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quinta-feira, 31 de março de 2011

Dilma e o jornalista português fazem competição de desinformação. Quantos são os desaparecidos? Milhões? Milhares? Centenas? Eu conto!

Publiquei ontem um pequenino trecho, até engraçado, da entrevista da presidente Dilma Rousseff ao jornalista português Sousa Tavares, concedida no Brasil, antes de sua viagem a Portugal. Pouco depois, postei a íntegra do vídeo apresentado na TV portuguesa. É este que segue abaixo. Sugiro que leia primeiro o texto, mas a ordem é livre, hehe. Retomo depois do filme.

Se a gente se deixar levar apenas pelo vai-da-valsa, sem pôr atenção ao que ela diz, julgará que foi muito bem, que se saiu com desenvoltura. Está, sem dúvida, mais solta, mais leve. É bem verdade que, num determinado momento, a ausência de um intérprete e a pouca intimidade com a língua de Eça podem ter prejudicado o seu entendimento das questões, mas nada que não tenha se resolvido no ambiente da própria conversa. Ainda que enrolando um tantinho, deu até uma resposta razoável sobre a razão por que o Brasil se absteve na votação do Conselho de Segurança da ONU que determinou a intervenção na Líbia. Mas esteve longe de ser a melhor. Poderia ter lembrado que o Brasil não foi voto isolado. Abstiveram-se também, por exemplo, Rússia, China e Alemanha. Preferiu carregar na defesa dos direitos humanos para apagar a má impressão deixada pelo governo do Apedeuta. Muito bem! Hoje é um dia particularmente interessante para escrever este texto.

Pela primeira vez desde 1965, creio (a verificar), o aniversário do movimento militar de 31 de março de 1964 está fora do calendário de comemorações do Exército. Só os clubes militares, comandados por oficiais na reserva, saudaram a data num comunicado comum. Na Presidência da República, está uma ex-militante de dois movimentos terroristas, que disputou e venceu eleições segundo as regras da democracia, que os movimentos a que ela pertencia repudiava. Os militares se limitam a cumprir o papel que lhes reserva a Constituição democrática. Muito bem!

Sousa Tavares fez a essa presidente, com esse presente e com esse passado, a seguinte pergunta:
Sousa Tavares - O que [a senhora] vai fazer, se é que vai fazer alguma coisa, com relação aos arquivos desse tempo [da ditadura], que estarão guardados aqui a apodrecer em Brasília. Os arquivos onde se julga poder encontrar o destino, o que aconteceu aos 500 brasileiros, mortos sem sepultura, cujas famílias não sabem quando é que morreram, onde, onde é que estão?

Dilma - A Comissão da Verdade, que é a proposta que nós mandamos ao Congresso, ela tem por objetivo resgatar uma coisa que é algo fundamental, qual seja: o direito sagrado de as pessoas enterrarem seus mortos. Enterrar não é um ato físico apenas. Muitas vezes, enterrar é um gesto simbólico, psicológico, moral e ético. Então essas milhões… Milhões não é… centenas de pessoas e algumas milhares que tiveram seus filhos mortos, elas têm todo o direito de enterrá-los, dessa cerimônia. E o estado deve a elas uma explicação”.

Agora eu
Muito bem, muito bem, leitor! Comecemos pelo essencial: os dois estão mal informados, tanto quem pergunta como quem responde. Dilma, vê-se, não tem idéia de quantos são os desaparecidos, embora essa história esteja mais perto dela do que de qualquer um de nós. Milhões? Não! Milhões é coisa de grandes psicopatas, assassinos em massa, a maioria de esquerda: Hitler, Stálin, Mao Tse-Tung, Pol Pot… Milhares? Aí já é coisa de alguns gorilas latino-americanos: há os gorilas mais modestos, como Pinochet, que matou três mil. Há os mais robustos, como os ditadores argentinos: 30 mil. E há os gorilaços, como os irmãos Castro: 100 mil.

Sousa Tavares deve uma correção aos telespectadores portugueses, e Dilma Rousseff deu curso a uma mentira histórica. É bem provável que a maioria que me lê agora não saiba, embora eu já tenha publicado essa informação aqui, quantos são os chamados desaparecidos da ditadura militar brasileira. Nem milhões, nem milhares nem centenas: são 133. Não deveria ter havido um único, é claro!, mas as esquerdas brasileiras investem na imprecisão como estratégia de heroicização do próprio passado e de demonização do adversário.

Saiba Sousa Tavares que os “mortos da ditadura” no Brasil, incluindo aqueles que pereceram de arma na mão, são 424 — e aí se contam 4 justiçamentos, isto é, pessoas assassinadas pelos próprios “tribunais revolucionários” das esquerdas porque supostos traidores. Os dados não são meus, não! Estão no livro “Dos Filhos Deste Solo”, escrito pelo petista Nilmário Miranda. Que se encontrem esses 133 corpos. Não estou me opondo, não! Mas que não se dê curso a uma fantasia. Aliás, num raciocínio puramente comparativo, os esquerdistas conseguiram ser mais letais do que as chamadas forças de repressão, indício de que, se tivessem chegado ao poder, teriam seguido seus ancestrais históricos: juntos, os vários movimentos mataram 119 pessoas. Não há uma só família que receba indenização. Espero que a verdade dos fatos não seja considerada “reacionária”.

Já que a entrevista foi concedida a uma TV portuguesa e agora está disponível na Internet, seria conveniente que a Secretaria de Comunicação da Presidência emitisse uma nota de correção para que uma mentira não prosperasse pela boca da mandatária. O 31 de Março de 1964 saiu do calendário de comemorações do Exército. Cumpre que a mitologia esquerdista abandone as mentalidades. Não há mal nenhum, para ninguém, em se lidar apenas com a verdade. Uma comissão com esse propósito não pode começar sob o signo da mentira.

Por Reinaldo Azevedo

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