Até quando, Lula?


Cláudio Slaviero *

A única coisa da qual me arrependo nos dois anos que presidi a Associação Comercial do Paraná, de 2004 a 2006, foi ter convidado o então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, para uma palestra a empresários na sede da entidade. Foi uma infeliz iniciativa. Primeiro, porque este senhor fez uma série de promessas ao setor empresarial e quase nada cumpriu.

E segundo, e o que me parece muito importante, porque ele, durante e depois de seu governo, multiplicou exemplos de corrosão institucional e moral no Brasil e preocupou-se única e exclusivamente na construção e modelagem de seu próprio mito, alimentado pelo populismo, falta de maior esclarecimento político de amplas faixas da população e por um sindicalismo obediente, paulatinamente incrustado na estrutura estatal em todo o País.

Este último episódio, denunciado no último final de semana, envolvendo Nelson Jobim, seu ex-ministro e ocupante de vários cargos em seu governo, que já havia sido ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) no tempo de Fernando Henrique Cardoso, e Gilmar Mendes, ministro do STF e ex-presidente da Corte, extrapolou.

A tentativa de lobby contra o julgamento do "mensalão" e seus autores é crime e deveria ser investigado em toda a sua intensidade.

A liberdade de imprensa trouxe ao Brasil, graças a Deus, a possibilidade de o País se conhecer melhor e aos seus dirigentes, com toda a responsabilidade que isto acarreta, tanto para os veículos de comunicação como para aqueles que são seus personagens.

Se a imprensa não houvesse trazido à tona, este verdadeiro crime teria sido abafado para sempre.

Como gosta de gabar-se Lula, "pela primeira vez na história desse país" um ex-presidente da República procurou um membro do STF para comentar-lhe que considera "inconveniente" o julgamento de uma ação que pode atingi-lo politicamente.

Este julgamento estaria fora de hora, segundo o ex-presidente, pela proximidade da campanha das eleições municipais deste ano.

Até quando este senhor pretende nos fazer de bestas? Sempre com a desculpa esfarrapada e pronta de não saber de nada, de não se considerar culpado ou envolvido em crimes de qualquer natureza, ele mente descaradamente a todo o país, sustentado por seu próprio mito, alimentado por ele, pelo petismo e seus filhotes radicais.


O que houve foi um ultraje, que mostra o descaramento de quem não respeita as instituições.

A história pode julgar o ex-presidente Lula como um dos mais coniventes com a corrupção neste país e um dos maiores desrespeitadores das instituições republicanas.

Demagogo, populista que desde seus primeiros discursos ao concorrer em 1989 à Presidência da República dizia, nos palanques, que iria "varrer toda a corrupção e os ladrões de Brasília", acabou por se abraçar com ela ao chegar ao Palácio do Planalto.


Aproveitou e surfou na onda de crescimento econômico internacional (hoje em declínio) durante seus oito anos de governo, ganhou espaço com a estabilidade da moeda, promovida pelo Plano Real (de quem era feroz crítico) implantado pelo seu antecessor, criou uma legião de dependentes com as bolsas de socorro, casou-se (de papel passado) e submeteu-se ao capital financeiro, infiltrou a "companheirada" por toda a máquina pública, provocando seu inchaço e aparelhamento, destruiu a ética e seus preceitos, desestabilizou as instituições (riu da Educação e do hábito de ler), tentou controlar a imprensa, deixou que desapropriassem empresas brasileiras na Bolívia e na Argentina (fato atual, motivado pelo precedente), uniu-se a ditadores terceiro-mundistas, favoreceu seus familiares (um de seus filhos passou de zelador de zoológico a acionista/proprietário de uma grande empresa, exigiu passaporte diplomático para seus familiares), foi conivente com os chamados movimentos sociais (como o MST, que em várias oportunidades desrespeitou absurdamente o direito à propriedade) e com as manobras petistas em todos os níveis etc.


Os exemplos são infindáveis.

Se não bastasse essa quantidade de maus exemplos, o ex-presidente volta à cena tentando pressionar o STF para adiar o julgamento do "mensalão".

Se ele ainda fosse presidente, não seria o caso de pedirmos o seu impeachment?Mas, agora, como simples cidadão, até quando ele continuará a nos fazer de bestas?

* Empresário, ex-presidente da Associação Comercial do Paraná
Postado por: Blog da Resistência Democrática