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quinta-feira, 9 de junho de 2011

STF decreta o fim do Judiciário no país onde Palocci é herói

junho 9th, 2011 § Deixe um comentário

Se uma democracia vier, um dia, a se instalar no Brasil, o dia 8 de junho de 2011, junto com o 10 de novembro de 1937 que inaugura a ditadura do “Estado Novo” getulista e o 13 de dezembro de 1968, do AI-5, que inicia a dos generais, vai ser lembrado como um dos três marcos do maior distanciamento que jamais tomamos dela.

Na véspera o Procurador Geral da Republica, ao decretar o arquivamento das investigações sobre o fulminante enriquecimento do ministro-chefe da casa Civil, Antônio Palocci, declarou formalmente acima da lei os membros do governo petista.

O que se seguiu foi o lamentável espetáculo da despedida de herói dada ao ministro subitamente milionário numa reunião em que, com mais veemência gráfica do que nunca antes na história deste país, ele foi sucessivamente ovacionado por uma plateia onde ombreavam-se, confraternizando, figuras como Fernando Collor de Mello e Martha Suplicy, além de empresários e banqueiros da panela sem fundo do BNDES e outros conhecidos meliantes da crônica político-policial destes Tristes Trópicos.

Comandando o espetáculo, uma presidente da Republica precocemente envelhecida, sentada como um réu entre as figuras patibulares de José Sarney e Michael Temer, era um símbolo perfeito da situação do país nas mãos deste PMDB que declara a quem interessar possa que não quer tomar a si a “coordenação política” do governo do PT, mesmo porque é papel do partido no governo pagar, e o dos partidos “apoiadores”, receber, os subornos exigidos a cada passo para que toda votação com potencial para tanto não se transforme em mais uma crise. E o queijo e a faca estão, no momento, nas mãos do PT, cabendo aos ratos apenas trabalhar com os dentes e a boca.

A senhora Dilma, que neste momento abandona a navegação costeira para se aventurar em mar alto, só se levantou para choramingar a obrigação de sacrificar “o amigo” que ela se sentiu constrangida a expelir e que, minutos antes, discursara para dizer que não saía porque estivesse sendo empurrado para fora ou constrangido por qualquer autoridade legal, mas sim “para preservar o diálogo do governo com a sociedade”, uma sociedade que, reconhece-o implicitamente a corja, ainda está longe de ter o mesmo nível de tolerância para com a bandalheira que se exibe sem nenhum pudor dentro do arraial lulista.

E com isso retornou livre, leve e solto aos campos de caça privados o duas vezes ex-ministro que nunca consegue esconder o que é por um ano inteiro quando no governo.

No mais, foi a festa da família Bernardo…

Mas, proverbialmente, seria necessário que o galo cantasse três vezes negando os fundamentos da democracia antes que o dia acabasse.

E o fecho corrosivo veio com a decisão soberana do Supremo Tribunal Federal de que ele não vale mais nada, transferida que foi a ultima palavra e confirmado o poder do ex-presidente da republica, diretamente ou por interposta pessoa, de anular suas sentenças a gosto, assim como os tratados internacionais assinados pelo país, com a confirmação do escandaloso decreto de ultimo minuto de sua majestade Lula da Silva perdoando um assassino condenado por um país democrático amigo com quem o Brasil mantem um tratado de extradição.

Nenhuma novidade no fato de que, para o PT, assassino é adjetivo que só toma o significado que tinha antigamente quando praticado de cima para baixo, na escala social e da direita para a esquerda na escala ideológica. Os que matam na direção contrária, tanto vertical quanto horizontal, independentemente da dose de covardia embutida no ato, são heróis.

Afinal este governo está cheio deles.

Mas o Supremo Tribunal Federal declarar formalmente a extinção de sua própria autoridade é grave. Abre por sob os pés dos brasileiros um daqueles ralos em que vem descendo aos trambolhões a Argentina desde que Peron, o Lula deles, fez coisa parecida por lá ha perto de um século.

Eis porque não compartilho o ânimo de outros comentaristas que comemoravam hoje com alguma dose de esperança o verdadeiro início do governo Dilma. Ainda que esteja certo quem ainda vê na criatura algo de intrinsecamente melhor que o criador – que a tudo assistiu enquanto se esfregava em Fidel Castro e Hugo Chavez para que não reste nenhuma dúvida sobre o que pensa sobre a democracia e os que insistem em praticá-la – ele tirou-lhe de sob os pés o terreno institucional onde ela pudesse erigir qualquer coisa de sólido.

É difícil vislumbrar como deter a queda do Brasil por essa perambeira abaixo.

Liea também O ANO EM QUE VOLTAMOS AO SÉCULO XVI, onde se explica melhor o significado da decisão de ontem do STF para o futuro da democracia brasileira, e QUEM LUTA POR CESARE BATTISTI, onde se mostra quem é este senhor e quais as forças que o tiraram da prisão.

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