Armas nucleares: Dilma na ONU pregou no deserto |
03 de outubro de 2011 | |||
Nossa presidenta não podia se despedir de Nova York sem incorrer na mesmice. Não sem antes cobrar da comunidade internacional, durante uma reunião da ONU, maior rigor na fiscalização de algumas nações, particularmente daquelas que detêm primazias e armas nucleares para fins militares. Eu fico a imaginar o que pensam os representantes da “gang dos 5” quando principiantes no grande jogo da disputa internacional se arvoram, assumindo mesmo a pele de verdadeiros e únicos campeões da paz mundial. Na oportunidade, a chefe do Estado brasileiro, repetindo discursos de seus antecessores, assim se reportou de forma peremptória: “É imperativo ter no horizonte a eliminação completa e irreversível das armas nucleares”. Cidadã presidenta, este tipo de horizonte por si só é também inatingível! Senhora Dilma, vamos pensar as coisas como elas são, trata-se de um simples raciocínio aritmético: existe uma desproporção tirânica entre a população das duas superpotências mundiais e, logicamente, na capacidade de mobilização de efetivos para suas forças armadas. Em termos de armamento convencional de última geração, não há com se duvidar, os chineses já estão em pé de igualdade com os nossos “irmãos do norte”. Presidenta cidadã, a senhora é perspicaz o bastante para perceber que, nestas condições, desequilibra quem tem mais soldados, marinheiros e aviadores para empregá-los. Vossa Excelência há de convir: nenhum chefe de estado norte-americano, em sã consciência, poderia abrir mão da única arma capaz de garantir a sobrevida dos descendentes de Tio Sam. Vamos agora descer um pouco o escalão e imaginar como pensam os três bandidos restantes da “esquadrilha”. Ingleses e franceses temeram, temem e temerão sempre os russos: é o medo atávico da etnia eslava que sempre viveu debruçada de forma ameaçadora por sobre a Europa Ocidental. A senhora, em sã consciência, acredita que britânicos e gauleses vão desmontar seus arsenais para depender, tão somente, do seu correspondente americano. Dona Dilma, a senhora acha que esses países, líderes da União Européia, não se levam a sério? Alerta comandante-em-chefe das Forças Armadas Brasileiras! Por muito menos os britânicos estiveram aqui, no Atlântico Sul, para garantir a posse de duas ilhotas que, todos sabem, pertencem aos “hermanos”. Todavia, também, não há quem duvide: se a Argentina fosse a Índia ou o Paquistão, simplesmente, não teria tido lugar o melancólico conflito das Malvinas e muitas vidas teriam sido poupadas, tanto de um lado como de outro. Quero que alguém me diga como escapar deste paradoxo! Presidenta, Vossa Excelência disse que a ONU deve se preocupar com a eliminação completa e irreversível das armas nucleares! Raciocine, imagine, pondere por um momento que seja, a Coréia do Norte já resolveu o problema dela e o Irã está só correndo atrás. Até os “senhores da guerra” já perceberam: também para esses países poder de dissuasão definido e imediato é garantia de sobrevida! Assim, não adianta procurar desenvolver material bélico convencional em longo prazo para a garantia das nossas riquezas nacionais se elas estão transbordando, se revelando agora, a olhos vistos, para os grandes predadores militares. Trata-se de um processo muito caro que demandaria longo tempo para fazer reverter o “gap” tecnológico que deles nos separam. Precisamos, sim, de algo mais, porém para ontem, se quisermos evitar a luta pelas amazônias verde e azul. Permita-me agora descer ainda mais o escalão. Raciocinemos a problemática no nível “minhoca”: árabes e israelenses. Como poderia sobreviver o diminuto Israel em meio a uma horda de “tuaregues” ululantes, volteando suas adagas ao redor de suas fronteiras, sem o seu quinhãozinho de ogivas? Não espere mais Senhora Dilma Roussef, assuma agora a postura de quem realmente veio para modificar o “status quo” das desigualdades mundiais. (*) Paulo Ricardo da Rocha Paiva é coronel de lnfantaria e integra o Estado-Maior do Exército. |
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