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quarta-feira, 1 de junho de 2011

Os plantadores da miséria

A revista Veja acaba de publicar importante reportagem sobre os efeitos desastrosos – sociais e econômicos – resultantes da demarcação da terra indígena Raposa/Serra do Sol, em Roraima. Com efeito, nossas piores previsões já se confirmaram. A ideologia comuno-indigenista transformou índios e fazendeiros em miseráveis urbanos. A imensa área se tornou “reserva de miséria”.

A política da FUNAI – com o aval do Supremo Tribunal Federal – tomando por base uma falsa antropologia empurrou os índios para a miséria, como o macuxi Adalto da Silva que foi parar num lixão. Sem emprego, ele teve de abandonar a reserva para sobreviver na periferia da capital, Boa Vista.

Movida por pessoas que nunca plantaram um pé de alface, a propaganda falaciosa que certa imprensa levanta contra a reforma do Código Florestal era a mesma arvorada em 2009 com a demarcação contínua da reserva, seguida da expulsão pura e simples dos arrozeiros. São as mesmas ONGs que nunca viram uma plantação de arroz que tentam acabar com as plantações das várzeas, das beiras de rio e de açudes.

São plantações centenárias que nunca prejudicaram o meio ambiente. Esses escusos movimentos dizem querer reflorestar as margens de rios, mas na verdade querem é expulsar os agricultores de suas áreas de plantações para jogá-los na miséria, pouco se importando com a produção de alimentos para o povo que, em sua grande maioria, vive nas cidades.

São as mesmas ONGs de sempre – mais de mil apenas na Amazônia – que lutaram ao mesmo tempo pela expulsão sumária dos arrozeiros e pelo confinamento, à maneira de zoológico humano, dos índios na reserva que agora conhece a miséria e a desolação.

Os agricultores que ocupavam porcentagem mínima da reserva produziam arroz para toda a Amazônia e ainda empregavam mão-de-obra indígena. A radicalidade da FUNAI e das ONGs foi sufragada pelo STF conseguindo assim a expulsão dos empreendedores brasileiros ali estabelecidos há décadas.

O desastre que parecia certo aconteceu. A revista VEJA voltou à região dois anos depois e pôde constatar isso. Para que os meus pares tomem conhecimento da matéria, reproduzo alguns trechos de “Uma Reserva de Miséria” de Leonardo Coutinho (Edição nº 2219 - 1/6/2011)

“A demarcação da Raposa/Serra do Sol, em Roraima, empurrou centenas de índios para as favelas de Boa Vista e converteu agricultores outrora prósperos em cidadãos pobres.

“Quatro novas favelas brotaram na periferia de Boa Vista, nos últimos dois anos. O surgimento de Monte das Oliveiras, Santa Helena, São Germano e Brigadeiro coincide com a demarcação da reserva indígena Raposa Serra do Sol. Nesse território de extensão contínua que abarca 7,5% de Roraima, viviam 340 famílias de brancos e mestiços.

“Em sua maioria, eram constituídas por arrozeiros, pecuaristas e pequenos comerciantes, que respondiam por 6% da economia do estado. Alguns possuíam títulos de terra emitidos havia mais de 100 anos pelo governo federal, de quem tinham comprado suas propriedades. Empregavam índios e compravam as mercadorias produzidas em suas aldeias, como mandioca, frutas, galinhas e porcos.

“Em 2009, todos foram expulsos. O governo federal prometeu indenizá-los de maneira justa. No momento de calcular as compensações, alegou que eles haviam ocupado ilegalmente terra indígena. Por isso, encampou as propriedades e pagou apenas o valor das edificações.

“Os novos sem-terra iniciaram o êxodo em direção à capital. As indenizações foram suficientes apenas para que os ex-fazendeiros se estabelecessem em Boa Vista. VEJA ouviu quarenta deles. Suas reparações variaram de 50.000 a 230.000 reais – isso não daria para comprar nem um bom apartamento de três quartos nas principais cidades do País. Imagine outra fazenda.

“Em seguida, foi a vez de os índios migrarem para a capital de Roraima. Os historiadores acreditam que eles estavam em contato com os brancos havia três séculos. Perderam sua fonte de renda, proveniente de empregos e comércio, depois que os fazendeiros foram expulsos. A situação piorou com a ruína das estradas e pontes, até então conservadas pelos agricultores.

“‘Acabou quase tudo. No próximo inverno, ficaremos totalmente isolados’, diz o cacique macuxi Nicodemos Andrade Ramos, de 28 anos. Um milhar de índios se instalou nas novas favelas de Boa Vista. ‘Está impossível sustentar uma família na reserva. Meus parentes que ficaram lá estão abandonados e passam por necessidades que jamais imaginaríamos’, afirma o também macuxi Avelino Pereira, de 48 anos.

“Cacique de sete aldeias, ele preferiu trocar uma espaçosa casa de alvenaria na reserva por um barraco de tábuas na favela Santa Helena. O líder indígena diz que foi para Boa Vista para evitar que sua família perdesse o acesso a escolas, ao sistema de saúde e, sobretudo, ao mercado de trabalho.

“Com o passar do tempo, a situação dos índios tem piorado. Recentemente, algumas das famílias desaldeadas começaram a erguer barracos no aterro sanitário de Boa Vista. Uma delas é a do macuxi Adalto da Silva, de 31 anos, que chegou à capital há apenas um mês. Ele fala mal português, mas nunca pensou em viver da mesma forma que seus antepassados. Mesmo porque a caça e a pesca são escassas na Raposa/Serra do Sol já faz tempo. Até 2009, ele recebia um salário mínimo para trabalhar como peão de gado. Está desempregado desde então.

“Como os índios não têm dinheiro, tecnologia ou assistência técnica para cultivar as lavouras, os campos onde o peão trabalhava foram abandonados. Silva preferiu construir uma maloca sobre uma montanha de lixo a viver na aldeia. Agora, ganha 10 reais por dia coletando latinhas de alumínio, 40% menos do que recebia para tocar boiada. Ainda assim, considera sua vida no lixão menos miserável do que na reserva.

“Ele é vizinho do casal uapixana Roberto da Silva, de 79 anos, e Maria Luciano da Silva, de 60, que também cata latas e comida no aterro. ‘O lixo virou a única forma de subsistência de muita gente que morava na Raposa Serra do Sol’, diz o macuxi Sílvio Silva, presidente da Sociedade de Defesa dos Índios Unidos do Norte de Roraima.

“Brancos e mestiços expulsos da reserva também foram jogados na pobreza. O pecuarista Wilson Alves Bezerra, de 69 anos, tinha uma fazenda de 50 quilômetros quadrados na qual criava 1.300 cabeças de gado. Um avaliador privado estimou em 350.000 reais o valor das edificações da propriedade.

“A Fundação Nacional do índio (FUNAI) deu-lhe 72.000 reais por essas benfeitorias e nada pela terra. Seu rebanho definhou. Restam-lhe cinqüenta reses em um pasto alugado. Falido, ele sobrevive vendendo churrasquinho no centro de Boa Vista. Ganha 40 reais por noite. ‘O que o governo fez comigo me dá vergonha de ser brasileiro’, afirma Bezerra”.

Sr. Presidente, ou a FUNAI, as ONGs, o tal CIR – Conselho Indigenista de Roraima – e ambientalistas mostram que a reportagem de Veja é falsa ou que apontem uma solução para as pessoas atingidas por aquela absurda decisão. Infelizmente, essa mesma política vem se repetindo pelo resto do Brasil.

Tais pessoas estão mais preocupadas em ocupar espaços nos meios de comunicação da Europa e dos Estados Unidos do que com as conseqüências de seus atos para com a vida de cidadãos brasileiros, seja no campo ou na cidade.

Fonte: Discurso do Dep. Lael Varella, 1/06/2011.

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Publicado por D. Bertrand | 22:29

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