Por Jarbas Willemes.
•Estou velho...
Não gosto dos sem terra. Dizem que isto é ser reacionário, mas não gosto de vê-los invadindo fazendas, parando estradas, ocupando linhas de trens, quebrando repartições públicas, tentando parar o lento progresso do Brasil. Estou velho... Não acredito em cotas para negros e índios. Dizem que sou racista. Mas para mim racista é quem julga negros e índios incapazes de competir com os brancos em pé de igualdade. Eu acho que a cor da pele não pode servir de pretexto para discriminar, mas também não devia ser fonte para privilégios imerecidos provocando cenas ridículas de brancos querendo se passar por negros. Estou velho... Não sei se embrião tem vida ou não. Mas mesmo que tivesse, não teria o menor remorso em sacrificar vários (que certamente serão jogados no lixo) para salvar ou melhorar uma única vida de um jovem, de um preto, de um índio e até mesmo de um velho. Estou muito velho... Não quero ouvir mais notícias de pessoas morrendo de dengue. Tampo os ouvidos e fecho os olhos mas continuo a ouvir e ver. Não quero saber de crianças sendo arrastadas em carros por bandidos, ou de uma menininha jogada pela janela em plena flor da idade. Ou de meninos esquartejados pelos pais por serem ‘levados’… Meu coração não tem mais força para sentir emoções. Estou mais velho que o Oscar Niemeyer... Ele ainda acredita em comunismo, coisa que deixou de existir. Eu não acredito em nada. Estou cansado de quererem me culpar por não ser pobre, por ter casa, carros, e outros bens todos adquiridos com honestidade, por ser amado por minha mulher e filhos. Nada mais me comove… Estou bem envelhecido... E acabo de cometer mais um erro! Ainda sou capaz de me comover e emocionar. Na cidade de Joinville houve um concurso de redação na rede municipal de ensino. O título recomendado pela professora foi: ‘Dai pão a quem tem fome’. Incrível, mas o primeiro lugar foi conquistado por uma menina de apenas 14 anos de idade. E ela se inspirou exatamente na letra de nosso Hino Nacional para redigir um texto, que demonstra que os brasileiros verde amarelos precisam perceber o verdadeiro sentido de patriotismo. Leiam o que escreveu essa jovem. É uma demonstração pura de amor à Pátria e uma lição a tantos brasileiros que já não sabem mais o que é este sentimento cívico. O patriotismo dessa jovem de Joinville usando a letra do hino nacional para mostrar o seu amor pelo Brasil me comoveu.
“Certa noite, ao entrar em minha sala de aula, vi num mapa-mundi, o nosso Brasil chorar: ‘O que houve, meu Brasil brasileiro?’ Perguntei-lhe! E ele, espreguiçando-se em seu berço esplêndido, esparramado e verdejante sobre a América do Sul, respondeu chorando, com suas lágrimas amazônicas: ‘Estou sofrendo. Vejam o que estão fazendo comigo… Antes, os meus bosques tinham mais flores e meus seios mais amores. Meu povo era heróico e os seus brados retumbantes. O sol da liberdade era mais fúlgido e brilhava no céu a todo instante. Onde anda a liberdade, onde estão os braços fortes? Eu era a Pátria amada, idolatrada. Havia paz no futuro e glórias no passado. Nenhum filho meu fugia à luta. Eu era a terra adorada e dos filhos deste solo era a mãe gentil. Eu era gigante pela própria natureza, que hoje devastam e queimam, sem nenhum homem de coragem que às margens plácidas de algum riachinho, tenha a coragem de gritar mais alto para libertar-me desses novos tiranos que ousam roubar o verde louro de minha flâmula.’ Eu, não suportando as chorosas queixas do Brasil, fui para o jardim. Era noite e pude ver a imagem do Cruzeiro que resplandece no lábaro que o nosso país ostenta estrelado. Pensei… ‘Conseguiremos salvar esse país sem braços fortes?’ Pensei mais… ‘Quem nos devolverá a grandeza que a Pátria nos traz?’ Voltei à sala, mas encontrei o mapa silencioso e mudo, como uma criança dormindo em seu berço esplêndido.”
Obrigado Inalva Noemi Santana
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