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sexta-feira, 10 de junho de 2011


CABRAS DE DIRCEU

Enviado por Neil ‘estarrecido’ Ferreira

Por Reinaldo Azevedo

No ‘Aulete Digital’, entre outros significados, consta: “Cabra - bras. pop.: Capanga, Jagunço: “Sete cabras guardam a fazenda”. Cangaceiro: “Os cabras de Lampião”.

Daqui a pouco, volto a isso aí.

O jornalista Alexandre Machado, que driblou a ditadura com seu histórico programa de tevê “Vamos Sair da Crise”, agora comanda “Começando o Dia”, na rádio Cultura FM, de segunda a sexta, as oito da manhã.

Um dia destes, ao começar mais um programa com a matéria Palocci na pauta, sentiu-se no dever de desculpar-se com ouvintes que, por e-mail (comecando@cultura.com.br), reclamavam de “não aguentar mais esse assunto”, obrigatório nos jornais, rádios e tevês, com manchetes cada vez mais espantosas.

Palocci, na velocidade supersônica com que acumulava dinheiro, acabaria ultrapassando Eike Batista, tirando-o da posição privilegiada entre os afortunados brasileiros que ocupam a capa da revista “FORBES”, na sua edição das maiores fortunas do mundo.

Mesma coisa aqui nesta coluna. Palocci, o Assessor de 20 Milhões, já foi devolvido à iniciativa privada, com todas as honras de praxe e estilo. Ou sem? Quem sabe o mal que se esconde nos corações humanos? O ‘Sombra’ sabe...

Palocci foi aplaudido de pé na sua despedida, o ‘Poste’ quase verteu suas lágrimas de crocodilo, e ‘O Cara’ acabou com a farsa: “Dilma demitiu Palocci na hora certa”, deixou vazar.

Afinal, o ‘Poste’ chutou ou não chutou Palocci?

Por isso, sinto-me na obrigação de meter minha colher torta neste caso roto e rasgado – que parece acabado e daqui a pouco será esquecido –, mas que não deveria seguir republicanamente para debaixo do tapete, como tudo o mais nesta joça de república lullopetista.

Há mais milhões de ‘contos de réis’ entre o Céu e a Terra do que supõe nossa vã filosofia. Enxergo esses milhões não porque vejo melhor do que você. Que nada, tenho 68 anos e meus óculos são mais grossos do que os de muitos velhinhos de 85.

Abro parênteses: por falar em velhinhos, meu pesar por Jorge Semprún, que nos deixou aos 87 anos, para mim o melhor escritor que li nos anos 80 e 90 e o melhor autor de roteiros dos filmes políticos que assisti, como “Z” e “A Confissão”, para citar apenas dois deles. É sua a frase: “As duas melhores virtudes de um revolucionário são a paciência e a ironia”, que com imensa ironia atribuiu a Lênin, no roteiro do filme “A Guerra Acabou”, dirigido por Alain Resnais, em 1966. Que Lênin qual nada; Lênin lá ia ter talento para escrever isso, ele que não conseguiu sequer responder à pergunta que ele mesmo formulou na capa do seu livreto “Que Fazer?” Fecha.

Volto ao Dirceu e seus “cabras”. A VEJA, há umas três semanas, saiu num domingo com um “perfil” devastador do Dirceu, que hoje age em suspeito silêncio por baixo do radar, pilotando seu lobby com milionária carteira de clientes, tão secreta quanto a carteira do Palocci e os decretos do Sarney.

Na segunda-feira imediatamente seguinte, a Folha de S. Paulo saiu com a manchete que, em vinte e poucos dias, derrubaria o bi-ex-todo-poderoso ministro: “Palocci multiplicou seu patrimônio por 20 em 4 anos”. ‘Bi-ex’ porque Palocci já havia caído do cavalo no primeiro mandato do ‘Cara’, por conta dos escândalos da “Mansão dos Prazeres da República de Ribeirão Preto”, à beira do lago Paranoá de Brasília, lotada de belas trabalhadoras da noite fornecidas por Mary Jean Corner (eufemismo para Maria Joana da Esquina), demonstradamente frequentada por Palocci e sua turma, que ali fechavam negócios de arromba, sob o olhar do caseiro Nildo (short for ‘Francenildo’), que viu e contou tudo e se ferrou na vida por obra e graça do mesmo Palocci et caterva.

A manchete da Folha que detonou o tsunami que engolfou Palocci é supostamente obra dos “cabras” de Dirceu, desconfia a minha mais recente teoria da conspiração.

Por que acho isso? Ora, o bombardeio ao Palocci correspondeu ao esquecimento total do Dirceu. “Neçepaíz”, o escândalo de hoje serve para encobrir o de ontem. O escândalo Palocci encobriu mais outro escândalo Dirceu. A escandalosa libertação de Battisti vai encobrir o escândalo Palocci.

Enquanto Palocci cantava “Meu Mundo Caiu”, Dirceu, a bordo de um jatinho da Odebrecht, seguia com ‘O Cara’ para fumar um charuto com Fidel, em Cuba, e dar um abraço no Chávez, numa escala na Venezuela.

Em Havana, visitaram, com diretores da Odebrecht ciceroneados por Raúl Castro, as obras de um porto de 2 bilhões de reais construído pela mesma Odebrecht, em grande parte financiado pelo BNDES. Em Caracas, com o presidente da Odebrecht, visitaram as obras do metrô de Caracas, construído pela Odebrech e financiado pelo BNDES, e testemunharam Chávez pagar à Odebrecht 995 milhões de reais, que devia e vivia deixando “para amanhã”.

As presenças de Dirceu e do ‘Cara’ nesses “eventos”, especialmente o do pagamento, pode ser mera coincidência. Coincidências existem, mas não gosto delas. Dirceu sobe novamente como um foguete.

A belezura que é a nova ministra da Casa Civil, dona Gleisy, muito mais bonita do que a ‘Martaxa Relaxa e Goza’, de quem aparenta ser filha, senadora pelo PT do Paraná, foi quem primeiro saiu atirando “fogo amigo” no Palocci. É casada com ninguém menos do que o ministro Paulo Bernardo, ‘cabríssimo’ de Dirceu desde a primeira hora.

Ronaldo Fenômeno despediu-se, deixa saudades. Palocci fenomenal foi despedido, já foi tarde.

Num país em que Palocci e Dirceu agem em liberdade, o lugar de Battisti é na rua mesmo.

Enviado por: Francisco ' indignado' Vianna

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