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quinta-feira, 15 de julho de 2010

Apenas um delírio?

O ser humano não é anjo, as sociedades não são anjelicais, nunca o serão. Entretanto, somos seres sociais e tentamos construir ao longo da história, aos trancos e barranco, civilizações onde se possa viver em liberdade e com dignidade. Nunca atingiremos a perfeição, pois somos contraditórios, imperfeitos e jamais construiremos um paraíso terreal. Mas existe uma diferença entre imperfeição, falha e contradições, com "barbárie", simplesmente. No século passado tivemos, através dos regimes nazista e comunista, a manifestação plena do barbarismo na sociedade moderna, quando o Estado de algumas nações foi tomado por militâncias com ideologias totalitárias. Para estas, os fins justificam os meios, quando tudo o que promove e serve ao regime torna-se moral, enquanto o que a ele se opõe torna-se imoral, desprezível. Assim, o Estado e a prática política totalitárias adotam tanto o terror absoluto quanto o terror possível, para atingirem e manterem-se no poder, da Presidência da República ao síndico de um edifício. Nada pode ou deve escapar. Veja o leitor, que não uso os verbos no tempo passado, pois digo "adotam" ,"atingirem e manterem-se no poder", pois, em nossa sociedade, a proposta totalitária-onipotente é mais que um "ovo de serpente", sendo uma prática em curso, tocada quase sempre com dinheiro público.

A corrupção oficiosa, a compra de siglas partidárias ou Partidos de aluguel, o domínio partidário do aparelho estatal com seu uso e abuso eleitoral, a repetição da mentira até confundí-la com a verdade, a gradativa desmoralização das Leis e do Judiciário, onde e quando estas instituições são impecílhos ao domínio totalitário, são as práticas abusivas, imorais que vão se tornam comuns na marcha para o estabelecimento do regime totalitário em qualquer sociedade. Cada abuso, cada ruptura com instituições, usos e costumes que mantêm uma democracia, cada mentira que se torna verdade, são chamados pela militãncia da barbárie de "avanço" dentro de sua "práxis" anti-democrática e pró totalitária. Merece uma referência especial, o cêrco que se faz à liberdade de imprensa, onde e quando conspira-se contra os regimes democráticos, não nos esqueçamos, sempre imperfeitos.

Neste momento brasileiro, pleno de imperfeições e limitações sociais, vivemos uma uma situação especial. Testemunhamos a uma militância definida e explicitamente adepta de uma ideologia totalitária que, a todo momento, demonstra ser herdeira de todos os vícios e perversões historicamente manifestados durante 90 anos em dezenas de Nações, tentando manter-se no poder. Mas não apenas isso, mas sobretudo "avançar" contra as instituições democráticas, como a liberdade de imprensa e o acesso à Justiça, quando as redações de jornais e revistas devem ter suas pautas "discutidas" por "comissões populares" . Também diante de invasões de suas propriedades, os cidadãos terão que primeiro discutir com os invasores para preservar os direitos humanos destes, para só então poderem ir à Justiça. Nas escolas, as "comissões populares" definirão os conteúdos que farão a cabeça das crianças. Nos países do Leste Europeu, até seus povos repudiarem o regima, tais comissões eram denominadas como "Comissariado do Partido". Tudo isso está no Plano Nacional dos Direitos Humanos 3, que o Presidente "assinou sem ler" e onde, segundo ele, vimos "chifre na cabeça de cavalo". O Programa de seu Partido, que sua candidata-boneca rubricou mas não leu e nem assinou, também estaria cheia de "chifres na cabeça de cavalo". Chifres, digamos, antidemocráticos, liberticidas, mas sempre lógicos e coerentes com a ideologia definida e assumidamente totalitária que, se chegou ao governo, esforça-se para atingir o poder absoluto. E assim é porque é uma genética ideológia, totalitária, onipoente, não consegue ser diferente. É como o escorpião, respondendo ao cavalo indignado, ao qual picou, após atravessar o riacho em suas costas: "me perdoe, mas é a minha natureza"!

Neste momento, pergunto a cada leitor que até aqui nos tolerou: estaria este escriba a delirar e incomodando seus amigos com alucinações? Ou seríamos nós apenas mais um dentre tantos que ainda conseguem ver os "chifres" totalitários e não se acomodaram diante da avalanche de insultos antidemocráticos, como os daquele Presidente que, do alto de sua onipotência, teima em violar Leis eleitorais e insultar o Judiciário de sua Nação com propaganda antecipada, mesmo sendo Leis que, justamente, o levaram ao poder? Se indagado fosse pela Nação ou pelo Judiciário, tal como questionou o cavalo picado pelo escorpião mal-agradecido, o quê o Presidente responderia? Que "Me perdoem, mas é o meu destino, é a minha natureza ideológica!"? Finalmente indagaria ao leitor para o qual este artigo não seja apenas mais que um delírio a importuná-lo: Qual seria sua natureza, caro leitor? Qual será sua prática política diante dos fatos?

Valfrido M. Chaves Psicanalista, Pós Graduado em Políticas e Estratégia Adesg/UCDB
vmapantaneiro@terra.com.br

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