O dissidente cubano Guillermo Fariñas interrompeu ontem a greve de fome iniciada no dia 24 de fevereiro, um dia depois da morte do também dissidente Orlando Zapata, em protesto idêntico. Eles exigiam a libertação de presos políticos. A tirania cubana, liderada pelos irmãos Castro — Raúl e Fidel — admite a existência de 167 presos políticos. Um acordo mediado pela Igreja Católica, na pessoa do cardeal Jaime Ortega, e pelo chanceler da Espanha, Miguel Ángel Moratinos, resultou na liberdade imediata de cinco prisioneiros. Outros 47 devem ser soltos em três ou quatro meses. O acontecimento, uma boa notícia que em nada muda a essência do regime cubano, cobre a política externa brasileira de ridículo e deveria envergonhar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O ridículo é dado pelos fatos, não depende do que sente Lula. Já a vergonha é uma questão pessoal: ou se tem ou não se tem. Já volto a este ponto. Antes, quero falar um pouco de Fariñas, que aparece na foto abaixo ainda antes da internação, em abril, já bastante debilitado.
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O prestígio de Lula — visto inicialmente, e de modo que sempre considerei equivocado, como liderança de uma nova estirpe — murchou, amesquinhou-se, ficou do tamanho do cérebro de Marco Aurélio Garcia e dos aloprados que hoje comandam o Itamaraty.
Enquanto o cardeal e o chanceler espanhol pressionavam, diplomaticamente, o governo cubano a libertar prisioneiros, Celso Amorim estava empenhado em outra luta: exigia (!) a volta a Honduras de Manuel Zelaya, o maluco que tentara dar um golpe no país. Ora, é um comportamento compatível com um governo que pede o fim do embargo a Cuba, que é contra as sanções econômicas ou Irã — segundo diz, só as respectivas populações desses países são punidas com tais medidas —, mas que defendia com incrível vigor sanções à pequenina Honduras. Por alguma razão e segundo a lógica enunciada, Lula e Amorim acreditam que hondurenhos podem ser punidos com rigor…
A libertação de presos políticos cubanos — sempre lembrando que mais 100 continuarão encarcerados mesmo que os tiranos cumpram a sua palavra de agora — é um evento de repercussão mundial do qual o Brasil não participa. Lula estava muito ocupado trocando afagos com o homicida que governa a Guiné Equatorial. Segundo Amorim, o Megalonanico, era tudo negócio. Vai ver era mesmo. Restaria saber que tipo de negócio.
Por Reinaldo Azevedo
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