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quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Escândalo no Esporte

Verba pública abasteceu também a família de Orlando Silva

Mulher do ministro utilizou-se de ONGs para ter acesso fácil aos cofres públicos

O ministro do Esporte, Orlando Silva, durante depoimento aos parlamentares

O ministro do Esporte, Orlando Silva, durante depoimento aos parlamentares (Renato Araújo/ABr)

A crise em que está submerso o ministro do Esporte, Orlando Silva, ganha contornos mais graves a cada dia. Após ser apontado como beneficiário de um esquema de corrupção operado na pasta que comanda - conforme revelou reportagem de VEJA -, o ministro agora terá de explicar a utilização de verbas públicas em benefício de sua família. Convênios assinados pelo governo federal mostram que falimiares de Orlando Silva se valeram de uma rede de organizações não governamentais (ONGs) e mobilizaram militantes e simpatizantes do PCdoB para facilitar o acesso aos cofres públicos. No rastro da posse de Orlando Silva no Esporte, em abril de 2006, a mulher dele, Ana Cristina Petta, também arrumou um cargo de confiança no Ministério da Cultura.

A nomeação de Ana Petta como gerente da Secretaria de Políticas Culturais foi publicada em maio de 2006. A mulher de Orlando Silva recebeu 2.961,87 reais até junho, segundo o Portal da Transparência, que não registra outros pagamentos. Mas a passagem pelo governo federal azeitou os negócios públicos e privados e levou até a ONG Via BR, intermediária das relações com a família Orlando-Petta, a festejar. "Uma parceria de sucesso", saudou o então secretário de Esporte de Campinas (SP), Gustavo Petta, sobre o evento promovido com o Instituto Via BR no município em novembro de 2009, prestigiado pelo cunhado de Petta, Orlando Silva, ministro do Esporte. A festa foi apenas um capítulo na complexa rede de relações entre a família de Orlando Silva, o PCdoB e ONGs.

A ONG Via BR, criada pouco tempo antes por "jovens com a perspectiva socialista", seria contratada pelo Esporte menos de seis meses depois da festa da "Virada Esportiva", em Campinas. A Via BR teria 26 dias a partir da publicação do convênio no Diário Oficial para estimular a participação social na 3ª Conferência Nacional do Esporte. Pelo trabalho, recebeu 272.000 reais.

Gustavo Petta, irmão de Ana Cristina Petta, havia sido convidado pelo ministro e cunhado a participar da organização dessa conferência. No mês seguinte à conferência que organizara, com a participação da Via BR, Gustavo Petta se lançaria candidato a deputado federal pelo PCdoB.

A Contra Regras, que prestou serviços gratuitos à campanha de Petta, acabara de receber 83.400 reais de convênio da Via BR com o Ministério do Esporte. A "doação" à campanha, acima dos valores permitidos por lei, seria condenada depois pela Justiça eleitoral. A Contra Regras levou multa e ficará sem contratos com o poder público, apesar da defesa feita pela advogada da Via BR, Camila Saad.

Os laços que unem a Via BR e a Contra Regras vão além dos negócios em Campinas e dos convênios selados com a União em 2010, um dos quais teve subcontratada a Hermana, empresa de Anna Petta. A ONG e a empresa dividem o mesmo endereço na rua Áurea, no bairro da Vila Mariana, em São Paulo, em prédio vizinho ao da Hermana.

Mais do que isso, seus dirigentes foram companheiros de Gustavo Petta na União Nacional dos Estudantes (UNE). Quando Orlando Silva assumiu o comando do Ministério do Esporte, em abril de 2006, Gustavo Petta presidia a UNE. No posto, criou o Centro Universitário de Cultura e Arte da entidade (Cuca), dos quais Vanessa Stropp e Tiago Alves eram coordenadores. Stropp também participou da União da Juventude Socialista (PCdoB).

(com Agência Estado)

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