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segunda-feira, 17 de outubro de 2011

MAIS DE MIL POR UM

MAIS DE MIL POR UM

:: FRANCISCO VIANNA

(com base na agência Reuters) – 17 de outubro de 2011

É uma questão de valorização. Após cinco anos de negociações, começou a troca de quase cinco centenas de prisioneiros palestinos em Israel – cerca da metade dos mais de mil que serão libertados por Tel Aviv – por apenas um soldado israelense feito prisioneiro na Faixa de Gaza. Há polêmica e tensão entre os israelenses.


Numa ambiente de tensão, o governo de Tel Aviv e representantes do grupo terrorista HAMAS da Faixa de Gaza na Palestina se preparam pela segunda vez na história para uma troca de prisioneiros que deverá ocorrer hoje entre ambos os lados, pela qual 477 prisioneiros palestinos serão trocados por um único israelense, o soldado Gilad Shalit, que havia sido sequestrado em Gaza em 2006.

Para Israel, a polêmica consiste na libertação de 280 palestinos que tinham sido condenados à prisão perpétua por estarem envolvidos no planejamento e execução de atentados contra os judeus, principalmente por parte das famílias que sofreram com tais ataques e que consideram a decisão do governo injusta e afirmam que Israel está pagando um preço muito alto pela libertação de apenas um soldado patrício. Para o governo israelense, no entanto, trata-se apenas de uma questão de valorização, ou seja, para ele, governo, a liberdade e talvez a vida deste soldado valha muito mais do que os mais de mil terroristas mantidos presos em Israel. Além do mais, o estado judeu se livra da grande despesa de manter em cativeiro improdutivo e inútil tal contingente de prisioneiros.

Todavia, enquanto os cães ladram, a caravana passa e já começaram os preparativos para o traslado hoje dos primeiros 430 palestinos que foram levados ontem de ônibus para a prisão de Ketziot, perto da fronteira com o Egito. Os demais foram trasladados para a prisão de Sharon, no centro de Israel. Neste último grupo se encontram 27 mulheres que serão as primeiras a serem libertadas como parte da troca por Shalit.

Os líderes do grupo terrorista HAMAS, que “governa” a Faixa de Gaza independentemente da ANP, preparam uma festa típica de “recepção de heróis” para os prisioneiros libertados no território: montaram um cenário a céu aberto e as ruas de Gaza estão sendo decoradas com bandeiras palestinas, pôsteres, e bandeiras do HAMAS.

O primeiro ministro israelense Benjamin Netanyahu e o negociador David Meidan chegaram ao Cairo ontem para as conversações finais com os mediadores egípcios que definirão os últimos detalhes técnicos da troca. Ehud Barak, o Ministro da Defesa de Israel, prometeu que haverá "uma recepção discreta e circunscrita ao âmbito da família em respeito ao solicitado pelo soldado libertado". A troca prevê que Shalit seja levado hoje para o Egito através da fronteira de Rafah, no momento em que as 27 prisioneiras sejam libertadas. Uma vez confirmado que o soldado Shalit está bem e em segurança, os outros 450 presos palestinos serão entregues aos mediadores.

Nos próximos 12 meses, Israel deverá libertar mais 550 presos palestinos, e assim chegará ao total de 1027 previstos no acordo entre ambos os lados. Shalit foi sequestrado em solo israelense próximo à fronteira com Gaza em junho de 2006 e desde então permanece detido em local ignorado.

O debate aberto interno em Israel sobre a troca em contraste com a recepção palestina dos presos como heróis que retornam à Cisjordânia e a Gaza reflete os contrastes a respeito da troca: os israelenses, apesar de considerarem os prisioneiros como terroristas de sangue frio, acham que a libertação de 1027 ao longo do próximo ano vale menos do que a vida e a liberdade de um único judeu. Do outro lado, a “sociedade palestina” – se é que se pode assim se referir aos ‘palestinos’ – considera os presos como combatentes da ‘resistência’ islâmica na região.

Há uma torrente de ações judiciais nos tribunais israelenses, instituídas nos últimos dias por várias famílias, apelando contra o acordo da troca. A AMALGOR, uma associação de vítimas do Terrorismo, apresentou duas petições para sustar a troca. Uma denuncia a desproporção da troca. Outra pede para que se dilate o prazo de 48 horas que outorga a lei para impugnar a concessão de perdões. Entre os beneficiados por essa já histórica troca está Walid Anajas, condenado pelo atentado de 2002 contra o Café Moment, em Jerusalém, pelo qual morreram 12 pessoas, e Mussab Hashlemon, condenado a 17 prisões perpétuas por enviar dois homens-bomba suicidas se explodirem contra um ônibus em Bersheeba, que matou 16 civis em 2004.

Noam Shalit, pai do soldado sequestrado, advertiu que "qualquer atraso na execução da troca pode ser fatal e causar um dano irreparável” a seu filho. "Caso o acordo por qualquer motivo não tenha continuidade agora certamente nunca se concretizará", avisou. A família de Shalit pediu para estar presente na revisão do Supremo Tribunal de Apelação no julgamento dos recursos apresentados contra o acordo pelas vítimas do terrorismo e suas famílias. Este tribunal deve examinar hoje tais apelações contra o acordo e, no máximo, ainda hoje, deliberar.

Ao libertar 1027 detidos, Israel optou por aceitar tal desproporcionalidade não apenas como uma demonstração pública de valorização da vida e da liberdade de um único israelense, mas também para se livrar do ônus de manter mais de mil palestinos sob sua custódia. Em maio de 1985, o governo israelense já havia decidido libertar 1150 palestinos em troca de apenas três de seus militares, o que forneceu a jurisprudência para o acordo atual. Fontes do Ministério da Defesa em Tel Aviv disseram que o acordo “é definitivo e nenhuma mudança será aceita".

A GRANDE DESPROPORÇÃO ESTÁ NA BOA-VONTADE DOS JUDEUS FRENTE AO ÓDIO DOS QUE MANIPULAM UMA POPULAÇÃO IGNORANTE, SEM PÁTRIA E SEM SENTIDO DE NACIONALIDADE E QUE, POR ISSO MESMO, É USADA COMO BUCHA DE CANHÃO CONTRA ISRAEL.

(Agência Reuters).

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