O PALESTRISTA
Jacornélio M. Gonzaga (*)
Na semana passada fui surpreendido pela notícia que o “Noço” (onipresente) Guia. O Grande Líder, o Timoneiro, enfim, Luís Ignácio Lula da Silva iria ministrar uma palestra na Escola Superior de Guerra (ESG). No site da Sra Vana Rousseff estava publicado que “ele havia sido convidado para discorrer sobre o tema ‘Brasil, o país do futuro’, e falaria sobre a visão estratégica do país no cenário mundial, além do papel dos militares na Estratégia Nacional de Defesa (END), aprovada durante seu governo”.
Inicialmente pensei que hackers haviam invadido o site da Sra Vana e plantado a notícia. Não, era verdade! A confirmação veio por intermédio de diversos e-mails, que espumando indignação, teciam os mais diversos “elogios” a chefes militares.
O principal alvo das xingações era o Gen Túlio, Comandante da ESG, que embora com o mesmo nome do filósofo, orador, advogado, político e escritor romano, provavelmente não “pensava que a sua carreira política era a sua maior façanha”.
Os “elogios” à atitude do general, comparando-o a Marcus Túlio Cícero, relataram que “sua carreira como estadista foi marcada por inconsistências e uma tendência para mudar a sua posição em resposta a mudanças no clima político”. Alguns chegaram até a citar Cornelius Nepos, o biógrafo de Ático do século I A.C., que ao comentar as cartas de Cícero, ressaltou o conteúdo rico em detalhes "sobre as inclinações de homens importantes, as falhas dos generais, e as revoluções no governo", ou seja, crucificaram o Túlio do século XXI D.C., colocando sobre seus ombros o convite formulado ao parlapatão.
Para um médio observador, descobrir que a ordem para a realização do “evento” veio do sexto andar do Bloco “Q”, da Esplanada dos Ministérios, é muito fácil. Vê-se logo o dedo jobinesco, pois o grandiloqüente, infalível, fanfarrão, arrogante e espaçoso ministro, jamais perderia a oportunidade de, por meio de mais um ato bajulatório, afofar lulescamente o seu projeto pessoal de poder.
Para os mais atentos, verificando o teor da explicação webdilmense, de que o impostor falaria sobre: “a visão estratégica do país no cenário mundial, além do papel dos militares na Estratégia Nacional de Defesa (END), aprovada durante seu governo”, bastaria se perguntar:
- O míope apedeuta tem alguma visão estratégica?
- O beócio conhece outro papel que não seja o higiênico?
- Que governo?
Embora eu tenha me afastado do Ministério da Defesa há algum tempo (fui mandado embora para abrir vaga para o Assessor José Genoino Neto, que perdera o emprego) mantive minhas ligações de alto nível no Bloco “Q”. Foi-me confidenciado a existência de um planejamento “conferencista” desenvolvido para a ESG. Haverá até palestras de auto-ajuda, das quais ressalto:
Palestrante | Tema |
Renan Calheiros | Como crescer a família e aumentar o patrimônio |
Romero Jucá | Como servir a mais de dois senhores |
Erenice Guerra | Como enriquecer sua família |
Sérgio Cabral | Enriquecendo em quinze anos |
Alfredo Nunes | De sargento a senador: uma carreira de sucesso |
Por outro lado, preparando e inserindo os estagiários da ESG no holístico mundo prospectivo que se avizinha, alguns importantes debates sobre assuntos atuais ocorrerão naquela Escola de Altíssimos Estudos:
Palestrante | Tema |
Anthony Garotinho | Casamento com a política e a convivência dos contrários |
Antônio Palocci | A influência do tráfico na economia nacional |
Fidel Castro | Democracia, uma irmandade de sucesso |
Hugo Chaves | Venezuela, prejuízos com o excesso de democracia |
Jader Barbalho | Um cenário futurista dos ranários na economia paraense |
João Paulo Cunha | Contas caseiras: uma nova sistemática de pagamento |
José Dirceu | Consultoria, negócio do presente ou presente por negócios? |
José Genoino | Delação premiada: erros e acertos |
José Roberto Arruda | (**) |
José Sarney | Relações familiares com a política |
Luiz Pagot | A influência do DNIT na economia pessoal |
Marcos Valério | O mercado de lavanderias e a sua relação com a política |
Paulo Vanucchi | Como mentir na Comissão da Verdade |
(**) Como especialista, participará de um PAINEL, sobre qualquer assunto.
Quando comecei a escrever estas “mal traçadas linhas” fiquei na dúvida que título colocar! Não poderia ser O CONFERENCISTA, pois segundo um curitibano que devolveu seu “Certificado de Conferencista”, o participante das atividades da ESG fosse ele ouvinte, aluno, conferencista ou professor teria que no mínimo possuir o 3º grau completo, isto é, um diploma universitário e como o apedeuta não tem nem o primeiro grau, foi-se o meu título.
Pensei em colocar O PALESTRADOR, não dava, pois, pelo Aurélio, é aquele que palestra, que é dado a palestrar. Dando tratos à bola, lembrei-me que Odorico Paraguaçu era um iminente palestrista, mas de onde teria vindo essa palavra? Pesquisando, achei a resposta: trata-se da adjunção da palavra Palestrante com a palavra Estilista (Bras. Pessoa que se ocupa em estudar e adaptar novas soluções em matéria de estilo). E aqui entre nós, o apedeuta tem estilo, pois é mestre em enganar os outros, haja vista ter conseguido, por duas vezes, enganar mais da metade da população brasileira.
Será que o Jobim, com sua bajulação, pensa que consegue enganar ao “Noço” Guia? Aí fica a pergunta, que só o palestrista pode responder.
(*) Jacornélio é Conferencista da Escola Inferior de Paz; foi Instrutor da Seção de Ensino 5 da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, quando exerceu as funções de domador de urso; e, não desistiu de retornar à Direção-Geral do Fundo Nacional de Pensão dos Anistiados Políticos (FUNPAPOL).
Revisão: PGas
Brasília, 3 de agosto de 2011.
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