JB - 05/nov/2007
Che despiciendo
Antonio Sepulveda, escritor
O Senado da República agora decidiu reverenciar a memória de bandoleiros, assassinos, saqueadores e exterminadores. O primeiro a receber citações meritórias foi o fascínora Ernesto Che Guevara. Até mesmo Pedro Simon, com toda aquela pose de homem de bem, enalteceu “as excelsas qualidades” do criminoso infame, porque ele emboscava e matava, mas "sem perder a ternura".
O próximo homenageado, quem sabe, poderá ser o terrorista Osama Bin Laden ou talvez o bandido Fernandinho Beira-Mar. Antes, porém, ainda resta aos senadores a faina ingrata de salvar a pele de Renan Calheiros. Esta é uma agenda espremida para quem só trabalha três dias por semana, porquanto o tempo deve ser pouco para o desfrute da dinheirama embolsada por políticos tão ociosos quanto dissimulados.
Num arroubo — não sei se ideológico ou patológico — o presidente da Casa, Tião Viana, afirmou que os sonhos e ideais de Guevara vão além dos pôsteres, camisetas e adereços que estampam hoje sua imagem pelo mundo afora. "Che”, bradou Tião, “vive no inconformismo e na vontade de mudança por um mundo melhor e mais justo, nas mais diversas sociedades e distintas latitudes". O inconformismo, certamente, era com as sociedades livres; a vontade de mudança estava na opção pelo socialismo, cuja alma é intrinsicamente totalitária.
Tião Viana garante que Guevara sentia preocupação sincera com o próximo. Deve ter sido com tal preocupação que Che andava sempre disposto a torturar prisioneiros e a fuzilar opositores — incluam-se, entre as vítimas, colegas de farda, quase sempre pelas costas. Os socialistas, que não gostam de ser chamados de comunistas, embora a diferença nas acepções seja residual, insistem em passar esse monstro como um símbolo da luta pela liberdade. Centenas de homens que ele chacinou em Cuba tiveram a sorte selada em ritos sumários, cujas deliberações muitas vezes não ultrapassavam dez minutos. Nomeado comandante da fortaleza La Cabaña, para onde eram levados os presos políticos, Che Guevara converteu-a num campo de extermínio. Em seis meses sob seu comando, duas centenas de desafetos foram aniquiladas.
O descaro é tamanho que ousam citar destemor e ousadia entre os “grandes” predicados de um “verdadeiro líder revolucionário, destinado a permanecer como um ideal nos nossos corações e nas nossas mentes”. A única verdade, fartamente documentada, é a seguinte: Che Guevara era um covarde. "Não disparem. Sou Che. Valho mais vivo do que morto! Você vai matar um homem”, implorou, ao ser preso, a urinar as calças, dominado pelo pavor, ao tenente do exército boliviano Mário Terán, encarregado de sua execução. Mais dignas de um herói foram as últimas palavras pronunciadas pelo patriota americano Nathan Hale, morto pelos ingleses em 1776, em circunstâncias semelhantes: “Lamento apenas possuir somente uma vida para sacrificar por minha pátria”. Do poltrão Che Guevara nunca se poderia esperar tamanha sublimidade.
No entanto, foi esse canalha, um reles capanga maltrapilho e imundo do sanguinário Fidel Castro, que a matulagem socialista envolveu numa aura mitológica. Hoje em dia, gerações de imbecis desfilam com a carantonha de Guevara estampada na roupa e na epiderme; mal desconfiam que o infeliz não passava de um fracassado que esbanjou incompetência nas guerrilhas latino-americanas que engendrou a serviço de Cuba.
Contudo, não podemos negar o sucesso da máquina de propaganda marxista na elaboração de seu mito maior. Che tem de fato um apelo lendário nos cinco continentes, apesar de sua odiosidade, da maníaca obsessão de matar seres humanos, da crença inabalável na violência política e da adesão ao totalitarismo. Eis o exemplo de um ser desprezível que, pelos motivos mais torpes, alcançou fama gloriosa, quando, por justiça, merece lugar de destaque na mesma lixeira destinada à memória de Lenin, Stalin, Mao, Ceausescu e Fidel.
Como se não bastasse, o Che não gostava de banho. Seu apelido era “Porco”. Exalava o bodum nauseante de rim fervido.
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