A UPEC se propõe a ser uma voz firme e forte em defesa da ética na política e na vida nacional e em defesa da cidadania. Pretendemos levar a consciência de cidadania além dos limites do virtual, através de ações decisivas e responsáveis.


domingo, 1 de maio de 2011

As batatas do Quincas Borba

Na obra de Machado de Assis, Quincas Borbas desenvolveu a máxima de que “Aos vencidos, ódio ou compaixão. Aos vencedores, as batatas”.

“Supõe tu um campo de batatas e duas tribos famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos, que assim adquire forças para transpor a montanha e ir à outra vertente, onde há batatas em abundância; mas, se as duas tribos dividem em paz as batatas do campo, não chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz, nesse caso, é a destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e todos os demais efeitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas”.

Pois a atual inapetência dos grandes pelos assuntos globais que Ricupero aponta (os direitos humanos, a democracia, o ambiente, a igualdade entre mulheres e homens, o desenvolvimento econômico, o Estado de bem-estar social, a economia de mercado, a liberalização econômica e comercial) deve-se ao simples fato de que estão separadas as duas tribos: a dos que comem e a dos que não comem. E as forças armadas dos que comem servem para evitar que os que comem sejam importunados pelos que não comem. Sem ódio. Com compaixão. Políticas compensatórias com o cuidado de não dar acesso aos elevadores sociais para que os que não comem possam continuar vivos e massa de manobra dos que comem, mas sem se misturar. Querem um exemplo local: o bolsa-esmola do Lula que manteve uma massa dos que não comem, mobilizados para seu projeto de poder, mas sem acesso à educação que junto com a saúde formam o mais eficiente elevador social. Resultado: a crise de mão de obra que estamos enfrentando.

Péricles da Cunha

http://podercidadao.blogspot.com

Nenhum comentário: