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terça-feira, 22 de junho de 2010

O novo ataque da República dos Aloprados

Por Guilherme Fiuza - Revista Época

A crise do dossiê que levou o pandemônio à campanha de Dilma Rousseff está sendo mal avaliada. O teor dos papéis que supostamente tentam incriminar a família de José Serra é o de menos. Como nos filmes de faroeste, o que importa nesse caso, mais do que o enredo, é a paisagem.


O cenário é conhecido. Como se sabe, Dilma não é Lula. Dilma é Dirceu. Foi ungida à Casa Civil por seu antecessor, acusado pela Procuradoria-Geral da República de chefiar o mensalão. Flagrado, cassado, proscrito, José Dirceu caiu em desgraça por causa daquela que o PT sempre considerou sua maior virtude: a gana de tomar o poder, e depois conquistar mais poder. A qualquer preço.


Trata-se de uma escola. E Dilma é discípula aplicada. Entranhar companheiros na máquina pública, torpedear adversários, conspirar - são suas especialidades. Não à toa, sua chefe de gabinete no ministério, apontada por testemunhas como a operadora do dossiê contra Fernando Henrique e Ruth Cardoso (o famoso “banco de dados”), é hoje ministra-chefe da Casa Civil.


O Brasil que assiste placidamente à afirmação dessa obscura cadeia de comando não pode estranhar mais um dossiê. Ou dois, ou três. A secretária da Receita Federal vem a público dizer que sofreu interferência de Dilma - a quem não era subordinada - em processo fiscal contra a família Sarney, e fica assim. O país esquece, e volta a ver a candidata de Lula como a “gestora” que precisa superar a falta de experiência política.


Experiência política é o que não falta a Dilma Rousseff. Se há uma coisa que ela passou a vida fazendo, é política. E o eleitorado não tem direito de dizer que não conhece seus métodos. O que mais seria preciso saber sobre uma pessoa que se faz passar por Norma Benguell, contrabandeando uma foto da atriz para seu site oficial? Se Dilma vira Norma numa passeata contra a ditadura, pode-se imaginar do que seja capaz para virar Lula.

Fonte: MOVCC

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