CÚPULA DAS AMÉRICAS NA COLÔMBIA NADA CONSTRUIU
Serviu apenas para EVIDENCIAR DIVERGÊNCIAS dos sulamericanos com os EUA e defender convite a CUBA......
:: FRANCISCO VIANNA (com base em matéria do jornal esquerdista americano ‘The Washington Post’)
O Presidente americano, Barak Obama, permaneceu na defensiva até o fim da contenciosa Conferência de Cúpula das Américas levada a cabo na cidade de CARTAGENA, na Colômbbia.. O encontro terminou no domingo de ontem sem acordo sobre o convite aos ditadores comunistas de Cuba para a próxima reunião, algo que os EUA se opõem firmemente..
Tal impasse fez com que a 6a Cúpula das Américas chegasse ao fim sem uma ‘declaração oficial’ — um texto negociado de compartilhamento de princípios e assinado pelos chefes de estado do hemisfério — o que deixou em aberto a questão sobre a exequibilidade de uma sétima reunião.
O fato é que, na verdade, pouco se esperava dessa conferência, pois, apesar de Barak Obama e sua administração Democrata se mostrar mais tolerante com o socialismo e mesmo ter adotado medidas internas que aumentaram o quase então inexistente capitalismo de estado nos EUA, além de solicitar um novo relacionamento com os desconfiados vizinhos do sul, ele teve muito pouco sucesso em criar pontes significantes que contornem as políticas diferentes que dividem a região por décadas.
Com o escândalo envolvendo diversos agentes do serviço secreto com prostituição
dando cores à reunião do fim de semana, Obama voltou para casa com a imagem de seu
país levemente maculada e ao perdurarem as diferenças políticas entre o norte rico e o sul
desigual – como apenas quatro nações em ascensão (México, Chile, Brasil e Colômbia) e os
demais em atraso crescente e regressivo – o quadro de desentendimento hemisférico
permanece praticamente o mesmo. Não por mera coincidência, os países ao sul do
equador que mais regrediram política e economicamente são justamentes os que levaram
mais adiante suas ‘experiência socialista’, tais como Bolívia, Equador, Argentina, e
Venezuela, que parecem ignorar toda a lição sociopolítica e socioeconômica que foi a
maior parte do século passado e o início do atual.
Em sua fala em plenário, Obama chegou a dizer: “Não venho aqui para por sobre a
mesa um monte de desacertos e desencontros do passado, pois o que desejo é analisá-los
de uma forma nova e atual. Confesso que não entendo como é que, pelo grau de
transformação por que tem passado a maioria das nações aqui representadas por seus
líderes, nações que experimentaram a opressão de ditaduras ou se viram dominadas por
elites governantes equivocadas e sofreram por isso, se propõe aqui que ignoremos os
mesmos princípios que trouxeram de volta a democracia e o progresso ao sul do nosso
hemisfério”.
Exatamente Cuba, que representa tudo de negativo que a maioria das nações
americanas não deseja para si, tem sido a espinha dorsal do contencioso entre os EUA e
grande parte do restante da região, pelo embargo econômico americano contra a ditadura
dos Castros que já dura por décadas, embora haja, na Flórida, um contingente enorme de
refugiados cubanos que prosperou, enriqueceu, e hoje dispõe de significante capital a ser
investido em sua terra natal assim que o regime da ilha-cárcere deixar de existir.
No entanto, ficou claro pelo pífio resultado da cúpula que diversos assuntos importantes a
serem discutidos – entre os quais as operações antidrogas e o sistema monetário
americano, os quais em conjunto mostram o quanto os EUA estão em dissonância política
com o resto do hemisfério – foram deixados em segundo plano pela questão cubana.
A coisa toda começou com o não comparecimento, como na reunião anterior, há
três anos, dos mais antiamericanos líderes da região. A cúpula foi uma sucessão de
divergências com EUA, México, Chile e Colômbia de um lado e o resto dos países,
vitimizados por governos de esquerda, do outro, onde ficou evidente que dali nada se
poderia esperar de construtivo.
O presidente colombiano, Santos, atribuiu o sucesso de seu país em boa parte aos
bilhões de dólares da ajuda americana ao combate às drogas e a guerrilha das FARC e
outras milícias menores ao longo da última década. Mas ainda assim a crítica aberta em
relação à abordagem americana a diversos assuntos também sublinhou a nova confiança
que sentem os líderes latinoamericanos em guiarem uma região, que está melhorando
graças ao capitalismo privado, justamente contra as forças produtivas, ao passo que os
EUA lutam para readquirir sua estabilidade financeira.
NOVOS LÍDERES ESTÃO SURGINDO
À medida que os irmãos Castro em Cuba mergulham da sua senectude avançada, que Hugo Chávez da Venezuela se debate contra a realidade do seu câncer e que outros importantes líderes regionais encerram seus mandatos, a América Latina está determinando quais os novos líderes que surgirão em seus países, a maioria deles mergulhados em extensa corrupção e ineficiência. Resta saber se tais novos líderes serão capazes de remover as travas que impedem seus países de prosperar, de oferecer segurança jurídica ao capital e ao trabalho, de melhorar a qualidade da cidadania, e de manter a atividade capitalista estatal sob controle, para que seu apetite autofágico não acabe por devorá-los.
Brasileiros, colombianos, chilenos e mexicanos são os que parecem entender isso melhor e, portanto, são os que têm mais a perder por eventuais políticas governamentais que travem a produção e o investimento de capital privado em troca da conhecida ineficiência e corrupção do capitalismo estatal.
Mas, nem tudo foi apenas desentendimento e sabotagem surda ao progresso; houve também alguns momentos de concordância. Obama anunciou ontem aqui que a Colômbia tinha admitido cumprir com a condição chave do tratado de livre comércio com os EUA aprovado no ano passado, que fora concebida para proteger melhor os ativistas trabalhistas da violência política. O ‘certificado trabalhista’ permite que negócios sejam efetivados, a partir do próximo 15 de maio, de produtos americanos exportados para a Colômbia – que no ano passado totalizaram $14,8 bilhões –, com o acordo eliminando tarifas em até 80 por cento sobre as mercadorias industriais e de consumo provenientes dos EUA e eliminando-as progressivamente ao longo da próxima década, em ambos os sentidos.
Todavia, num ano eleitoral, os líderes trabalhistas americanos estão aborrecidos e afirmando que a Colômbia não tem feito suficiente progresso em proteger sindicalistas na Colômbia e em punir os que cometem crimes contra eles.
O ASSUNTO CUBA AINDA RESSOA
Cuba, historicamente um assunto divergente entre EUA e seus mais íntimos aliados políticos na região, tomou conta do último dia da conferência. Sob a pressão dos EUA, Raul Castro de Cuba não foi convidado para esta reunião, e muitos líderes influentes regionais, liderados por Dilma Rousseff e Santos, indicaram que não irão comparecer a outra reunião sem uma representação de Cuba. Acredita-se que a continuidade desse foro esteja em grande parte comprometida em virtude disso, uma vez que é crença geral de que, caso Cuba seja multilateralmente convidada, quem não comparecerá será a nação estadunidense, o que tornaria a cúpula um simples ‘bate-papo’ entre esquerdistas...
O presidente do Equador, o comunista Rafael Correa, negou-se a comparecer em sinal de protesto, e outros líderes esquerdistas íntimos de Cuba, como Daniel Ortega, da Nicarágua, também não apareceram.
Hugo Chávez, que comumente não perde uma oportunidade de atrair a atenção internacional sobre si nos foros regionais, também não veio, por motivos de doença. Mas o assunto Cuba ainda ressoa ao longo dos governos da América Latina, lembrando as palavras do próprio Obama ao dizer, ontem, que a era da Guerra Fria e da separação política entre esquerda e direita tinha acabado.
Obama concluiu dizendo que: “A verdade do fato é que Cuba, diferentemente dos outros países ali presentes, não moveu uma palha no sentido da democracia, não respeita os humanos direitos e ainda mata ou encarcera seus dissidentes indiscriminadamente”, disse Obama. “Espero que essa transição ocorra na ilha e então teremos prazer em reunir com a presença de seus novos líderes”.
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