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quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

PROJETO CINCO ESTRELAS

Conversando com um professor de uma escola pública tomei conhecimento de um projeto “muito inteligente” para melhorar o IDH das escolas públicas.

A ideia dos gestores da educação pública no país é associar o crescimento salarial dos professores à “qualificação estrela” obtida pelas escolas públicas, uma “brilhante” solução elaborada pela atual e futura equipe – a mesma – do Ministério da Educação, esse mesmo que não consegue fazer acontecer uma prova do Enem sem que haja algum tipo de fraude, um grave erro, ou desvios de condutas no processo seletivo.

Quanto menor a repetência e a evasão, maior o IDH das escolas públicas.

A meta dos professores de cada escola é aumentar a “classificação estrela” da escola onde estejam trabalhando. Para ajudar mais, conforme me informa o professor, temos agora teremos a figura da 5ª prova que surge como um instrumento de avaliação adicional que aprova os alunos que não obtiverem a média necessária.

Apenas um detalhe: o aluno pode ter tirado “zero” em todas, mas a 5ª prova poderá aprova-lo. Os conselhos de classe comunistas terão mais uma forma de aprovar os alunos na “marra”.

O professor declara: “agora quem ficar reprovando aluno vai ter que dar explicações aos outros professores, pois nosso aumento salarial vai ser menor”.

Eu pergunto para o angustiado mestre: - e a qualidade da educação onde fica? – Não fica, responde. O que interessa para a classe receber mais aumento é o quantitativo, o qualitativo se der deu...

Esse mesmo professor me conta que para dar aula de história para alunos da 8ª série de uma escola pública está precisando praticamente alfabetizá-los, pois as crianças não conseguem ler cinco linhas sem um imenso sacrifício “intelectual”.

- Será que a escola pública que conseguir fazer o aluno ler apenas cinco linhas antes de chegar no esgotamento intelectual vai ganhar uma estrela?

No caso da matemática não se precisa falar pois o país já é um dos piores entre os piores.

Chegamos ao fundo do poço da miséria educacional do país, formadora de uma massa de analfabetos funcionais e de escravos de um projeto de poder rigorosamente canalha e covarde.

Quem quiser dar uma boa educação aos seus filhos que se vire e pague uma boa escola particular sabendo-se que a disputa por essas escolas está cada vez maior. Nunca a educação do país ficou tão elitizada.

O discurso dos canalhas era outro.

A resposta para o motivo pelo qual surge em cada esquina um movimento religioso alternativo, e que enriquecem da noite para o dia seus dedicados “pastores”, está dada: o dinheiro dos fiéis remunera a venda da fé para uma massa cada vez maior de vítimas da miséria cultural e educacional do país.

Este é um dos retratos de um país edificado pelos canalhas que fizeram da Abertura Democrática uma fraude que corrompeu uma nação de quase 200 milhões de habitantes.

Este é um dos retratos de um país desgovernado nos últimos oito anos pelo mais sórdido político de nossa história que recebeu um aval para colocar no poder uma equipe laranja para continuar dando as cartas no projeto de transformar o país em um Estado de Direito Comunista.

A educação e as relações público-privadas no país já são um caso de polícia, o que teria algum efeito se houvesse no país uma Justiça que merece ter esse nome, e não um antro de corporativismo e relativismo que se tornou um lacaio do projeto de poder do Retirante Pinóquio.

Geraldo Almendra

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