer o direito alternativo sujeitou-se ao deboche de Lula da Silva que se crê acima da lei.
Se a herança maldita do PT que inclui loteamento do Estado pelos companheiros, dívidas perdoadas a outros países, esdrúxulas criações de embaixadas como a da Coréia do Norte, mimos aos companheiros e compadres da América Latina que usam e abusam do Brasil, fulminar o próximo presidente, melhor. O caminho está preparado para a volta de Lula da Silva que, alias já se lançou ao terceiro mandato em 2014.
Contudo, se para uso interno o plano de José Dirceu funcionou, a política externa sob o comando de Marco Aurélio Garcia auxiliado, por Celso Amorim, tem sido um retumbante fracasso. O Brasil tem perdido todos os cargos importantes a nível internacional. Faz questão de proteger terroristas e assassinos como Cesare Battisti e outros mais. Dá apoio aos piores ditadores que desrespeitam direitos humanos. Contudo, a patacoada em Honduras, quando a mando de Hugo Chávez o Brasil abrigou em sua embaixada Manoel Zelaya, o pretensioso e ridículo papel de Lula da Silva junto a israelenses e palestinos prometendo-lhes a resolução de seus complexos problemas, não foram nada diante da peça de teatro mambembe dedicada ao astuto companheiro Mahmoud Ahmadinejad.
O resultado da aventura, que teve como única aliada a Turquia, foi a paulada mais monumental já recebida por nossa política externa. O Brasil ficou praticamente falando sozinho no Conselho de Segurança da ONU quando sanções foram votadas contra o Irã. Todos os membros votaram a favor, o Líbano se absteve e a Turquia por pouco não deixou o Brasil na mão.
Mesmo assim, de forma totalmente arrogante e estulta, Lula da Silva e Amorim cantaram vitória. Para uso interno, vá lá, para uso externo não funcionou, pois além de tudo isso ser desmoralizante para o Brasil já começam a entender lá fora quem é de fato o “cara’”.
Mas, por que as sanções são necessárias. Por que o Irã não pode ter a bomba atômica que está prestes a fabricar? Porque o Irã se localiza em zona de tensão, porque o país está sob a égide do perigoso fundamentalismo mulçumano, porque Ahmadinejad já declarou com todas as letras que sua gana de destruição começará por Israel, porque qualquer ataque nuclear não terá vencedores nem perdedores, porque não sobrará nada.
Note-se que Ahmadinejad, que riu das sanções e já ameaça bloquear petróleo para outros países personifica a marcha da estupidez que deixa o planeta numa de suas fases das mais perigosas. Certamente o persa tem adeptos além de Lula, como Fidel Castro que emergiu de seu sarcófago para dar apoio a Ahmadinejad e perverter os fatos ao dizer que Israel é que quer atacar o Irã.
Certamente Lula da Silva gostou do humor negro do déspota cubano a quem chama carinhosamente de democrata. Ele e Fidel lembram um filme passado há tempos: “De como aprendi amar a bomba atômica”. Ambos estão engajados na marcha da estupidez, sob o comando de Ahmadinejad.
Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.
segunda-feira, 14 de junho de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário