GERAÇÃO 60 - UMA GERAÇÃO MENTIROSA E TRAIDORA
JB Xavier
Eu gostaria de ter escrito este artigo ainda na década de sessenta, quando eu era voz vencida entre os estudantes de meu colégio, onde eu ocupava o perigoso cargo de Presidente do Gremio Estudantil Henrique Fontes, no Colégio Normal Gov. Celso Ramos, em Joinville, Santa Catarina. Idem, mais tarde, na faculdade. Eu queria ter escrito este artigo há época, e o teria feito, mas por outras razões, muito diversas daquelas que me levaram a escrevê-lo agora.
Se eu tivesse escrito este artigo na década de 60, eu teria sido linchado não pelo exército, mas pelos meus pares, que me considerariam traidor da causa! Sim, porque se o exército não fez carinho nos revolucionários, estes por sua vez não eram nenhum anjinhos, e os exemplos estão aí, com Celso Daniel etc...
Quanto às torturas, prisões etc... apesar de terem sido cruéis e desnecessárias, eram previsíveis. Nenhuma guerra se faz atirando rosas no inimigo. Tanto da parte dos revolucionários quanto da parte do exército. Vide as ações armadas de nossa atual Presidente.
Na verdade, quem queria trabalhar - e progredir - em paz, como eu, não foi molestado em nenhum momento pela ditadura militar. Trabalhei, estudei, casei, progredi e tive meus filhos sem nunca ter tido o menor problemas com os milicos.
Problemas sim, com a ditadura, tiveram os que não conseguiam seguir as regras do jogo da competição sadia, ou por incompetência, ou por desejo de enriquecimento rápido. E qual é o caminho mais rápido para isso? Desfazer o jogo e criar outro, com suas próprias regras - geralmente exclusivas e desonestas. É o que temos hoje! E foi aí, que, há época, o exército disse Não!
Mas o fato é que, apesar de tudo, não posso morrer sem escrever este artigo, para que permaneça fiel às minhas idéias e me posicione de vez no lugar onde sempre desejei estar: Ao lado da modernidade, do progresso pessoal e intelectual, da meritocracia e dos princípios básicos da verdade.
Porque não escrevi antes? Porque a estupidez e a imbecilidade coletiva das décadas de 60, 70 e 80, motivada por uma lavagem cerebral coletiva dos jovens de minha geração, orquestrada pelos países totalitários e lideradas por artistas "esclarecidos" e pseudo-intelectuais brasileiros, levou minha geração a uma histeria sem precedentes que a tornou cega e surda, mas não muda!
Meus filhos, quando adolescentes, admiravam as mudanças conseguidas pela sociedade brasileira, em sua resistência ao regime militar. Como eles não tinham vivenciado o "antes" e o "durante", deixei-os se deliciarem com o "depois", não sem certo orgulho por ter pertencido a uma época única da história brasileira.
E por que eu não me deixei contagiar por essa lavagem cerebral? Simples! Eu me lembro que eu era o único que queria aprender francês, nas aulas deste idioma - sim, porque aprendíamos francês nos dois primeiros anos do curso chamado ginasial, há época. Nos dois últimos e nos três anos do colegial, aprendíamos inglês, que tampouco ninguém, exceto eu e uns poucos, tinha interesse.
Por que estou dizendo isto? Acreditem não é para jogar confete sobre eu mesmo, nem para parecer ter uma inteligência privilegiada, que sei que não tenho. É apenas para lhes dizer que eu queria ler em outros idiomas o que estava acontecendo fora do Brasil. E quando eu pude ler com desenvoltura o "Le Monde" e "TIME", comecei a enxergar o outro lado do discurso popular da "resistência" brasileira. Pude ver que tudo não passava de uma fraude monumental, orquestrada por países da Cortina de Ferro interessados em abocanhar poder na então ultra sub-desenvolvida América Latina, como já haviam feito na Europa do Leste e Cuba. Pude ver então que o tão valente caudilho que desceu a Sierra Maestra para salvar Cuba do corrupto Fulgencio Batista, acabou por se render ao dinheiro fácil, e por quatro bilhões de dólares anuais, alugou o território cubano para que a então União das Repúblicas Socialistas Soviéticas instalasse seus mísseis quase no quintal dos americanos.
No Brasil sempre se achou que Fidel Castro foi um herói. Bulhufas! Até seu discurso de guerrilheiro era uma farsa! Ele disse "Desenvolvemos uma guerra de movimento, de atacar e retirar-se. Surpreendê-los. Atacar e atacar. Desenvolvemos a arte de confundir as forças adversárias, para obrigá-las a fazer o que queríamos. E muita arma psicológica", disse Fidel sobre a guerrilha.
Isto saiu, há época nos jornais europeus e americanos, mas quem, no Brasil, há época, além dos intelectuais interessados em tomar o poder, como fez Fidel, e alguns artistas cretinos desejosos de mamar em suas tetas, sabia inglês? Ninguém! Então rezava-se pela cartilha desses hipócritas que hoje estão no poder.
Ora, a técnica de guerrilha descrita por Fidel, foi uma das duas únicas e estúpidas invenções de Mao Tsé Tung, que revolucionou o que se sabia até então sobre guerra, descrita por sua máxima: "O inimigo avança, recuamos. O inimigo cansa, provocamos. O inimigo acampa, fustigamos. O inimigo se retira, perseguimos." A outra invenção foi lançar a moda de queimar montanhas de livros em praças públicas!
Invenções, vírgula, porque Mao, também um mentiroso retrógrado empedernido, que conseguiu fazer a China retornar à escuridão da ignorância medieval, apropriou-se deste conceito de guerrilha que foi, na verdade escrito no século IV a.C. pelo estrategista militar Sun Tzu, em seu livro famoso A Arte da Guerra, que tanto sucesso faz entre nós hoje em dia. Aliás outros déspotas famosos fizeram o mesmo, como Gengis Khan e Napoleão, só para ficarmos com dois dos mais conhecidos.
Quem lia inglês, há época ficou sabendo que foi o jornalista Herbert Matthews, do "New York Times", que apresentou Fidel aos Estados Unidos e ao mundo, após entrevistá-lo em Cuba.
E um detalhe, o ataque de Fidel aos quartéis de Moncada, na cidade de Santiago de Cuba, fracassou. Fidel foi preso, julgado e condenado a 15 anos de prisão. Quem se informava há época ficou sabendo que em 1955, Fidel foi anistiado por Batista e, clandestinamente, montou o Movimento 26 de Julho. Em 7 de julho, ele partiu em exílio para o México, onde conheceu o argentino Che Guevara e organizou o embrião da guerrilha.
Um anistiado que se voltou contra o anistiador - uma fórmula seguida à risca pelos "revolucionários" brasileiros da geração 60, ainda que os anistiadores brasileiros nem de longe se comparem, em crueldade, a Fidel.
Por que estou narrando esses fatos? Porque este homem foi - e ainda é - considerado pelos governantes brasileiros, uma espécie de "mentor revolucionário", quando o que realmente fez foi - quem já foi a Cuba sabe - transformar seu país num enclave miserável, onde impera a prostituição e a corrupção, com padrões de pobreza próximos aos do Chade. Isto num dos locais mais bonitos do globo!
Basta ver com que países o Brasil está alinhado hoje: Irã, Venezuela e Cuba, só para citar alguns. É para rir ou para chorar?
Concordo, Fulgencio Batista não era flor que se cheirasse. Ele instaurou um regime autoritário, prendeu seus opositores e restringiu as liberdades através do controle da imprensa, da universidade e do congresso, usando métodos terroristas e fazendo fortuna para si e para seus aliados.
Pergunto: Por que Fidel Castro não arrumou a bagunça deixada por Fulgêncio Batista e devolveu o poder aos civis, como fez o Exército Brasileiro? Por que ele se transformou num ditador sanguinário, talvez pior que Batista?
Em seu bunker com certeza não falta papel higiênico e sabonetes, que é uma das moedas de troca de todo turista que visita a parte pobre de Cuba. Sim, porque existe uma Cuba para ricos - uma península literalmente "para inglês ver" com hotéis maravilhosos e infra-estrutura de primeiro mundo!
Quem defende Fidel que explique por que tanta gente arrisca a vida em embarcações precárias, num mar infestado de tubarões para fugir do país? Estarão loucos? Arriscar a vida para fugir do paraíso?
Já pensaram se o último dos "ditadores" brasileiros, o General Figueiredo, resolvesse permanecer no poder, como fez recentemente Ghadafi?
Pergunto mais: Quais países onde o poder foi tomado por golpes militares, tiveram o poder devolvido democraticamente aos civis? Cuba? Egito? Líbia? Síria? Coréia? Chile? Bolívia? Rússia? Irã? China? Venezuela? Iraque?
E ainda mais ridículo: qual desses países indenizou os vencidos, como faz o Brasil até hoje, quase trinta anos após o fim da ditadura, mantendo insepulto esse cadáver da "ditadura militar" apenas para continuar sugando as milionáriass indenizações que até gente acima de qualquer suspeita, como Ziraldo - o do Pasquim - recebeu?
O único dos políticos que não aceitou a indenização foi Mario Covas. Ele disse certa vez: "Eu lutei uma revolução. E venci. Como posso indenizar eu mesmo por uma vitória?"
Infelizmente, tão logo morreu, sua esposa e filhos receberam a indenização, descontados os devidos numerários advocatícios, claro, curiosamente defendida por um advogado manjado, que um dia conseguiu retirar Lula de sua detenção no DOPS.
Para se ter uma ideia, desde a década de 80, trinta e três regimes militares perderam o poder para regimes civis, mas mergulhados em sangue e com muitos deles caminhando para novas ditaduras.
E não me venham com essa história de que foi a militância que derrubou a ditadura militar brasileira! A tão propalada militância, um movimento incipente, acanhado e mal organizado, restrito praticamente apenas a algumas das grandes cidades brasileiras. Os militares sempre disseram que devolveriam o poder aos civis quando tivessem erradicado os comunistas de nossas fronteiras. E foi o que fizeram.
Sorte a nossa que nenhum dos cinco generais que administraram o Brasil gostava mais do poder que da caserna!
Quem viveu aquela realidade sabe que o General João Batista Figueiredo assumiu já com essa missão declarada: Preparar a transição para o governo civil. Levou cinco longos anos para isso, e ao final do seu mandato, estava visivelmente impaciente para passar ao anonimato, como ele próprio declarou. Para isto, anistiou a maioria dos revolucionários no exílio, e aí, sim, errou, porque trouxe de volta ao cesto, as maçãs podres, que hoje estão se lambuzando no dinheiro público - também uma forma de ditadura, exercida pelo poder do voto de cabresto, num país de semi-analfabetos, ou como diz o IBGE, de "analfabetos funcionais".
Claro, considero que o leitor tem discernimento para considerar que quando falo em "maçãs podres" naturalmente havia exceções, como Mário Covas, por exemplo, e alguns outros.
A redemocratização do Brasil, começou já com uma farsa. Quem não se recorda do quase cadáver Tancredo Neves sendo mantido sentado sabe-se lá como para exibição à imprensa? Esperidião era para ser seu vice, mas tinha pretenções próprias ao Planalto, e perdeu o bonde da história para o Marimbondo de Fogo(*), José Sarney.
E o que fizeram os "grandes revolucionários" anistiados, as grandes cabeças cheias de boas intenções com o Brasil, que batiam no peito, dizendo que foram torturados e trocaram tiros pelas ruas?
Brizola arrebentou o Rio de Janeiro, Sarney faz o Maranhão não só não progredir, como consegue a proeza de fazê-lo andar para trás. Quércia e Cia. quebraram o Banespa, o 2º maior banco brasileiro, a VASP, uma tradidional companhia aérea, e só não quebraram o Estado de São Paulo, porque este Estado resistiu, pelo poder econômico que tem. Mas conseguiram deixá-lo de joelhos. Covas precisou de quase um ano apenas para colocar os salários do funcionalismo público em dia! O Nordeste continua loteado, tanto quanto estava antes da Grande Marcha da Coluna Prestes. O revolucionário PT mostrou que aprendeu tudo o que seu "herói" cubano tinha a lhes ensinar: A cobiça pelo poder, pelo dinheiro e mesmo pela violência - não necessariamente nesta ordem.
Só rindo. A maioria deles - inclusive Lula, o Grande Líder - nunca sequer tocou numa arma de fogo. A arma que eles sabem usar bem é a caneta e a demagogia rasteira.
Em 2009, o então senador Cristovam Buarque disse a outro senador o que havia declarado domingo, 5 de abril, numa entrevista radiofônica: "A reação é tão grande hoje contra o Parlamento, que talvez fosse a hora de fazer um plebiscito para saber se o povo quer ou não que o parlamento continue aberto". Foi um escândalo há época, com os hipócritas de plantão ficando todos indignados.
O General Artur da Costa e Silva fechou o Parlamento com o Ato Institucional nº 5. O AI-5, sobrepondo-se à Constituição de 24 de janeiro de 1967, bem como às constituições estaduais, dava poderes extraordinários ao Presidente da República e suspendia várias garantias constitucionais. O AI-5 foi o instrumento que deu ao regime poderes absolutos e cuja primeira conseqüência foi o fechamento do Congresso Nacional por quase um ano.
Pergunto, qual a diferença, em termos de poder que há entre o AI-5 e as Medidas Provisórias em vigor? Poderá dizer o leitor: "As MPs precisam ser votadas pelo congresso." Pois então saiba que a MP que instituiu a moeda Real ainda não foi votada!
Pergunto novamente: O plebiscito sugerido por Cristovam Buarque - um dos petistas que não teve estômago para continuar na "militância" do partido - teria hoje resultado diferente? Não é preciso ser mago para saber que oito entre dez brasileiros volatilizaria o Congresso Nacional, se pudesse. Mas é uma pena que tão poucos brasileiros desconheçam que o outro poder - o Judiciário - é tão ou mais corrupto que o Legislativo!
Como se pode mudar um país onde a Casa que faz as leis é um antro de corrupção e a Casa que as executa, é ainda pior? E o terceiro poder? A Presidência da República? Ok. Pouparei o leitor de falar disso.
E que se enterre de vez essa vergonhosa "verba indenizatória". Quem precisa ser indenizado é a imensa maioria do povo brasileiro: as crianças, os enfermos, os idosos e as mães pobres e miseráveis.
Citem-me os críticos deste artigo, um só ditador do séc. XX ou XXI que não tenha ficado bilionário. De Bokassa a Idi Amim Dada, de Gaddafi a Sadam Hussein, de Hitler a Stalin, de Papa Doc a Pol Pot, de Pinochet a Kim Jong II, de Robert Mugabe a Bashar al-assad. E a lista vai longe!
Agora me apontem um só general da ditadura brasileira que tenha ficado rico. Vou clarear:
- Quando o Marechal Castelo Branco morreu num desastre de avião, verificaram os herdeiros que seu patrimônio limitava-se a um apartamento em Ipanema e umas poucas ações de empresas públicas e privadas.
- O General Costa e Silva, acometido por um derrame cerebral, recebeu de favor o privilégio de permanecer até o desenlace no palácio das Laranjeiras, deixando para a viúva a pensão de marechal e um apartamento em construção, em Copacabana.
- O General Emílio Garrastazu Médici dispunha, como herança de família, de uma fazenda de gado em Bagé, mas quando adoeceu não tinha dinheiro para pagar o tratamento e precisou ser tratado no Hospital da Aeronáutica, no Galeão.
- O General Ernesto Geisel, antes de assumir a presidência da República, comprou o Sítio dos Cinamonos, em Teresópolis, que a filha vendeu para poder manter-se no apartamento de três quartos e sala, no Rio.
- O General João Figueiredo, depois de deixar o poder, não aguentou as despesas do Sítio do Dragão, em Petrópolis, vendendo primeiro os cavalos e depois a propriedade. Sua viúva, recentemente falecida, deixou um apartamento em São Conrado que os filhos agora colocaram à venda, ao que parece em estado de lamentável conservação.
Isso numa época em que eles tinham o poder total e não havia sites divulgando suas gastanças. Foi a época de Itaipu, Ponte Rio-Niterói e do "Milagre Brasileiro".
Você deve achar que sou louco, defendendo a ditadura militar. Nem uma coisa nem outra. Nem sou louco, nem defendo ditadura alguma. Tenho tanto horror às ditaduras quanto à demagogia. Mas também tenho horror à mentira histórica, que acabará por prevalecer quanto tiverem desaparecido todos os que testemunharam este período da história brasileira.
Como disse Carlos Chagas, o conceituado jornalista: "Erros e excessos foram praticados durante o regime militar, eram tempos difíceis. Mas mesmo assim, no reverso da medalha, foi promovida ampla modernização das nossas estruturas materiais".
Antes do Regime Militar, o Brasil era apenas uma republiqueta exportadora de matéria prima, com uma agricultura incipiente, uma indústria ridícula, sem tecnologia, sem mão-de-obra especializada e principalmente, sem perpectivas. Para se manter no poder, João Goulart, o Presidente há época flertou com o comunismo. A caserna assumiu o poder e o devolveu, e graças a isto não somos hoje uma Cuba, ou uma Coréia do Norte.
O paradoxal, e hilário, se não fosse trágico, é que o perigo que enfrentamos agora é ainda maior que a instalação do regime comunista no país. Desta vez vivemos uma "ditadura branca" apoiada pela Lei! Não há nada combinado, não há bandeiras, não há golpe. Mas há um acordo tácito entre todos os fascínoras que se escondem atrás das togas ou de cargos legislativos, fazendo com que todos se protejam mutuamente por trás de leis, medidas provisórias, promessas de campanha, liminares, estatutos, decretos, etc. de tal forma que o país não consegue avançar em suas instituições mais básicas, como a saúde e a educação.
Esta é, em minha opinião, o perigo real e imediato, que exército algum consegue extirpar, porque tudo acontece sob a égide da Lei. É tudo descaradamente imoral e aético, mas é legal!
Resta o poder do voto. Mas teríamos que ser suecos para votar com a consciência que a emergência atual do Brasil exige. Mas não somos. Somos apenas um povo que o poder - exercido agora pela "geração 60" - mantém cuidadosamente ignorante. A demagogia e a corrupção precisam desesperadamente da ignorância popular para sobreviver.
Convenhamos, pelo menos nesse aspecto, a "geração 60" - com seus heróis revolucionários, artistas "esclarecidos" e arautos da intelectualidade - está fazendo um trabalho primoroso!
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