Juíza Dra. Marli Nogueira,
Justiça do Trabalho em Brasília.
Da Juíza às Forças Armadas
Os militares precisam descobrir a força que a instituição tem.
Há anos venho acompanhando as notícias sobre o desmantelamento das Forças
Armadas e sobre a relutância dos governos de FHC e de Lula em reajustar
dignamente os salários dos militares.
O cidadão ingênuo até pensaria que os sucessivos cortes no orçamento do
Ministério da Defesa e a insistência em negar os reajustes salariais à
categoria poderiam, mesmo, decorrer de uma contenção de gastos, dessas que as
pessoas honestas costumam fazer para manter em equilíbrio o binômio
receita/despesa, sem comprometer a dignidade de sua existência.
Mas, depois de tanto acompanhar o noticiário nacional, certamente já ficou
fácil perceber que não é esse o motivo que leva o governo a esmagar a única
instituição do país que se pauta pela ampla, total e irrestrita seriedade de
seus integrantes e que, por isso mesmo, goza do respaldo popular, figurando
sempre entre as duas ou três primeiras colocadas nas pesquisas sobre
credibilidade.
A alegação de falta de dinheiro é de todo improcedente ante os milhões (ou
bilhões?) de reais que se desviaram dos cofres públicos para os ralos da
corrupção política e financeira, agora plenamente demonstrada pelas CPIs em
andamento no Congresso Nacional.
O reajuste salarial concedido à Polícia Militar do Distrito Federal, fazendo
surgir discrepâncias inadmissíveis entre a PM e as Forças Armadas para os
mesmos postos, quando o dinheiro provém da mesma fonte pagadora - a União -
visa criar uma situação constrangedora para os que integram uma carreira que
sempre teve entre suas funções justamente a de orientar todas as Polícias
Militares do país, consideradas forças auxiliares e reserva do Exército (art.
144, § 6º da Constituição Federal).
Mas agora a charada ficou completamente
desvendada. E se você, leitor, quer mesmo saber por que raios o governo vem
massacrando as Forças Armadas e os militares, a ponto de o
presidente da República sequer receber seus Comandantes para juntos discutirem
a questão, eu lhe digo sem rodeios: é por pura inveja e por medo da comparação
que, certamente, o povo já começa a fazer entre os governos militares e os que
os sucederam. Eis algumas das razões dessa inveja e desse medo:
1) Porque esses políticos
(assim como os 'formadores de opinião'), que falam tão mal dos militares, sabem
que estes passam a vida inteira estudando o Brasil - suas necessidades, os
óbices a serem superados e as soluções para os seus problemas - e, com isso,
acompanham perfeitamente o que se passa no país, podendo detectar a verdadeira
origem de suas mazelas e também as suas reais potencialidades.
Já os políticos profissionais - salvo exceções cada vez mais raras - passam a
vida tentando descobrir uma nova fórmula de enganar o eleitor e, quando
eleitos, não têm a menor idéia de por onde começar a trabalhar pelo país porque
desconhecem por completo suas características, malgrado costumem, desde a
candidatura, deitar falação sobre elas como forma de impressionar o público.
Sem falar nos mais desonestos, que, além de não saberem nada sobre a terra que
pretendem governar ou para ela legislar, ainda não têm o menor desejo de
aprender o assunto.
Sua única preocupação é ficar rico o mais rápido possível e gastar vultosas
somas de dinheiro (público, é claro) em demonstrações de luxo e ostentação.
2) Porque
eles sabem que durante a 'ditadura' militar havia projetos para o país,
todos eles de longo prazo e em proveito da sociedade como um todo, e não para
que os governantes de então fossem aplaudidos em comícios (que, aliás, jamais
fizeram) ou ganhassem vantagens indevidas no futuro.
3) Porque eles sabem que os militares,
por força da profissão, passam, em média, dois anos em cada região do Brasil,
tendo a oportunidade de conhecer profundamente os aspectos peculiares a cada
uma delas, dedicando-se a elaborar projetos para o seu desenvolvimento e para a
solução dos problemas existentes.
Projetos esses, diga-se de passagem, que os políticos, é lógico, não têm o
mínimo interesse em conhecer e implementar.
4) Porque eles sabem que dados
estatísticos são uma das ciências militares e, portanto, encarados com seriedade
pelas Forças Armadas e não como meio de manipulação para, em manobra
tipicamente orwelliana, justificar o injustificável em termos de economia,
educação, saúde, segurança, emprego, índice de pobreza, etc.
5) Porque eles sabem que os militares tratam
a coisa pública com parcimônia, evitando gastos inúteis e conservando ao máximo
o material de trabalho que lhes é destinado, além de não admitirem a
negligência ou a malícia no trabalho, mesmo entre seus pares.
E esses políticos perto não suportariam ter os militares como espelho a
refletir o seu próprio desperdício e a sua própria incompetência.
6) Porque eles sabem que os militares, ao
se dirigirem ao povo, utilizam um tom direto e objetivo, falando com honestidade,
sem emprego de palavras difíceis ou de conceitos abstratos para enganá-lo.
7) Porque eles sabem que os militares
trabalham duro o tempo todo, embora seu trabalho seja excessivo, perigoso e
muitas vezes insalubre, mesmo sabendo que não farão jus a nenhum pagamento
adicional, que, de resto, jamais lhes passou pela cabeça pleitear.
8) Porque eles sabem que para os
militares tanto faz morar no Rio de Janeiro ou em Picos, em São Paulo ou em
Nioaque, em Fortaleza ou em Tabatinga porque seu amor ao Brasil está acima de
seus anseios pessoais.
9) Porque eles sabem que os militares
levam uma vida austera e cultivam valores completamente apartados dos prazeres
contidos nas grandes grifes, nas mansões de luxo ou nas contas bancárias
no exterior, pois têm consciência de que é mais importante viver dignamente com
o próprio salário do que nababescamente com o dinheiro público.
10) Porque eles sabem que os militares têm
companheiros de farda em todos os cantos do país, aos quais juraram lealdade
eterna, razão por que não admitem que deslize algum lhes retire o respeito
mútuo e os envergonhe.
11) Porque eles sabem que, por necessidade
inerente à profissão, a atuação dos militares se baseia na confiança mútua, vez
que são treinados para a guerra, onde ordens emanadas se cumpridas de forma equivocada
podem significar a perda de suas vidas e as de seus companheiros, além da
derrota na batalha.
12) Porque eles sabem que, sofrendo constantes transferências, os militares
aprendem, desde sempre, que sua família é composta da sua própria e da de seus
colegas de farda no local em que estiverem, e que é com esse convívio que
também aprendem a amar o povo brasileiro e não apenas os parentes ou aqueles
que possam lhes oferecer, em troca, algum tipo de vantagem.
13) Porque eles sabem que os militares jamais poderão entrar na carreira
pela 'janela' ou se tornar capitães, coronéis ou generais por algum tipo de
apadrinhamento, repudiando fortemente outro critério de ingresso e de ascensão
profissional que não seja baseado no mérito e no elevado grau de responsabilidade,
enquanto que os maus políticos praticam o nepotismo, o assistencialismo, além
de votarem medidas meramente populistas para manterem o povo sob o seu domínio.
14) Porque eles sabem que os militares desenvolvem, ao longo da carreira,
um enorme sentimento de verdadeira solidariedade, ajudando-se uns aos
outros a suportar as agruras de locais desconhecidos - e muitas vezes inóspitos
-, além das saudades dos familiares de sangue, dos amigos de infância e de sua
cidade natal.
15) Porque eles sabem que os militares são os únicos a pautar-se pela
grandeza do patriotismo e a cultuar, com sinceridade, os símbolos nacionais notadamente
a nossa bandeira e o nosso hino, jamais imaginando acrescentar-lhes
cores ideológico-partidárias ou adulterar-lhes a forma e o conteúdo.
16) Porque eles sabem que os militares têm orgulho dos heróis nacionais que,
com a própria vida, mantiveram íntegra e respeitada a terra brasileira e que
esses heróis não foram fabricados a partir de interesses ideológicos, já
que, não dependendo de votos de quem quer que seja, nunca precisaram os
militares agarrar-se à imagem romântica de um guerrilheiro ou de um traidor
revolucionário para fazer dele um símbolo popular e uma bandeira de campanha.
17) Porque eles sabem que para os militares, o dinheiro é um meio, e não um
fim em si mesmo. E que se há anos sua situação financeira vem se degradando por
culpa de governos inescrupulosos que fazem do verbo inútil - e não de atos
meritórios - o seu instrumento de convencimento a uma população em grande parte
ignorante, eles ainda assim não esmorecem e nem se rendem à corrupção.
18) Porque eles sabem que se alguma corrupção existiu nos Governos
Militares, foi ela pontual e episódica, mas jamais uma estratégia política para
a manutenção do poder ou o reflexo de um desvio de caráter a contaminá-lo
por inteiro.
19) Porque eles sabem que os militares passam a vida estudando e
praticando, no seu dia-a-dia, conhecimentos ligados não apenas às atividades
bélicas, mas também ao planejamento, à administração, à economia o que os
coloca em um nível de capacidade e competência muito superior ao dos políticos
gananciosos e despreparados que há pelo menos 20 anos nos têm governado.
20) Porque eles sabem que os militares são disciplinados e respeitam a
hierarquia, ainda que divirjam de seus chefes, pois entendem que eles são
responsáveis e dignos de sua confiança e que não se movem por motivos torpes ou
por razões mesquinhas.
21) Porque eles sabem que os militares não se deixaram abater pelo massacre
constante de acusações contra as Forças Armadas, que fizeram com que uma
parcela da sociedade (principalmente a parcela menos esclarecida)
acreditasse que eles eram pessoas más, truculentas, que não prezam a
democracia, e que, por dá cá aquela palha, estão sempre dispostos a perseguir e
a torturar os cidadãos de bem, quando na verdade apenas cumpriram o seu dever,
atendendo ao apelo popular para impedir a transformação do Brasil em uma
ditadura comunista como Cuba ou a antiga União Soviética, perigo esse que já
volta a rondar o país.
22) Porque eles sabem que os militares cassaram muitos dos que hoje estão
envolvidos não apenas em maracutaias escabrosas como também em um golpe de
Estado espertamente camuflado de 'democracia' (o que vem enfim revelar e
legitimar, definitivamente, o motivo de suas cassações), não interessando ao
governo que a sociedade perceba a verdadeira índole desses
guerrilheiros-políticos aproveitadores, que não têm o menor respeito pelo povo
brasileiro.
Eles sabem que a comparação entre estes últimos e os governantes militares
iria revelar ao povo a enorme diferença entre quem trabalha pelo país e quem
trabalha para si próprio.
23) Porque eles sabem que os militares não se dobraram à mesquinha ação da
distorção de fatos que há mais de vinte anos os maus brasileiros impuseram à
sociedade, com a clara intenção de inculcar-lhe a idéia de que os guerrilheiros
de ontem (hoje corruptos e ladrões do dinheiro público) lutavam pela
'democracia', quando agora já está mais do que evidente que o desejo por eles
perseguido há anos sempre foi - e continua sendo - o de implantar no país um
regime totalitário, uma ditadura mil vezes pior do que aquela que eles afirmam
ter combatido.
24) Porque eles sabem que os militares em nada mudaram sua rotina
profissional, apesar do sistemático desprezo com que a esquerda sempre enxergou
a inegável competência dos governos da 'ditadura', graças aos quais o país
se desenvolveu a taxas nunca mais praticadas, promovendo a melhoria da
infra-estrutura, a segurança, o pleno emprego, fazendo, enfim, com que o país
se destacasse como uma das mais potentes economias do mundo, mas que
ultimamente vem decaindo a olhos vistos.
25) Porque eles sabem que os militares se mantêm honrados ao longo de toda
a sua trajetória profissional, enquanto agora nos deparamos com a descoberta da
verdadeira face de muitos dos que se queixavam de terem sido cassados e
torturados, mas que aí estão, mostrando o seu caráter abjeto e seus
pendores nada democráticos.
26) Porque eles sabem que os militares representam o que há de melhor em
termos de conduta profissional, sendo de se destacar a discrição mantida mesmo
frente aos atuais escândalos, o que comprova que, longe de terem tendências
para golpes, só interferem - como em 1964 - quando o povo assim o exige.
27) Porque eles sabem que os militares, com seus conhecimentos e dedicação
ao Brasil, assim como Forças Armadas bem equipadas e treinadas são um estorvo
para quem deseja implantar um regime totalitarista entre nós,
para tanto se valendo de laços ilegítimos com ditaduras comunistas como as de
Cuba e de outros países, cujos povos vêem sua identidade nacional se perder de
forma praticamente irrevogável, seu poder aquisitivo reduzir-se aos mais baixos
patamares e sua liberdade ser impiedosamente comprometida.
28) Porque eles sabem que os militares conhecem perfeitamente as causas de
nossos problemas e não as colocam no FMI, nos EUA ou em qualquer outro
lugar fora daqui, mas na incompetência, no proselitismo e na desonestidade de
nossos governantes e políticos profissionais.
29) Porque eles sabem que ninguém pode enganar todo mundo o tempo todo, o
governo temia que esses escândalos, passíveis de aflorar a qualquer momento,
pudessem provocar o chamamento popular da única instituição capaz
de colocar o país nos eixos e fazer com que ele retomasse o caminho da
competência, da segurança e do desenvolvimento.
30) Porque eles sabem, enfim, que todo o mal que se atribui aos militares e
às Forças Armadas - por maiores que sejam seus defeitos e limitações – não
tem respaldo na Verdade histórica que um dia há de aflorar.
Abraços a todos da família militar
Juíza Dra. Marli Nogueira,
Justiça
do Trabalho em Brasília.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário