19/11/2014
às 5:33O atentado terrorista em Jerusalém e a má consciência que gosta de se solidarizar com cadáveres de judeus, mas que condena Israel quando o país reage a um ataque
Quatro rabinos e um policial foram assassinados por dois palestinos na sinagoga Kehilat Bnei Torah, no bairro ultraortodoxo de Har Nof, na parte oeste de Jerusalém. Eles faziam suas orações quando os primos Ghassan e Uday Abu Jamal invadiram o templo e mataram os cinco, ferindo outras sete pessoas. A dupla estava armada com uma pistola, facas e machadinhas. Mushir al-Masri, porta-voz do Hamas, classificou o atentado de “ato heroico”, emendando: “Nós temos todo o direito de nos vingar do sangue derramado por nossos mártires de todas as formas possíveis”.
Os religiosos mortos são Aryeh Kupinsky, Kalman Ze’ev Levine e Moshe Twersky, os três com cidadania também americana, e o israelo-britânico Avraham Shmuel Goldberg. Antes do ataque, eles gritaram o mantra do terror para horas assim: “Allahu akbar” (Deus é o maior, em árabe). O mundo repudiou o ataque, claro! Mas fiquemos atentos! Esse repúdio costuma existir até que Israel responda ao terror. Tão logo o faça, começa a gritaria contra o país.
O terrorismo palestino tenta uma espécie de “intifada branca”, não declarada. O objetivo parece ser espalhar o medo entre cidadãos comuns, de sorte que os israelenses nunca saibam de onde pode vir o perigo: de um ataque como o desta terça, de um atropelamento, de uma agressão imotivada em espaços públicos.
É preciso que a gente preste atenção à natureza do atentado: foi realizado na parte judaica de Jerusalém, que não está submetida a nenhuma forma de contestação. Não que um ato bárbaro dessa natureza se justificasse em qualquer outro lugar. É claro que não! Realizado onde se deu, no entanto, revela a natureza da causa.
A Frente Popular para a Libertação da Pelestina, grupo que o organizou, não contesta a presença de judeus na Cisjordânia ou reivindica o Estado palestino. Nada disso! Os terroristas querem o fim de Israel. Aquelas pessoas morreram porque eram quem eram: judeus.
O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, prometeu revidar o ataque. De imediato, mandou demolir a casa em que moravam os terroristas, no bairro de Jabbar Mukabir, em Jerusalém Oriental, a 12 km da sinagoga, e prendeu 13 parentes da dupla. Netanyahu acusou o Hamas e o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, de incitar à violência. Barack Obama, sem ter o que dizer, disse nada: pediu que os dois lados sentem para conversar.
O que eu tenho a dizer? O óbvio: o Hamas e extremistas menores forçam uma outra intifada, nos moldes conhecidos, para chamar Israel para uma ação militar mais efetiva. Os celerados precisam de sangue para existir. O mesmo sangue celebrado pelo porta-voz do Hamas. Abbas, que celebrou um acordo com o grupo terrorista, assiste inerme à escalada da violência. E, tem razão Netanyahu, a incita com palavras ambíguas.
Se alguém acha que Israel vai deixar o ataque barato, é porque não conhece a natureza de um estado cercado por inimigos de todos os lados. Não vai. E, aí sim, a solidariedade de agora logo se transforma na condenação quase unânime aos israelenses. Por alguma razão secreta, ou nem tanto, há quem ache que judeus ficam bem no papel de cadáveres, enterrados por notas de solidariedade. Mas basta que Israel se defenda para que a vítima se transforme em algoz.
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