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domingo, 23 de maio de 2010

Vira-latas? Não, pavões

Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa
Fonte: Blog do Noblat

Dizem que foi ingenuidade ou tolice acreditar que o presidente Lula poderia estar no caminho certo ao partir cheio de vento para um acordo no qual acreditava piamente. Eu, pecadora, me confesso.

Embora duvidando, por achar que apesar de mascate experiente, Lula ia lidar com mascates milenares e com fanáticos religiosos, sonhei com a possibilidade de que a missão fosse bem sucedida, o que seria muito bom para a Humanidade. Sonhamos o mesmo sonho, Lula e eu, pelo visto.

E o Lula conseguiu aquilo que outros países não conseguiram. O iraniano assinou o documento que ainda não tinha assinado e com todos os pontos que os países do Conselho de Segurança da ONU exigiam. Não cheguei a comemorar. Não deu tempo...

Lula comemorou? Lá em Teerã, sim. Da mesma forma que comemora os gols do Corinthians e com a mesma pose. Mas depois, completamente fora de seu modo de ser, ele fechou a cauda do pavão e não fez nem um daqueles esparrames que costuma fazer, adjetivando o que faz como extraordinário e "nuncaantes". Ficou muito quieto.

Estranhíssimo, não fosse a lambada que levou de Ahmadinejad. Mal Lula deixou Teerã, o iraniano declarou que ia continuar enriquecendo urânio em seu território. O que levou as potências ocidentais a reagir com energia e pouca simpatia, apesar das palavras ocas e amáveis da sra.Clinton, que reconhecia os esforços valorosos da Turquia e do Brasil. Ficaram furiosos, essa é a verdade, por vários motivos, entre os quais o fato do penetra estar querendo ser dono da festa...

O silêncio de Lula continuava. É verdade que ele saiu de Teerã para Madrid. Mas logo que chegou de volta a Brasília, não ter falado em cadeia de Rádio e TV sobre seu grande feito, francamente, não combina com o pavão. O sonho da cadeira no Conselho de Segurança lhe escapou pelos dedos e ele sabe disso.

E dessa vez não tem a quem culpar. Não pode dizer que foi herança maldita do FHC nem nada. Não pode nem culpar Celso Amorim, ele é o chefão. Mas eu, como cidadã brasileira, posso. O presidente Lula não tem a mesma obrigação que Celso Amorim tem de saber o que se pode e o que não se pode fazer em termos diplomáticos. Amorim não é um novato. E não precisava ter colocado o Brasil (e o Ministério das Relações Exteriores) nessa fria.

O Brasil tornou-se um dos dois fiadores da palavra de Ahmadinejah. Não foi um excesso? Em minha opinião, sim. Além de nos colocar em situação frágil, o papel de protagonista de peso no cenário internacional, que afinal não é um sonho louco, e que era o que me dava certa esperança de que Lula não daria o passo maior do que a perna, já era.

O acordo é um documento com 10 pontos. Só dez. Em linguagem mais simples que um contrato de aluguel de quarto e sala aqui no Rio. O Irã vai cumprir? Não sabemos, ninguém sabe. Mas tenho a impressão que não serão as sanções internacionais que farão aquele país cumprir a palavra dada. Infelizmente.

E nós não somos vira-latas coisa nenhuma... Uma das provas é este texto: só mesmo uma pavoa para escrever sobre assunto tão complexo.

Mas hay derecho. Segundo li hoje mesmo, faço parte do povo que dedica 148 dos 365 dias que o ano tem, para sustentar este país lulático. Pelo menos que nos deixem falar!

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