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quinta-feira, 27 de maio de 2010

PATRIOTISMO DE BOLA NO PÉ

Ester Jaqueline Azoubel

O Brasil se veste de verde e amarelo. Acordou, finalmente, o patriotismo, o sentimento de brasilidade, tão esquecido e abandonado, até mesmo vilipendiado, durante quatro anos.

Mas é chagada a copa do mundo. Agora, sim, o sentimento de amor à camisa aparece. As pessoas se vestem de verde e amarelo. Os carros e as janelas exibem orgulhosamente a nossa bandeira. As lojas engalanadas de bandeirolas e faixas. Manequins exibindo nossas cores nos mais variados modelitos.

Recentemente, em uma enquete em uma comunidade política, encontrei uma pergunta: “Devemos homenagear o hino e a bandeira do Brasil?” Respostas de vários jovens: Claro que não. O hino é só uma musiquinha e a bandeira, só um pedaço de pano.

Mas agora é a copa do mundo. A bandeira tremula orgulhosamente e reabilitada. O hino, ao início de cada jogo, é uma vibração nacional. O Brasil se lembra que é brasileiro. O orgulho nacional desperta sublime e eufórico. As pernas cabeludas dos chutadores de bola são a esperança da nação.

Estamos nos preparando até para indenizar os ganhadores de taças nos anos do governo militar. Eles muito fizeram por este país (?) e não foram bastante recompensados. Nem ficaram multimilionários.

Mas fizeram mesmo o que? Em que alguma coisa aqui melhorou depois que os chutadores de bola trouxeram a taça para cá? Eles ganharam rios de dinheiro, mas o povão continuou na mesma vidinha.

Passado o tempo, a vidinha foi piorando. A educação nacional está em franco declínio sem esperança de melhora. A saúde quase perfeita não sai da UTI, em estado terminal. Segurança pública? É pé de cobra. Quem tentar ver pode morrer. Para onde se olhar, o serviço público está insatisfatório e super, superfaturado A sociedade brasileira dividida, agora, em castas, perdeu totalmente a compostura. Ética, honra, vergonha na cara são coisas para se ver em museus. Privilégios sendo criados para negros, gays, índios e quilombolas e o braço armado do PT, o MST, em detrimento dos que, aos poucos, estão sendo criminalizados pelo fato de existirem: brancos, héteros, trabalhadores e produtores.

O que é mesmo que esses homens trazem para o Brasil além de suas ricas bagagens, dispensadas de alfândega, e suas contas bancárias cada vez mais polpudas?

Há poucos dias li, aqui na internet, um comentário de um jogador europeu (não lembro a nacionalidade) sobre a supremacia do Brasil no futebol. Ele dizia que, enquanto os meninos brasileiros vivem nas ruas jogando bola, os europeus estão na escola estudando.

Agora, sim, fiquei sabendo o que é que fizeram por nós os chutadores de bola. Mostraram ao mundo inteiro o fracasso de nosso sistema educacional. Grande serviço prestado!

Já notaram, não? Detesto futebol e abomino os chutadores de bola.

Amo demais o meu Brasil para achar que esses moleques fazem algum bem ao país.
Há anos atrás, um noticiário na televisão me despertou um sentimento contra o futebol. O que antes era apenas indiferença tornou-se ojeriza.

Foi o seguinte: Primeiro disse que uma universidade nos Estados Unidos havia desenvolvido uma vacina contra câncer. Só isso. A notícia seguinte foi que a namorada de certo jogador famoso estava grávida. Aí foi o resto do noticiário sobre a gravidez da moça, se iriam casar, quando, onde, etc Várias entrevista com pai, mãe, tios e o escambau. Fiquei a pensar: Qual a Universidade que não disseram? Mas universidade, em si, não faz nada. São os pesquisadores que fazem. Eles têm nomes? Quais os seus nomes? Por que não foram apresentados como heróis se estão trabalhando para salvar vidas? Por que a gravidez de uma mocinha é mais importante do que uma vacina contra o câncer? Aí eu me dei conta de quanto o futebol é pernicioso ao mundo e principalmente ao Brasil.

Em minha casa não se liga televisão para ver ninguém chutar bola, seja qual for a cor da camisa. Mas gostei de uma coisa. Eles foram se despedir do pé frio antes de embarcar.

Recife, 27 de maio de 2010.
Ester Jaqueline Azoubel

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