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quinta-feira, 27 de maio de 2010

Carta do Gen Aureliano Pinto de Moura

INSTITUTO DE GEOGRAFIA E HISTORIA MILITAR DO BRASIL
Praça da República, 197 – Casa Histórica de Deodoro – Centro - Rio de Janeiro, RJ – CEP 20.211-350 - Brasil

Rio de Janeiro, 17 de maio de 2.010


Prezados confrades e amigos

Há pouco tempo li no jornal O Globo que o Presidente da República está com a intenção de devolver ao Paraguai, o canhão Cristiano trazido para o Brasil, ao término da Guerra da Tríplice Aliança. No seu entender, um gesto de amabilidade para com o país vizinho. Em conseqüência escrevi duas cartas àquele jornal sem resultado algum As cartas nem se quer foram publicadas.

Tomei conhecimento pela imprensa que a Diretora do Museu Nacional, onde se encontra o canhão, protestou, em uma entrevista. Soube também que o presidente do IHGB, Prof. Arno havia se manifestado contrário a devolução.

Segundo consta, o Ministério da cultura já teria R$6.000.000 destinados a custear a entrega do referido troféus de guerra.

Em reunião do Conselho Deliberativo, do Clube Militar, em 4 de maio p.p. solicitei ao Gen Braga que apresentasse uma sugestão ao Gen Figueiredo, que como Presidente se manifestasse, publicamente, sobre essa absurda intenção do Sr. Lula. Uma vez que um pronunciamento do Presidente do Clube Militar teria um peso muito maior do que o do IGHMB.

Na reunião, do dia 11 de maio último, perguntei ao Gen Braga, Presidente do Conselho, se havia alguma resposta por parte do Gen Figueiredo. Não havia resposta. Nesse momento, vários conselheiros se manifestaram favorável a uma tomada de posição. O Clube Militar teria que se manifestar.

Como resposta, o Gen Figueiredo, alegando ter amigos no Paraguai e que colocava a Revista do Clube a minha disposição para um artigo a respeito. Amigos lá também os tenho.

A situação é critica. O Brasil já perdoou a indenização de guerra e já devolveu um sabre. Já se construiu a Ponte da Amizade e foi dada permissão para o uso do Porto de Paranaguá, pelo Paraguai. Amanhã vão querer um pedaço de Mato Grosso do Sul ou a Hidroelétrica de Itaipu.

Nada tenho contra o povo paraguaio, pelo contrário. Lá vivi 2 anos e 3 meses como membro da MMBIP, onde deixei amigos. Vejo com bons olhos qualquer ajuda que se possa dar ao Paraguai. Mas não podemos entregar um troféu de guerra que custou o sangue de muitos brasileiros. Acima dos meus amigos paraguaios, acima da República do Paraguai, está o nosso Brasil, o nosso Exército.

Hoje corremos o risco de vermos os troféus da FEB serem devolvidos à Alemanha. O Sr. Lula é apenas o atual Presidente do Brasil. Não é o dono. Hoje vai o canhão, amanhã a estátua do Gen Osório (de bronze dos canhões paraguaios) ou quem sabe El Guairá (região das Missões no oeste do Paraná).

O Clube Militar, a Casa da República de onde o Mal Deodoro da Fonseca soube defender os interesses Nacionais e Militares. Dentre os troféus de guerra que o Paraguai mantém, em “Vapor Cuê” está um navio brasileiro (Taquari). Poderiamos pedir que nos devolvam.

Devolvido esse canhão o que poderemos dizer, mesmo que seja em pensamento, àqueles que deram o seu sangue pelo País e que lá deixaram os seus corpos inertes. Que lá cumpriram o seu dever de soldado.

O Clube Militar tem que tomar uma atitude pública. Tem que protestar contra essa indignidade. Não vou escrever nada para Revista do Clube Militar. Como Presidente do IGHMB, se não houver uma manifestação, que nos lembre Deodoro da Fonseca, vou procurar outra via de acesso, em nome do nosso Instituto e dos militares que por certo me apoiaram nesta empreitada.

Aos prezados confrades e aos nossos amigos clamo pelos seus apoios. Seja no Clube Militar, seja no IGHMB, ou mesmo com a sua ajuda pessoal.

Estou contando com vocês.

Gen Aureliano Pinto de Moura
Presidente do IGHMB

Um comentário:

Anônimo disse...

Parabéns pela postagem, há muito tempo não tinha notícias de General Aureliano, e fiquei emocionada...homem estudioso, inteligente, brasileiro, digno, sempre atento à nossa história. Gostaria, inclusive de ler seu livro: Contestado a Guerra Cabocla.
Enfermeira especialista, servidora pública aposentada, Brasília.