Esquerda caviarRodrigo Constantino
O GLOBO
O Rio é vítima de uma verdadeira praga: a “esquerda
caviar”, formada por parte da elite financeira e cultural do país. Seus membros
posam de altruístas enquanto louvam ditadores sanguinários como Fidel Castro. Do
conforto de seus apartamentos em Paris, porque ninguém é de
ferro.
Roberto Campos fez um diagnóstico preciso da árvore genealógica da turma, ao afirmar que “trata-se de filhos de Marx numa transa adúltera com a Coca-Cola”. Somente isso pode explicar a esquizofrenia de nossos artistas e intelectuais de esquerda, que admiram o socialismo, mas adoram também três coisas que só o capitalismo sabe dar: “Bons cachês em moeda forte, ausência de censura e consumismo burguês”.
Um cínico poderia dizer que a hipocrisia é útil. Aproximando-se do poder,
esses intelectuais conseguem privilégios e mamatas. A Petrobras, por exemplo,
destinou a bagatela de R$ 652 milhões para patrocínios culturais entre 2008 e
2011. É uma montanha de dinheiro capaz de testar a integridade até mesmo de um
santo!
Mas não creio ser apenas isso. Acredito que um dos fatores tem ligação com
o sentimento de culpa dessa elite. E convenhamos: nada como uma elite culpada
tentando expiar seus “pecados”. Com que facilidade ela adere aos discursos mais
sensacionalistas e demagógicos. Chega a dar dó.
Em um país que culturalmente condena o lucro e enxerga a economia como um jogo de soma zero, onde José, para ficar rico, precisa tirar de João, o sucesso acaba sendo uma “ofensa pessoal”, como disse Tom Jobim. Essa visão é um prato cheio para produzir uma elite culpada e desesperada para pregar aos quatro ventos as “maravilhas” do socialismo.
Em um país que culturalmente condena o lucro e enxerga a economia como um jogo de soma zero, onde José, para ficar rico, precisa tirar de João, o sucesso acaba sendo uma “ofensa pessoal”, como disse Tom Jobim. Essa visão é um prato cheio para produzir uma elite culpada e desesperada para pregar aos quatro ventos as “maravilhas” do socialismo.
Por isso vemos cineastas herdeiros de banco fazendo filmes que enaltecem
guerrilheiros comunistas. Por isso vemos filhos de grandes escritores lambendo
as botas de tiranetes latino-americanos. Imagem é tudo.
E estas pobres almas acreditam que, ao louvarem a ideologia que quer
destruí-los, conquistarão a fama de abnegados e descolados. Como é fácil falar
que o capitalismo não presta quando se é milionário!
Joãozinho Trinta foi no alvo quando disse que os intelectuais é que gostam
de miséria, pois os pobres gostam é de luxo. Nada mais natural do que desejar
melhorar as condições de vida. E nada melhor para isso do que o trabalho duro em
um ambiente de livre mercado. Lucro e trabalho são sócios nesta empreitada. O
grande obstáculo é justamente o governo inchado, obeso, que cria burocracia
asfixiante e arrecada quase 40% do que é produzido em nome da “justiça
social”.
Quem labuta para criar riqueza e subir na vida não tem tempo para “salvar o
planeta” ou construir “um mundo melhor”. Estas são as bandeiras da esquerda
festiva, dos artistas que, do conforto de suas mansões, adoram detonar o
capitalismo enquanto desfrutam de tudo de bom que só ele pode oferecer.
Sobre a seita ambientalista, aliás, recomendo a leitura do excelente livro
“Os Melancias”, de James Delingpole. A máscara dos alarmistas climáticos que
fazem ecoterrorismo cai por completo, expondo a verdadeira face vermelha por
trás do movimento verde.
Mas divago. Eis o que eu realmente queria dizer: boa parte da elite carioca
gosta de defender candidatos socialistas com discursos messiânicos. Entre uma
cerveja e outra, essa turma esbraveja contra os ricos capitalistas e repete como
sua utopia salvaria a humanidade das garras dos gananciosos e insensíveis.
Depois voltam para seu conforto egoísta com a alma lavada. A retórica vale mais
que atos concretos. Garçom, mais uma cerveja!
Foi assim que o brizolismo conseguiu prosperar no Rio, com os aplausos de
muita gente da zona sul. Foi assim também que Heloísa Helena, do PSOL (o PT de
ontem), conseguiu mais votos no Rio do que em qualquer outro lugar. O que
esperar de um povo que elegeu Saturnino Braga em vez de Roberto Campos para o
Senado?
Essa análise toda foi para chegar ao novo queridinho da elite carioca, o
personagem de filme de ação, herói que desafia as milícias. Há só um detalhe:
seu partido é aquele que prega o socialismo (com um atraso de duas décadas), que
pretende escolher até o tema das escolas de samba, que tem deputado que gosta de
queimar a bandeira de Israel em praça pública, demonstrando sua intolerância,
além de enorme desrespeito ao povo judeu.
Leiam “Fascismo de esquerda”, de Jonah
Goldberg. Socialismo e liberdade não combinam. Um é o contrário do outro. Todo
regime socialista levou à escravidão e à miséria. Até quando os cariocas vão
cair na ladainha dos artistas que adoram o socialismo, lá do conforto de Paris?
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