| 25 Maio 2012
Media Watch - Outros
Media Watch - Outros
A
entrevista de Xuxa – mera peça publicitária - é algo velho e batido,
mas que funciona como método de modificação de mentalidades.
É quase certo que as famosas cenas de pedofilia explícita do filme "Amor, estranho amor", estrelado por Xuxa, em 1982, serão explicadas agora - após suas declarações no programa Fantástico deste domingo (20) - pelo abuso que Xuxa sofreu na infância. Se aplicarmos isso a todos os pedófilos, teremos vítimas de traumas ao invés de criminosos. Pedofilia passará a ser caso para a psicologia, e não para a polícia. Em breve eles serão também vítimas do preconceito da sociedade.
A polêmica envolvendo a entrevista de Xuxa servirá muito bem à causa da descriminalização da pedofilia, que vem sendo trabalhada pelas Nações Unidas há muito tempo.
Para quem não acredita que haja tamanho maquiavelismo por trás das declarações da apresentadora, basta conhecer a vida e obra de Edward Bernays, o pai das relações públicas e da publicidade, gênio inspirador das teorias de comunicação de massa e grande estrategista responsável pela modificação de imagens simbólicas no público.
Bernays atuou para grandes empresas nos EUA e foi o responsável pela explosão do consumo antes da crise de 1929. Até mesmo o nazista Joseph Goebbels admitiu ter sido inspirado pelas técnicas e resultados que Bernays teve nos EUA.
Um dos grandes feitos de Bernays foi romper o tabu que existia na sociedade da época em relação ao cigarro e às mulheres, utilizando técnicas da psicanálise na propaganda, além da grande influência que tinha na imprensa. Ele contratou 10 moças debutantes para ir a um evento público com cigarros escondidos e, ao seu sinal, começariam a fumar diante dos olhos da multidão. Bernays enviou press releases para todos os jornais avisando que haveria um protesto pela libertação das mulheres no referido evento. A partir daquele dia não foi mais preciso contratar ninguém.
Aquilo que não era comentado passou a ser motivo de debate e discussão pública, gerando polarização. O cigarro, para mulheres, passou a ser sinônimo de liberdade.
Este tipo de técnica é aplicada mediante a criação de eventos ou fatos midiáticos que estimulem a discussão e a opinião sobre o assunto, fazendo-os coincidir com determinadas idéias postas em circulação paralelamente. O que antes não era discutido por questões de moralidade, passa a ser pauta dentro dos lares, empresas, cafés, etc., dando a idéia de uma demanda natural do público. Com essa mudança de posição, o tema trabalhado ganha espaço considerável e torna-se apto a ser preenchido aos poucos com o sentido desejado pela campanha. Neste sentido, campanhas anti-pedofilia tendem a provocar o efeito contrário, já que o conteúdo de uma mensagem carrega junto dele sempre o seu oposto. Independente da oposição pública ao uma idéia, a imagem mental dessa idéia sai vitoriosa e alcança o objetivo de pertencer ao imaginário popular, de onde jamais sairá.
A pedofilia sempre foi considerada um fato tão monstruoso que não era digno de ser falado. A exposição do assunto por meio de uma campanha aparentemente justificada por repetidas notícias de casos cada vez mais revoltantes vai rompendo o tabu e tornando o assunto discutível. A menção do assunto em lares familiares, em conversas entre pais e filhos, torna o fantasma da pedofilia um elemento constante do imaginário entre adultos e crianças, o que facilitará a mudança de mentalidade almejada para o futuro.
Bernard Cohen já dizia que quando a mídia não consegue determinar como o público vai pensar, ela consegue ao menos determinar o que ele vai pensar e discutir. Isso significa que o conteúdo da mensagem pouco importa, mas sim o debate gerado, o rompimento do tabu. Qualquer publicitário sabe que para a aceitação de uma campanha polêmica o primeiro passo é torná-lo assunto, seja na forma negativa ou positiva. A campanha contra as drogas, por exemplo, transformou o usuário de criminoso a doente, e hoje vemos campanhas pelo mundo todo pedindo a legalização de todas as drogas.
Mas vejamos como isso aconteceu no caso em questão: as declarações de Xuxa no Fantástico trazem à mente do telespectador minimamente informado as cenas de pedofilia do filme “Amor, estranho amor”, de 1982, onde a futura rainha dos baixinhos flerta nua com um menino de 12 anos. As declarações do presente acenderão uma avalanche de menções ao passado. Ao ser colocada em pauta, Xuxa passa a ser um assunto vinculado à pedofilia, mesmo que oficialmente como vítima. O processo de vitimização da apresentadora iniciado a partir das declarações torna o deslize do passado de sua carreira algo perdoável e explicado pelo abuso na infância.
A descriminalização oficial da pedofilia, no caso de Xuxa, será fácil. A apresentadora na época era menor de idade, o que torna impossível qualquer punição jurídica, além do fato de que o suposto crime prescreveu, dado o tempo decorrido. Milhares de pedófilos acusados ou presos podem, agora, declararem-se inocentes, devido um trauma no passado remoto que jamais poderá ser investigado.
Toda a teoria da comunicação de massa é a descrição deste tipo de processo de transferência e mudança de sentido e, mesmo que todos os teóricos estivessem bem intencionados, seria muito difícil que conseguissem transmitir suas boas intenções aos organismos de engenharia social que desde a Primeira Guerra Mundial tentam controlar a cognição das massas financiando o trabalho destes mesmos pesquisadores. Portanto, uma explicação mais ingênua deste processo, baseada no acaso, deve ser descartada em favor do bom senso.
A “causa” da pedofilia
A Comissão sobre População e Desenvolvimento das Nações Unidas considerou os “direitos de saúde sexual e reprodutiva” para crianças de até dez anos. Até mesmo o secretário-geral Ban Ki-Moon concordou. Numa declaração recentemente dada ele disse: “Os jovens, tanto quanto todas as pessoas, têm o mesmo direito humano à saúde, inclusive saúde sexual e reprodutiva”.
A associação desse direito com jovens, principalmente crianças, feita pelo secretário-geral e pela Comissão sobre População e Desenvolvimento (CPD) é muito grave, se considerarmos que se pôde definir o direito como incluindo acesso ao aborto e à contracepção. É claro que os pedófilos não querem ter de arcar com a gravidez de suas vítimas.
Auxiliado de um lado pela noção de opressão sexual criada por seu tio Sigmund Freud (responsável máximo pela erotização das crianças) e de outro por Walter Lippmann, que via a opinião pública como uma turba de incultos sem o controle de uma classe de esclarecidos, Bernays entende que a necessidade de consumo não é suficiente para suprir a demanda de sonhos que seriam necessários para tornar a massa mais controlável. No livro Propaganda, de 1928 (que estranhamente não conta com tradução para o português), o pai das relações públicas admite que seria uma extrema imprudência da parte dos governos do futuro se não contarem com técnicas bem definidas para controlar a opinião pública, já que ela se tornaria caótica e perigosamente incontrolável. Era consenso entre estudiosos de comunicação a necessidade daquilo que o romancista H. G. Wells chamava de “governo invisível”.
Quando aliadas a técnicas da psicanálise (Bernays foi o primeiro divulgador de Freud nas Américas), a temática sexual atraiu a atenção de teóricos que tinham a sociedade não como objeto de estudo, mas como de experiências para as suas teorias. Alfred Kinsey, em 1948, ficou famoso por seu Relatório que apontava números sobre o homossexualismo que serviram bem para as campanhas pela descriminalização nos EUA da época. O que podemos dizer de relevante sobre este sujeito é que ele era seguidor declarado do satanista Aleister Crowley e que foi diversas vezes acusado de fazer experiências sexuais com crianças (ler ‘O Movimento Homossexual’, de Julio Severo (http://pt.scribd.com/doc/
É bom lembrar que o homossexualismo, no passado, era considerado crime e foi devido a pressões por parte de ativistas que foi considerado doença. Depois de diagnosticada a doença, chegou o momento de afirmar-se como grupo social e até gênero discriminado, ganhando em seguida uma série de benefícios sociais cujo mais recente é a lei da “homofobia”.
A entrevista de Xuxa – mera peça publicitária - é algo velho e batido, mas que funciona como método de modificação de mentalidades. John Coleman, no livro O Instituto Tavistock de Relações Humanas, conta como os engenheiros sociais do famigerado instituto de pesquisas financiado pela Fundação Rockfeller pagavam grandes somas para que celebridades concedessem entrevistas sobre temas sexuais. O objetivo era o mesmo das propagandas de cigarro que incluíam astros de Hollywood.
Sabendo disso, o telespectador comum pode experimentar relacionar fatos midiáticos, ligados a celebridades preferencialmente, com questões políticas que polarizem discussões, como o desarmamento, passeatas pela diversidade, racismo, violência contra mulheres etc. Não está em questão qual a real validade ou necessidade destas discussões para a sociedade, mas sim a procedência real de alguns fatos públicos orientados muitas vezes pelo interesse de grupos regados a financiamentos muitas vezes milionários. Assim, estes grupos buscam dar a idéia de uma singela coincidência de demandas populares por “direitos historicamente sonegados” contando, para isso, com a colaboração de uma imprensa que, ou não conhece a procedência de suas próprias técnicas, ou trabalha literalmente para o outro lado sem nenhuma consciência de culpa.
Referências:
Edward Bernays – Propaganda (1928)
Walter Lippmann – Opinião Pública (1922)
John Coleman – O Instituto Tavistock de Relações Humanas
(http://pt.scribd.com/doc/
The Century of the Self. (Documentário da BBC)
Julio Severo – O movimento homossexual (http://homofobianaoexiste.
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