AS UNIVERSIDADES DA DUPLA LULA-HADDAD
Antes de a polícia desalojar invasores, a UNIFESP já era caso de polícia...
A
Polícia Militar e a Polícia Federal desalojaram ontem 30 estudantes que
haviam invadido dependências administrativas do campus de Guarulhos da
UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo). Chamar aquilo de “campus” é
apego excessivo à formalidade. A exemplo de outras universidades e
“campi” avançados criados no governo Lula, sob a gestão de Fernando
Haddad, trata-se de uma biboca destinada a amontoar alunos. A dupla
nunca se ocupou da qualidade de ensino nas federais ou na rede privada
que recebe o leite de pata do PROUNI. Queria apenas produzir números.
No
dia em que se fizer um levantamento sério e independente da qualidade
desse serviço no Brasil, vai-se ter noção do estrago e do tempo que vai
demorar para se requalificar a expansão. Em poucas áreas, incluindo a
saúde — que é um desastre —, houve tanta improvisação. Os professores
universitários, sempre tão mobilizados, não protestaram porque, não
raro, as entidades que os representam estão dominadas pelos
“companheiros”. Ao contrário até: o ApeDELTA começou a receber títulos
de “Doutor Honoris Causa” em penca.
Estava
aqui puxando pela memória. Em 2008, o reitor da UNIFESP foi demitido —
oficialmente, pediu demissão — sob a acusação de malversação do dinheiro
da universidade, conforme se lê em reportagem da Folha. Vejam que maravilha:
O
reitor da Universidade Federal de São Paulo, Ulysses Fagundes Neto,
renunciou ontem em caráter irrevogável ao cargo máximo da instituição. A
renúncia foi decidida depois da divulgação, na edição de ontem da
Folha, de relatório elaborado pela Secretaria de Controle Externo do
Estado de São Paulo, do Tribunal de Contas da União, sobre
irregularidades nos gastos de viagem do reitor, entre 2006 e 2007.
Segundo
a equipe de inspeção do TCU, Fagundes Neto usou irregularmente recursos
do Estado para pagamento de itens de consumo de luxo, cometeu desvio de
finalidade, burla ao regime de dedicação exclusiva, realizou viagens
não autorizadas ou com prazo superior ao estritamente necessário. Os
fiscais propõem a devolução de R$ 229.550,06 aos cofres públicos.
“Infelizmente, o envolvimento do meu nome no noticiário recente sobre
gastos realizados em viagens de trabalho exige de mim tempo e disposição
para minha argumentação e defesa”, escreveu o reitor na carta-renúncia
que encaminhou ontem à tarde aos docentes da UNIFESP.
O
MEC (Ministério da Educação) declarou vago o cargo. “O vice-reitor,
Sergio Tufik, passa a responder interinamente pelo comando da
universidade e tem um máximo de 60 dias para realizar o processo de
escolha do novo reitor”.
(…)
Ulysses
Fagundes Neto é médico pediatra especializado em gastroenterologia e
nutrição. Assumiu o cargo de reitor da UNIFESP pela primeira vez em
julho de 2003, como sucessor de Hélio Egydio Nogueira, de quem era amigo
e vice. Depois desse mandato, foi reeleito em chapa única em 2007.
O nazipetralhismo corrompe a todos que se associam a ele.
Mesmo
antes de assumir a reitoria, o nome Fagundes Neto já figurava em
denúncias de irregularidades quanto ao uso de verbas universitárias.
“Foi assumida como prerrogativa da chefia do departamento a
possibilidade de dispor de verbas para despesas pessoais, compra de
equipamentos e viagens sem autorização de qualquer instância
administrativa do departamento ou do CEPEP (Centro de Estudos de
Pediatria da Escola Paulista).”
O
texto, escrito em 24 de setembro de 2003, foi assinado por alguns dos
mais importantes quadros da pediatria brasileira, e refere-se ao período
em que Fagundes Neto era chefe do departamento de pediatria da UNIFESP,
cargo que ocupou antes de se tornar reitor.
A partir de abril deste ano, as denúncias de mau uso de verbas públicas recrudesceram. Fagundes Neto admitiu ter usado o cartão de crédito corporativo do governo federal para pagar artigos de uso pessoal:
“Eu me equivoquei. Achava que era como uma diária, um dinheiro que você
bota no bolso e não tem de explicar. Errei por falta de informação. Por
isso, devolvi o valor integral numa demonstração de boa-fé e de
respeito ao trato com o dinheiro público.” Ele afirma ter devolvido R$
85 mil.
O relatório do TCU divulgado ontem pela Folha
afirma que o reitor hospedou-se em hotéis de luxo desnecessariamente,
que visitou fábricas de queijo gourmet em Portugal, que foi a jogo de
futebol entre o Chelsea e o Porto pela Copa dos Campeões da Europa, que
consumiu conhaque Courvoisier e uísque, entre outros gastos, tudo a
expensas da universidade. Também informa que o reitor fez a UNIFESP
pagar por viagens internacionais em que prestou consultoria remunerada a
um laboratório privado. O somatório de gastos indevidos, segundo os
fiscais do TCU, ficou em R$ 230 mil.
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